Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 293 – 2025
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Tecnologia e gestão fazem sustentabilidade do setor de papel e celulose |
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A indústria de papel e celulose anunciou investimentos de R$ 105 bilhões até 2028, destinados à expansão da capacidade produtiva e melhorias na infraestrutura logística. Globalmente, esse mercado é avaliado em aproximadamente US$ 356 bilhões, com projeções de crescimento para US$ 1.245,38 bilhões até 2032, o que indica uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 1,8% entre 2024 e 2032 – segundo dados da businessresearchinsights. Além disso, a indústria de base florestal no Brasil anunciou investimentos de mais de R$ 67 bilhões até 2028, destinados principalmente a projetos de papel e celulose.
Embora não forneça projeções numéricas específicas para o mercado de papel e celulose até 2030, a McKinsey destaca a crescente demanda por soluções sustentáveis de embalagens, impulsionada pela conscientização ambiental dos consumidores. A empresa também enfatiza a importância da inovação tecnológica, como o uso de drones, automação remota e análise de dados com inteligência artificial, que podem reduzir custos em até 15% e melhorar a eficiência geral dos equipamentos em até 5 pontos percentuais. |
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Nesse contexto, a ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel promoveu, em agosto de 2024, a 12ª semana de celulose e Papel de Três Lagoas com o tema a tecnologia como catalisadora de resultados sustentáveis do setor de base florestal. O lugar é representativo já que Três Lagoas é o maior produtor global de celulose – a cidade produz 5 milhões de toneladas por ano. |
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Ana Beatriz da Paixão Ribeiro, gerente de qualidade da Suzano Três Lagoas, destacou que a tecnologia tem papel crucial na forma em que indústria opera e que, ao olhar a produção de celulose, pode-se entender que a otimização dos recursos será vital para a continuidade dos negócios. |
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Anderson Luiz Inacio da Silva, especialista em sustentabilidade da Eldorado Brasil Celulose, concordou: a sustentabilidade é intrínseca à sobrevivência de qualquer atividade industrial e as tecnologias atuam como ferramentas fundamentais para que se atinjam metas – de sustentabilidade e produção -, alinhando isso tudo às práticas ESG.
O encontro técnico reforçou a necessidade de investir em mão de obra já que as linhas de produção estão cada vez mais automatizadas, com instrumentos cada vez mais inteligentes. A visão unânime é de que o setor busca aumentar a eficiência e prolongas a vida útil dos ativos. E essa postura deve ser permanente, não apenas na parte industrial do setor, mas também do lado florestal, com aplicação de novos olhares utilizando a digitalização e as inteligências artificiais para atender a demanda cada vez maior de fibra, que fez com que as campanhas das plantas de anuais passassem para 18 e 15 meses.
“A área de IA deixou de ser suporte para ser parte estratégica tanto das fabricantes de celulose quanto de fornecedores de insumos”, frisou Danyella Perissotto, especialista em celulose da Solenis. |
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Uma tendência do setor que também depende de muita tecnologia é o conceito de biorrefinarias integradas às plantas de celulose e papel – mas é algo que deve acontecer nos próximos anos.
Mas há desafios que não dependem apenas de tecnologia, como o controle de odor das plantas – influenciado por condições climáticas e mesmo a percepção das comunidades do entorno. As frentes de trabalho são muitas e incluem metas de zerar o envio de resíduos dos processos das fábricas para aterros industriais: o princípio dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) ganha relevância aqui. Reduzir inclui diminuir as perdas de matérias-primas e insumos; a reutilização passa pela conversão de resíduos em subprodutos e a reciclagem implica diminuir o uso de recursos naturais. Tarcísio Matos, coordenador de meio ambiente da Veracell, foi cirúrgico: |
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“O principal desafio da gestão de resídu- os é diversificar as alternativas de reci- clagem para cada resíduo com pesquisas e digitalização do controle da gestão em tempo real”. |
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Francisco Mattiazzo, especialista de processo de energia e biomassa da Eldorado, ressaltou a relação que o setor tem com a energia: |
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“Ao focar na eficiência energética, a in- dústria não apenas atende as expecta- tivas de hoje, mas também se posiciona de maneira proativa para o futuro.” |
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Raquel Goulart, especialista em tecnologia de automação da Klabin, destacou como as tecnologias da Indústria 4.0 conectam, aquisitam, armazenam e tratam dados gerando informações para tomada de decisões táticas e estratégicas. |
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O representante da Valmet, Gabriel Silva, corroborou essa visão ao demonstrar como as novas tecnologias e o suporte remoto têm produzido melhores performances, mas que conectividade é um tema sensível que demanda garantia de que novos sistemas se integrem bem aos sistemas legados, de maneira robusta e segura. |
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“A equipe dedicada às linhas e equipamentos ganha então importância porque a automação e estratégia envolvem toda a empresa” disse Adriano do Carmo, coordenador de manutenção automotiva da Bracell, que possui a fábrica mais verde e moderna do mundo em Lençóis Paulista (SP), que está ancorada na filosofia de que tudo que se faz deve ser bom para o país, o clima, as comunidades e os clientes. |
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Flavio H. Mine, Coordenador da Comissão Técnica de Transformação Digital da ABTCP e Especialista - Engenharia da Confiabilidade na Cenibra - Celulose Nipo Brasileira, destaca que os conceitos e tecnologias da Indústria 5.0 têm um papel essencial na modernização da indústria de papel e celulose, proporcionando aumento de produtividade, redução de custos e mitigação de impactos ambientais. Dentre as principais tecnologias aplicadas temos: |
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• IIoT (Internet Industrial das Coisas) e Sensoriamento inteligente: Sensores conectados monitoram variáveis críticas como umidade, temperatura, pH, consumo energético e nível de poluentes em tempo real e permitem detecção antecipada de falhas em equipamentos, evitando paradas não planejadas;
• Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML): Modelos preditivos de IA e Algoritmos de ML analisam grandes volumes de dados utilizados para: otimizar consumo de matéria-prima e energia, auxiliando nos ajustes de parâmetros operacionais; prever o desempenho de equipamentos e reduzir desperdícios no processo de produção; otimizar operações florestais; otimizar rotas e reduzir consumo de combustível, aumentando a eficiência nas operações logísticas florestais;
• Automação e Robótica: Robôs colaborativos auxiliam na manutenção preditiva e inspeção de equipamentos; sistemas robotizados separam e processam resíduos de papel e celulose, aumentando a eficiência da reciclagem;
• Digital Twins (Gêmeos Digitais): Modelos virtuais da planta industrial simulam processos produtivos para testar melhorias e prever impactos antes da implementação e permitem tomada de decisões baseada em dados, reduzindo desperdícios e otimizando a produtividade; modelos virtuais simulam cenários de crescimento florestal considerando clima, solo e manejo, otimizando o tempo de colheita e produtividade. |
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A primeira pesquisa UNICAMP / ABTCP sobre a Transformação Digital nas Indústrias Brasileiras de Celulose e Papel (C&P), de 2019, buscou avaliar o nível de automação nesse setor, assim como diagnosticar o entendimento e ações dessas indústrias para a Transformação Digital (4.ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0) - definida inicialmente como a integração da digitalização à atividade industrial e tal integração depende das tecnologias habilitadoras, ou seja, a Inteligência Artificial depende de Big Data que por sua vez depende da Computação em Nuvem e que obrigatoriamente utilizará a Segurança Cibernética. Logo, a Transformação Digital será realidade a partir da efetiva integração das tecnologias habilitadoras. |
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“É fundamental perceber que a integração entre sustentabilidade e tecnologia está re- volucionando a in- dústria de papel e celulose no Brasil. O uso de TICs, auto- mação, IA, Machine Learning e IoT tem proporcionado ga- nhos expressivos em eficiência, re- dução de impactos ambientais e maior competitividade no mercado global. A adoção dessas so- luções é estratégica para garantir uma produção mais lim- pa, segura e ren- tável, tornando a indústria cada vez mais alinhada às exigências do futuro”, afirma Mine. |
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Os autores* definiram tecnologias habilitadoras como apresentadas por Schwab (2016): são impulsionadores tecnológicos da 4.ª Revolução Industrial, com destaque para Robótica Avançada, Internet das Coisas ou Internet of Things – IoT, Big Data, Segurança Cibernética, Inteligência Artificial e Realidade Aumentada. E lembram que a CNI apresenta as principais tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, como sendo IoT, Big Data, Impressão 3D, Computação em Nuvem, Sensores e Atuadores, Novos Materiais, Sistemas de Simulação, Sistemas de Conexão Máquina-Máquina, Infraestrutura de Comunicação, Manufatura Híbrida, Robótica Avançada e Inteligência Artificial (CNI, 2017).
A indústria de celulose e papel está preparada para inovação e adaptação contínuas, sempre atenta às práticas sustentáveis e avanços tecnológicos para atender às demandas do mercado de maneira sustentável.
E o desenvolvimento natural do setor é que ele amplie iniciativas de reciclagem, aumente o número de bioprodutos e incorpore cada vez mais tecnologias digitais em suas operações.
Este ano de 2025 não deve ver a adição de novos projetos que aumentem a capacidade de produção de celulose de fibra curta ou longa pois as novas plantas de 2024 precisam alcançar níveis estáveis de produção. No ano passado o setor registrou um aumento nas paradas não programadas, e 2025 começou com várias paradas programadas. Paradas de manutenção são normais, mas o impacto delas pode gerar aperto no mercado. |
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* Alessandro Rodrigues Frias 1,2, Flávio Vasconcelos da Silva 1, André Luiz Kakehasi 2 1 Faculdade de Engenharia Química - UNICAMP. Brasil 2 Comissão Técnica de Automação e TI - ABTCP. Brasil |
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A transição para a sustentabilidade se faz com tecnologias que encaminham o complexo dia a dia da indústria |
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“Hoje oferecemos diversas soluções com viés de sustentabilidade para o setor de papel e celulose, visando otimizar processos, reduzir o consumo de energia e minimizar o impacto ambiental”, conta Cassius Magdo De Barros, Gerente de Aplicação de Solução (Instrumentação, Analítica, Sistemas, Netsol) RPO Negócios Disruptivos da Yokogawa America Do Sul. |
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Através de sistemas de controle avançados e softwares de otimização, algoritmos avançados de controle de produção, a Yokogawa permite o monitoramento e controle preciso de variáveis críticas do processo, como temperatura, pressão e vazão. Isso garante a operação eficiente da fábrica, reduzindo o consumo de energia, água e matérias-primas. Medir bem, sensores que entregam longevidade operacional e dados que permitem otimizar a cadeia de produção.
As soluções de gerenciamento de energia EMS no AHI da Yokogawa auxiliam na identificação de oportunidades para reduzir o consumo de energia, otimizar o uso de recursos e implementar práticas de conservação. Isso inclui o monitoramento do consumo de energia em tempo real, análise de dados e relatórios para identificar áreas de melhoria.
A Yokogawa oferece também soluções para tratamento de água, incluindo sistemas de monitoramento e controle de qualidade da água, otimização do uso de produtos químicos e gerenciamento de efluentes. Isso ajuda a reduzir o consumo de água, minimizar o impacto ambiental e garantir o cumprimento das regulamentações. A Yokogawa/KBC / AHI oferece serviços de consultoria para auxiliar as empresas do setor de papel e celulose a identificar oportunidades de melhoria em seus processos, implementar práticas de sustentabilidade e otimizar o uso de recursos.
“Oferecemos ainda soluções para otimizar a cadeia de suprimentos, desde o planejamento e programação da produção até o gerenciamento de estoque e logística. Isso permite reduzir o desperdício de materiais, otimizar o uso de recursos e minimizar o impacto ambiental. Nossas soluções possuem um forte compromisso com a sustentabilidade e investe em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que contribuam para a redução do impacto ambiental e para a construção de um futuro mais sustentável. Publicamos relatórios de sustentabilidade anuais que detalham nossas iniciativas e progressos nessa área, evidenciando nosso compromisso com negócios sustentáveis”. |
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Biosustentação que vale ouro |
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A Cenibra conquistou a avaliação de nível Ouro da EcoVadis - única forne- cedora mundial de classificações de sustentabilidade corporativa; ficou dentro dos 5% das empresas mais bem avaliadas entre as mais de 100 mil organizações analisadas no mun- do. A Cenibra tem adotado uma série de práticas sustentáveis para enfren- tar os desafios mencionados, alinha- das com os princípios ESG (ambien- tal, social e governança). |
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“Possuímos uma unidade organizacional dedicada a acompanhar as tendências de mercado em todas as temáticas de sustentabilidade, conforme o seu plano estratégico de sustentabilidade, o programa BioSustentação. Este programa estabelece estratégias robustas, focando nos temas materiais relevantes para o negócio da Cenibra e vinculandoos a compromissos e metas de curto, médio e longo prazo”, conta D´Lano Figueiredo Teixeira Sathler, Especialista na Assessoria de Sustentabilidade da Cenibra. |
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No que tange a práticas e desafios de sustentabilidade, a unidade atua de maneira interdisciplinar com outras áreas da organização, garantindo que questões relacionadas ao ambiental, social, governança, além dos aspectos econômicos e de inovação, sejam abordadas de maneira integrada. Através de um Comitê de Sustentabilidade, que inclui diferentes lideranças e representantes da alta direção, são avaliados esses temas críticos, o que assegura que as decisões estratégicas sejam tomadas com base em informações robustas e análises abrangentes.
Este processo envolve a constante avaliação das melhores práticas no mercado e a adoção de inovações que permitam à Cenibra mitigar riscos e maximizar oportunidades no contexto de um setor cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade. Com base nessas recomendações, são encaminhadas à alta direção as melhores opções para tomada de decisão, assegurando que a estratégia de longo prazo da Cenibra esteja sempre alinhada às demandas regulatórias e às expectativas de seus stakeholders. |
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O BioSustentação, assim, é o pilar fundamental que garante à Cenibra uma posição de liderança no setor, tornando-se um exemplo em práticas sustentáveis e inovação no uso responsável dos recursos naturais, tudo enquanto se mantém atenta às exigências globais e às transformações do mercado.
“A Cenibra estabeleceu diversas metas ambientais como parte de seu compromisso com a sustentabilidade e o ESG. Essas metas fazem parte do programa BioSustentação, que possui uma ambiciosa agenda de 51 metas estratégicas, organizadas para serem alcançadas em três horizontes temporais: curto (2024), médio (2029) e longo prazo (2033). Estruturado em cinco pilares — Meio Ambiente, Social, Governança, Econômico e Inovação — o plano reflete o compromisso da companhia com uma atuação sustentável, resiliente e alinhada às melhores práticas globais de ESG”, afirma D´Lano.
No eixo ambiental, destacam-se 15 compromissos específicos, distribuídos em áreas críticas para a sustentabilidade dos negócios e a preservação dos recursos naturais, sendo representado pelos temas Água, solo e efluentes; Biodiversidade e ecossistemas; Qualidade do Ar e mudanças climáticas; Eficiência Energética e Resíduos.
D´Lano conta que a Cenibra estabelece um plano geral para suas práticas ambientais, mas com uma estrutura de governança que envolve a distribuição de responsabilidades entre as diferentes áreas de negócio. A governança do programa BioSustentação é estruturada de forma que as áreas-chave da empresa, designadas como embaixadoras, assumem o compromisso com os temas ambientais e de sustentabilidade. Cada área embaixadora tem a responsabilidade de gerenciar e implementar as metas ambientais definidas no programa, alinhadas com os objetivos estratégicos de sustentabilidade da empresa. Essas áreas são, então, responsáveis por compartilhar suas práticas e compromissos com as áreas adjacentes, garantindo uma abordagem integrada e colaborativa na execução dos compromissos ambientais. |
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Esse modelo de governança permite que a Cenibra trate a sustentabilidade de maneira holística, enquanto também respeita as especificidades e necessidades de cada divisão de negócio. Assim, cada área tem a autonomia para aplicar práticas que atendam às suas particularidades, mas sempre dentro dos princípios e metas globais estabelecidos pelo BioSustentação, promovendo um alinhamento estratégico e a cooperação entre todas as partes envolvidas.
A Cenibra possui várias certificações ambientais: |
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• Sistema de Gestão Ambiental: ISO 14001:2015
• Manejo Florestal FSC® - Forest Stewardship Council®
• Manejo Florestal PEFC Brasil - Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC)
• Cadeia de Custódia FSC® - Forest Stewardship Council®
• Cadeia de Custódia PEFC Brasil - Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC)
• Certificação LIFE - Negócios e Biodiversidade ( A CENIBRA em 2024 se tornou a primeira empresa do setor florestal no mundo a conquistar a certificação)
• Selo Ecolabel – Selo ecológico que certifica o produto |
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A empresa ainda não possui o I-REC (International Renewable Energy Certificate), no entanto, adota uma gestão energética altamente eficaz em sua cadeia produtiva, o que compensa essa ausência. A matriz energética da Cenibra é fortemente baseada em fontes renováveis, especialmente por meio do uso de biomassa, que desempenha um papel central em seu processo produtivo. |
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A empresa adota o modelo kraft em um sistema de circuito fechado, que permite produzir 94% da energia que consome, grande parte derivada da biomassa resultante do processamento de eucalipto. Esse modelo se alinha à busca por eficiência energética, uma vez que não só reduz a dependência de fontes externas, como também maximiza o aproveitamento de recursos renováveis e reduz a geração de resíduos. Essa abordagem está diretamente conectada à filosofia de sustentabilidade da empresa e às suas metas ambientais. A adoção de uma matriz energética predominantemente renovável ajuda a Cenibra a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a minimizar seu impacto ambiental, pois ao gerar sua própria energia de forma limpa e eficiente, a empresa demonstra um forte compromisso com práticas que promovem a sustentabilidade e a resiliência ambiental. |
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A Cenibra internalizou que também o sucesso nas metas de sustentabilidade dependem de toda a cadeia de valor e tem impacto direto nas certificações e metas da empresa, uma vez que a sustentabilidade depende de práticas consistentes em todos os elos, tanto internamente quanto com fornecedores e clientes. |
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Um dos mecanismos de monitoramento utilizado pela Cenibra é o acompanhamento dos parceiros por meio da pontuação EcoVadis, uma plataforma global que avalia o desempenho de sustentabilidade de empresas e suas cadeias de valor. A EcoVadis gera pontuações baseadas em diversos critérios de sustentabilidade, conformidade ESG e gestão de riscos, o que permite à Cenibra avaliar e controlar a performance de seus fornecedores e parceiros quanto às práticas ambientais, sociais e de governança.
Além disso, a Cenibra promove a engajamento contínuo com seus stakeholders para garantir que os parceiros e fornecedores estejam alinhados às suas metas de sustentabilidade. Isso inclui a exigência de certificações ambientais específicas, o cumprimento de normas globais e a implementação de treinamentos e capacitações voltados para melhores práticas ESG.
Entre os parceiros, a Cenibra destaca aqueles que têm forte compromisso com práticas sustentáveis e que agregam valor à cadeia, mantendo conformidade com padrões internacionais de gestão de recursos naturais e práticas ambientais. Ao fomentar essa governança colaborativa, a empresa consegue controlar de maneira eficiente o que está “fora de seus portões” e assegurar que toda a cadeia de fornecimento contribua para o alcance das metas globais de sustentabilidade.
E isso inclui inserir seus negócios no conceito de economia circular por meio de uma gestão estratégica que visa maximizar o uso eficiente dos recursos, minimizar a geração de resíduos e buscar soluções inovadoras para o reaproveitamento de materiais em todo o seu processo produtivo.
No âmbito da economia circular, a Cenibra adota práticas que vão desde o uso de matérias-primas renováveis (como o eucalipto de florestas plantadas) até o aproveitamento dos subprodutos do processo de produção de celulose. A empresa promove o reaproveitamento de resíduos industriais, convertendo-os em insumos para outros processos ou setores. Um exemplo é o uso da biomassa resultante da fabricação de celulose para a geração de energia, o que não só reduz o desperdício como também contribui para a sustentabilidade energética da empresa. |
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Além disso, a Cenibra tem compromissos claros com seu acionista por meio do programa Zero Emission, que busca garantir que os resíduos gerados sejam destinados às melhores práticas ambientais, com o objetivo de reduzir ao máximo o envio de resíduos para aterros. Isso inclui ações para aumentar a reciclagem, reutilização de materiais e a recuperação de energia a partir de resíduos que não podem ser reciclados.
Essas ações estão alinhadas às metas ambientais da Cenibra, reforçando seu compromisso com uma atuação sustentável e com a criação de valor a partir da economia circular. Ao integrar esses princípios em suas operações, a empresa contribui para a preservação dos recursos naturais, a redução de emissões e o desenvolvimento de um modelo de negócio mais resiliente e responsável.
Felipe Guerra Carneiro, Especialista no Departamento de Planejamento, Controle e Pesquisa Florestal da Cenibra lembra que uma fábrica de celulose, como a Cenibra, precisa garantir um fornecimento sustentável de madeira anos antes de sua construção, uma vez que o ciclo produtivo das árvores, como o eucalipto, envolve anos de crescimento. Para manter um ponto ótimo desse fornecimento, a Cenibra adota uma governança robusta de planejamento florestal, integrando diversas práticas e estratégias de longo prazo que garantem a disponibilidade contínua de matéria-prima sem comprometer o meio ambiente.
A empresa utiliza técnicas de melhoramento genético para desenvolver mudas de eucalipto mais resistentes e produtivas, otimizando o rendimento florestal. Além disso, realiza um acompanhamento rigoroso da gestão florestal com inventários periódicos, que monitoram o crescimento das árvores, a saúde das florestas e a disponibilidade de madeira. A sequência de corte e o manejo florestal sustentável são planejados de forma a equilibrar o uso dos recursos naturais, garantindo que as áreas plantadas estejam sempre sendo renovadas e preservadas. |
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Para complementar essas ações, a Cenibra conta com um centro de pesquisa florestal que monitora tendências e inovações no setor, elaborando recomendações técnicas para otimizar as operações florestais. Esse centro trabalha em conjunto com os viveiros, que produzem mudas de alta qualidade, usadas tanto nas plantações próprias quanto no programa de fomento florestal, que incentiva produtores locais a também cultivarem eucalipto para abastecer a cadeia de produção de celulose. |
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Embora o eucalipto seja a principal matéria-prima para a produção de celulose de fibra curta, a substituição por outras matérias- -primas ainda enfrenta desafios. Materiais alternativos, como fibras de resíduos agrícolas ou gramíneas (bambu, por exemplo), estão sendo estudados no mundo, mas ainda não oferecem a mesma eficiência e escala que as florestas plantadas de eucalipto. |
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“A Cenibra vem incorporando TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), automação, Inteligência Artificial (IA), machine learning e robôs como parte fundamental de sua estratégia de inovação e sustentabilidade. Através de sua unidade organizacional dedicada ao acompanhamento das tendências de mercado, a empresa busca se manter à frente no uso dessas tecnologias para otimizar sua produção, reduzir impactos ambientais e promover uma governança mais eficiente.
No contexto do programa BioSustentação, que orienta o plano estratégico de sustentabilidade da Cenibra, a empresa assumiu o compromisso de investir em inovação digital. Isso envolve a transformação digital de seus processos, desde o planejamento florestal até a gestão de resíduos e o controle de emissões. A automação e a IA desempenham um papel crucial na análise de dados em tempo real, na melhoria da eficiência operacional e na previsão de tendências ambientais e de mercado”, conta Felipe.
Por meio de vários projetos, a Cenibra está fomentando a integração de tecnologias avançadas, como governança de dados, sensores inteligentes e machine learning, para monitorar e otimizar processos ao longo de toda a cadeia de valor. Essas tecnologias permitem, por exemplo, um controle preciso das operações florestais, previsão de desempenho de cultivos, e uma automação robusta na produção industrial, contribuindo diretamente para a eficiência energética e a economia de recursos.
Além disso, o uso de robôs e sistemas automatizados na produção tem sido uma das formas de melhorar a segurança do trabalho e aumentar a produtividade.
Essas tecnologias ajudam a garantir que a empresa mantenha padrões elevados de qualidade e ao mesmo tempo reduza os riscos associados às operações manuais. Essas inovações tecnológicas fortalecem a atuação da Cenibra no contexto de sustentabilidade, promovendo uma gestão inteligente de recursos e o desenvolvimento de soluções que alinham suas metas ambientais com os avanços na indústria 5.0. |
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Como a Bracell tem enfrentado os desafios ambientais
por: Marcio Nappo, diretor de sustentabilidade da Bracell |
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As mudanças climáticas e os desafios ambientais afetam toda a sociedade, exigindo das empresas um papel mais ativo na busca por soluções sustentáveis. No setor industrial, a necessidade de equilibrar produção, conservação ambiental e impacto social é cada vez mais urgente, e ainda há muito a ser feito para garantir um futuro mais sustentável.
Na Bracell, temos consciência desses desafios e buscamos enfrentar essas questões com ações concretas. Uma das iniciativas que adotamos é o Compromisso Um-Para- -Um, que prevê a conservação de um hectare de vegetação nativa para cada hectare de eucalipto plantado. Até o momento, conseguimos alcançar 92% da meta, estabelecida para 2025. Ainda que seja um avanço, sabemos que proteger áreas naturais é apenas uma parte da solução.
Outro ponto crítico é a transição para fontes de energia mais limpas. Nossa unidade em Lençóis Paulista opera sem o uso de combustíveis fósseis, uma medida que reduz emissões e contribui para a eficiência energética. No entanto, desafios como a gestão hídrica e o impacto das operações em diferentes ecossistemas exigem um monitoramento constante e aprimoramento contínuo das práticas. Hoje, 95% da água captada nos processos industriais é devolvida ao meio ambiente com qualidade superior à exigida pela legislação, mas seguimos trabalhando para melhorar a eficiência e reduzir o consumo.
Sabemos que não há respostas prontas para desafios tão complexos. A busca por soluções ambientais precisa ser contínua, transparente e aberta a novas formas de fazer melhor. O compromisso com a sustentabilidade não pode ser apenas um discurso – ele deve se traduzir em mudanças reais e mensuráveis que minimizem impactos e contribuam para um equilíbrio ambiental mais duradouro. |
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Metas ambientais ousadas
Na Bracell, a sustentabilidade não é apenas um pilar estratégico, mas um compromisso profundo e inegociável que orienta cada decisão e cada ação que tomamos. Acreditamos que crescer de forma responsável significa ir além do cumprimento das regulamentações e assumir um papel de liderança na construção de um futuro mais sustentável.
Nosso compromisso se materializa na agenda Bracell 2030, um plano ambicioso e estruturado que estabelece metas ambientais ousadas, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Entre os principais compromissos, destacamos a redução de 75% das emissões de carbono por tonelada de produto até 2030 e a remoção de 25 milhões de toneladas de CO₂ equivalente da atmosfera entre 2020 e 2030. Essas metas não apenas consolidam nossa responsabilidade com a mitigação das mudanças climáticas, mas também refletem nosso compromisso em contribuir ativamente para a descarbonização da economia global. |
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Além disso, buscamos reduzir em 47% o consumo de água por tonelada de celulose produzida, adotando tecnologias inovadoras para otimizar o uso desse recurso essencial. Da mesma forma, estabelecemos a meta de diminuir em 90% o volume de resíduos sólidos industriais enviados para aterros sanitários, reforçando nossa aposta na economia circular como um modelo de produção regenerativo e sustentável.
Mais do que números, essas metas representam a materialização da nossa visão de futuro: um setor de celulose que cresce em sintonia com o meio ambiente, promovendo impacto positivo para as comunidades, preservando os ecossistemas e assegurando que nossa atuação seja um legado de responsabilidade e inovação para as próximas gerações. |
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Agenda Bracell
A sustentabilidade na Bracell não é um conceito isolado, mas sim um princípio estruturante que permeia toda a nossa operação. A agenda Bracell 2030 serve como a espinha dorsal das nossas diretrizes ambientais, garantindo uma abordagem unificada e ambiciosa para o crescimento sustentável. No entanto, compreendemos que cada unidade de produção tem suas particularidades, e é justamente essa visão holística e flexível que nos permite implementar estratégias ambientais adaptadas às realidades específicas de cada operação. Nossa unidade de Lençóis Paulista, em São Paulo, por exemplo, representa um verdadeiro marco de inovação e eficiência sustentável. Sendo a primeira fábrica de celulose das Américas a operar sem combustíveis fósseis, não apenas reduzimos significativamente nossa pegada de carbono, como também exportamos energia renovável para o grid nacional, contribuindo ativamente para a transição energética do Brasil. |
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Nas nossas operações florestais, adotamos o sistema de mosaico florestal, um modelo avançado de manejo sustentável que intercala áreas de cultivo com vegetação nativa. Essa abordagem não apenas promove a biodiversidade e fortalece os ecossistemas locais, mas também reforça nossa responsabilidade em garantir que a produção florestal esteja sempre em equilíbrio com a conservação ambiental. Dessa forma, conseguimos aliar visão global e atuação local, consolidando um modelo de operação sustentável, resiliente e capaz de gerar impacto positivo para as comunidades, para o meio ambiente e para as futuras gerações. |
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Certificações
Na Bracell, as certificações não são apenas reconhecimentos, mas uma materialização do nosso compromisso com a sustentabilidade e as melhores práticas globais. Entre os principais selos que atestam essa responsabilidade, destacamos a ISO 14001:2015, que garante que nossas operações industriais e florestais adotam processos ambientalmente responsáveis. Além disso, nossa madeira é certificada pelo PEFC/Cerflor, assegurando um manejo florestal sustentável, equilibrado entre viabilidade econômica, responsabilidade social e preservação ambiental.
No campo energético, a Bracell ostenta o Selo I-REC (International REC Standard), que comprova que 100% da energia utilizada em nossas operações é proveniente de fontes renováveis. Já o Selo Ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol reforça a transparência e a eficiência da nossa gestão de emissões de gases de efeito estufa.
A Bracell também atende a rigorosos padrões internacionais de qualidade e segurança. A ISO 9001:2015, por exemplo, certifica a excelência na gestão de qualidade, enquanto as certificações Halal e Kosher asseguram que determinados processos produtivos estão em conformidade com requisitos religiosos e culturais específicos. Outras certificações de destaque incluem os selos Nordic Swan e EU Ecolabel, que garantem que nossos produtos atendem a rigorosos critérios ambientais europeus, reforçando nosso compromisso com um ciclo produtivo sustentável e responsável.
Cada uma dessas certificações reflete a nossa busca incessante por inovação e excelência, garantindo que nossas operações estejam sempre alinhadas às melhores práticas ambientais e de gestão, com impacto positivo para nossos clientes, comunidades e para o planeta.
A Bracell recebeu o Selo I-REC em 2023, reforçando nosso compromisso com a energia renovável e a eficiência operacional. Nossa fábrica em Lençóis Paulista opera com 100% de energia renovável, gerada a partir do licor negro, um subproduto da produção de celulose, e ainda exportamos entre 150 MW e 180 MW de eletricidade limpa para o grid nacional.
Essas iniciativas são essenciais para avançarmos nas metas do Bracell 2030, reduzindo significativamente nossas emissões de carbono, fortalecendo a eficiência energética e consolidando um modelo de produção sustentável que contribui para a descarbonização da economia. |
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Bracell e economia circular |
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A economia circular é um dos pilares fundamentais da estratégia de sustentabilidade da Bracell, impulsionando a inovação e a eficiência em todas as etapas da nossa operação. Nosso compromisso é maximizar o reaproveitamento de recursos, minimizar desperdícios e transformar subprodutos industriais em insumos valiosos para o próprio ciclo produtivo. Um dos exemplos mais significativos dessa abordagem é o uso do licor negro para a geração de energia renovável, eliminando a necessidade de combustíveis fósseis e tornando nossa operação 100% autossuficiente em energia limpa. Esse processo não apenas reduz emissões de carbono, mas também reforça a nossa contribuição para uma matriz energética mais sustentável. |
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Além disso, investimos na recuperação de potássio dos efluentes industriais, convertendo-o em fertilizante natural para nossas florestas plantadas. Com isso, garantimos o retorno de nutrientes ao solo, promovendo um manejo florestal mais sustentável e alinhado às práticas da bioeconomia.
Essa visão integrada da economia circular permite que a Bracell vá além da produção responsável, criando um modelo de negócio que gera impacto positivo para o meio ambiente, otimiza recursos e fortalece a resiliência dos ecossistemas onde operamos. |
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Planejamento florestal
A sustentabilidade da produção de celulose exige um planejamento florestal rigoroso e de longo prazo. Na Bracell, esse compromisso se traduz em um modelo de manejo responsável e altamente eficiente, garantindo que o fornecimento de matéria-prima ocorra de forma contínua e sustentável. |
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Nosso diferencial está no sistema de mosaico florestal, que intercala plantações de eucalipto com áreas de vegetação nativa. Esse modelo equilibra produção e conservação, promovendo a biodiversidade, protegendo os solos e garantindo a preservação dos recursos hídricos. Além disso, assegura que a colheita aconteça de maneira planejada, sem comprometer a renovação natural das áreas produtivas.
O eucalipto se destaca como a escolha ideal para a produção de celulose devido ao seu rápido crescimento, alta produtividade e eficiência no uso dos recursos naturais. Seu manejo sustentável nos permite atender às demandas do mercado ao mesmo tempo em que preservamos o meio ambiente e promovemos o desenvolvimento sustentável.
A Bracell segue investindo na inovação e aprimoramento de suas práticas florestais, assegurando que cada etapa da nossa operação esteja alinhada aos mais altos padrões ambientais e produtivos. |
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Tecnologia e inovação |
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A tecnologia é um pilar essencial na estratégia da Bracell, impulsionando eficiência, inovação e sustentabilidade. Investimos continuamente em inteligência artificial, machine learning e automação para otimizar processos e minimizar impactos ambientais.
No manejo florestal, utilizamos drones e sensores multiespectrais para monitorar o crescimento das árvores e a conservação da biodiversidade, garantindo um planejamento mais preciso e sustentável. Na indústria, aplicamos machine learning para prever falhas em equipamentos, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência operacional. Além disso, sistemas de IA otimizam nossa logística, ajudando a reduzir emissões e aprimorar a gestão do transporte de celulose.
Essas iniciativas reforçam nosso compromisso com a inovação e demonstram como a tecnologia é uma aliada essencial para tornar nossas operações cada vez mais sustentáveis e eficientes. |
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