Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 281 – 2023
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O novo caminho das àguas |
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Segundo o SNIS – Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento – de 2021, os investimentos em
água e esgotamento sanitário foram de R$ 17,3 bilhões.
Se a Compesa, empresa de saneamento de Pernambuco,
estimava, no mesmo ano, a necessidade de
cerca de R$ 20 bilhões para alcançar suas metas, até
2033, nota-se a defasagem e/ou o montante de investimento
que deve inundar o mercado de água e esgoto
até lá. Segundo a mesma fonte, 49,5% do total de investimentos
vai para o Sudeste, e a menor parcela (5,2%),
para o Norte.
Segundo o “Estudo sobre
os avanços do novo Marco legal
do saneamento básico no Brasil
– 2023 (SNIS 2021)”, elaborado
pela GO Associados e Trata
Brasil, nos últimos três anos, foi
possível perceber processos licitatórios,
concessões de água e
esgoto, ou PPPs de esgoto, com
a participação do BNDES como
agente estruturador. Os principais
projetos mapeados pelo
estudo da GO preveem investimentos
de quase R$ 68 bilhões,
não considerando o montante
pago a título de outorga em alguns
destes projetos, e outros,
de menor porte, que foram licitados
no período.
“O Brasil já tinha, desde
2007, a lei 11 445 e, em 2020, o
Governo Federal colocou em pauta alterações
que geraram a L14026 – exaustivamente discutida
no Congresso – que foi aprovada com
alguns vetos. Com relação às metas, acredito
que tenham ficado muito parecidas com o
que se tinha na época do Planasa – Plano
Nacional de Saneamento –, de 1971, que
culminou com a criação das companhias estaduais
de saneamento, e que foi extinto em 1986
– com um horizonte um pouco menor. A grande
questão na nova lei eram as mudanças na
forma de contratação dos serviços, mas, em
maio de 2021, o decreto presidencial 10
710 definia claramente como seria a entrega,
até o dia 31/12/21, de toda a documentação
que cada companhia de saneamento
pública deveria apresentar, com estudos de
viabilidade, contratos atualizados, viabilidade
técnica e econômica, plano de negócios e plano
de captação de recursos, enfim, toda a documentação
para se ter um retrato da situação. |
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Isso significa que o Governo federal deu cinco meses
para que as empresas planejassem o que poderiam
fazer – determinando assim sua sobrevivência e futuro.
Os pilares plano de negócios, plano de captação e estudo
de viabilidade, entregues às agências reguladoras,
incluíam adequação à auditoria, que também analisaria
os indicadores econômicos e financeiros dos últimos 4
anos – com certificação de todo o material base. E aí,
as Agências Reguladoras estaduais teriam que, até março
de 2022, analisar e validar tudo. A Compesa – Companhia
Pernambucana de Saneamento – protocolou toda
documentação, e teve seus indicadores aprovados, em
grande medida por que, de 2007 até 2021, a
companhia trabalhou para melhorar a saúde
financeira da Compesa, com diversas ações,
que nos colocariam entre as melhores empresas
de saneamento estaduais, em condições
de atender plenamente ao descrito na
nova Lei, de acordo com o engenheiro Flavio
Coutinho, diretor de eficiência e atenção ao
cliente da Compesa. |
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James Galvani Junior, gerente do Departamento
de Automação e Eficiência Operacional
da Sabesp, lembra que as metas definidas
pela Lei 14.026/2020 (Novo Marco do
Saneamento) estão no artigo 11-B, e valem
para todo país: os contratos de prestação
dos serviços públicos de saneamento básico
deverão definir metas de universalização,
que garantam o atendimento de 99% (noventa
e nove por cento) da população com água potável,
e de 90% (noventa por cento) da população, com
coleta e tratamento de esgotos, até 31 de dezembro de
2033, assim como metas quantitativas de não intermitência
do abastecimento, de redução de perdas e de melhoria dos processos de tratamento. “A capacidade de atingirmos
estas metas, também foi contemplada no Marco, que
exige a comprovação de capacidade econômico-financeiro
das operadoras com contrato em vigor. Estimativas de
consultorias e associações indicam que o montante total
de investimento necessário para universalização no Brasil
poderia chegar a quase R$ 1 trilhão. A Sabesp atualizou
recentemente este número e, para universalizar os municípios
que opera, estima ter de investir R$ 56 bilhões”. |
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Cada estado fez seu plano, baseado em sua realidade,
e o status do foco principal. Alguns estados focaram na
universalização de esgoto, outros de água, mas a Compesa,
principalmente pelo fato de o estado de Pernambuco
estar entre os piores, em disponibilidade de água, focou
aí. A situação hídrica do estado é realmente complicada,
com quantidade de água insuficiente para a demanda, e ainda à espera da finalização das obras do São Francisco
– de onde vem quase a totalidade da água para o interior
de Pernambuco – para se somar às das adutoras. A
natureza da região não permitiu à Compesa focar, senão
na luta para a eliminação do racionamento, com muita
atenção também à redução de perdas, em áreas onde
a quantidade de água é suficiente para abastecimento,
principalmente na região metropolitana.
“Aqui na Compesa, adotamos a postura de solucionar
o problema, ao invés de criticar o que estava escrito
na letra da lei; focamos em nos adequar, e não nos preocuparmos
com pautas políticas. Então, reunimos toda a
documentação para que realmente atendesse o que estava
sendo pedido, de forma clara e técnica. Isso foi fundamental
para conseguirmos criar, em 5 meses, todo um
plano de ação para o curto, médio e longo prazos. A Lei
estipula claramente três fases de investimento, com três
fases de avaliação: a Compesa – e outras companhias de
saneamento – vai ser avaliada de 2021 até 2026, de 2027
a 2030, e de 2031 até 2033”, conta Flavio.
A equipe da Compesa conseguiu fazer o planejamento
técnico-financeiro de uma empresa que tem como acionista
majoritário o Estado – com suas demandas políticas – muito
porque seu norte já estava muito claro: atender às metas
estabelecidas até 2033. Esse processo trouxe segurança para
o mercado, tanto que, mesmo com um planejamento detalhado
e as situações de mercado que aumentaram custos de
energia e produtos químicos, há muito interesse em estabelecer
parcerias com a Compesa que, desde 2013, tem com a
BRK Ambiental uma PPP para universalização do esgoto na
região metropolitana de Recife, que envolve 15 municípios:
serão cerca de R$ 6,7 bilhões, investidos nos 35 anos de
contrato, sendo que R$ 670 milhões já foram destinados,
nos cinco primeiros anos do projeto. |
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O setor de saneamento básico no Brasil – definido
em quatro pilares: abastecimento de água, esgotamento
sanitário, manejo das águas pluviais e resíduos sólidos
– teve, desde seus primórdios, desafios estruturais, devido
aos mais variados fatores, como a ocupação desordenada
das cidades, moradias precárias e déficits no atendimento,
etc. Um dos motivadores do novo Marco do Saneamento
foi o incentivo a investimentos no setor, para
se alcançar a universalização do acesso à água potável e
esgoto, como preconiza o ODS-6, só que com uma data
diferente: as metas estabelecidas no Brasil pelo Marco se
fixam em 2033; o ODS acredita que o mundo precisa
disso até 2030, e coloca o tema como central, por sua
transversalidade.
A Compesa tem várias parcerias sendo estudadas,
com a renovação do contrato de PPI – Programa de Parcerias
de Investimentos – com o BNDES, firmado ainda
no governo Temer, em 2018, e reafirmado agora, com
a governadora Raquel Lyra. O objetivo é a realização de
estudos para acelerar a universalização do acesso da população
pernambucana aos serviços de saneamento até
2033, em linha com o novo marco legal do saneamento
básico. |
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A governadora Raquel Lyra (à direita na foto) pontuou
que não se fala em privatizar a Compesa, mas em
fazer a concessão administrativa da companhia – que por
definição é um contrato celebrado entre a administração
pública e um ente privado, delegando a execução de um
serviço público ao privado, que, em contrapartida, é remunerado
pelos usuários do serviço durante o prazo do
contrato, normalmente de 30 anos, podendo ser renovado
por igual tempo.
Hoje, o saneamento está no radar dos grandes investimentos, ainda que sempre tenha sido o “Patinho Feio”
da infraestrutura; ele viveu até hoje sob um subsídio cruzado,
com as grandes receitas de cidades dando suporte
aos serviços nos municípios menores. Agora, o investidor
privado vai priorizar as áreas onde ele tenha retorno de
investimento mais rápido. Daí a importância dos estudos
e bons contratos. |
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“A infraestrutura de saneamento é base fundamental de uma sociedade saudável, inclusiva e sustentável. Universalizar
este serviço é um desafio maiúsculo para o Brasil, mas os benefícios são ainda maiores. Nesse contexto,
acelerar a transformação digital é essencial, as ferramentas digitais são peças-chave, na inovação e na construção
de transparência, eficiência, qualidade, e na melhoria do serviço como um todo: desde a aplicação da
automação, até soluções que auxiliem as empresas a entenderem melhor os processos e como otimizá-los,
tornando as operações mais eficientes, com menor consumo de energia e com menos perdas. A tecnologia
está aqui para trazer retornos imediatos, e respostas que auxiliem na prevenção de doenças, na escassez de
água, reduzindo custos e gerando oportunidades de novos negócios”.
Pablo Fava, CEO Brasil da Siemens e Lider de impacto e
porta-voz ODS-9 - Indústria, Inovação e Infraestruturas |
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Bons contratos, no caso da Compesa, por exemplo,
precisam atender água e esgoto de todos os 171 municípios,
mais Fernando Noronha. A Compesa tem atendido
às ETAs e ETEs e, recentemente, finalizou dois grandes
projetos de recuperação dos principais rios de Pernambuco
– o Ipojuca (que tem 320 km) e o Rio Capibaribe
(de 240 km) – com empréstimos junto ao governo, BID
e Banco Mundial, para eliminação do lançamento de
afluentes nesses rios, ou seja, houve esgotamento sanitário
de Gravatá, de Caruaru, de Belo Jardim, como também
dos municípios de Santa Cruz de Capibaribe e Surubim.
Os investimentos nessas bacias foram decisivos, porque
Pernambuco é um estado que não possui muita água.
Segundo Flavio, quando se tem uma regularidade
de abastecimento maior, tem-se uma aceitação maior
da população também
– quando se faz esgotamento
sanitário em
municípios que possuem
restrição de água,
a aceitação da população
não é boa, por isso,
normalmente, se organiza
o sistema de água
primeiro, para depois
trabalhar o sistema de
esgotamento sanitário.
O que significa que,
por fim, o Marco do Saneamento
definiu metas
arrojadas de saúde,
via abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
E metas difíceis de se cumprir, seja pelo prazo apertado,
pelo montante de recursos, necessidade de mão-de-obra
qualificada, e insumos suficientes para todos os estados
do Brasil, em um horizonte de 12 anos!
Inegável o papel do novo posicionamento ambiental,
que fortaleceu as condições políticas para efetivamente
fixar uma data para a universalização. E o esticado da
corda é muito forte, para que se consiga isso até 2033,
para todas as regiões do país: a meta foi imposta para
todos os estados igualmente, colocando na mesma cesta
São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas, Pernambuco,
etc., que têm diferentes status de seus sistemas, diferenças
de quantidade de água, de disponibilidade de
água, mas estão todos disputando os mesmos recursos de
financiamento. |
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A Compesa, por exemplo, precisa captar cerca de
R$ 20 bilhões, para atingir a universalização de água e
esgoto, com erradicação de racionamento, com controle
de perdas e controle de qualidade. Desse total, a companhia
captou cerca de R$ 7 bi, com a universalização em
torno 93% na área atendida, mesmo com o baixo repasse
de recursos do governo federal para as obras da adutora
que vai levar água do São Francisco para o agreste pernambucano.
Mas, dinheiro pode não ser o problema: a terceira
versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
inclui o setor de saneamento, sob o nome “Água para
Todos”, e mais oito eixos de investimentos em infraestrutura:
“Transporte Eficiente e Sustentável”; “Infraestrutura
Social Inclusiva”; “Cidades Sustentáveis e Resilientes”;
“Inclusão Digital e Conectividade”; “Transição e Segurança
Energética”; “Inovação para Indústria da Defesa”;
“Educação, Ciência e Tecnologia”; e “Saúde”. O programa
prevê aportes de cerca de R$ 1,7 trilhão, em todos os
estados do Brasil, com recursos advindos do Orçamento
Geral da União (R$ 371 bilhões), empresas estatais (R$
343 bi), financiamentos (R$ 362 bi) e do setor privado (R$
612 bi). O investimento do PAC reservou R$ 26,6 bilhões
para o Acre; R$ 57,9 bilhões ao Tocantins; R$ 47 bilhões
a Alagoas; R$ 136,6
bilhões a Sergipe; R$
48,3 bilhões a Santa
Catarina; R$ 179,6 bilhões
a São Paulo; R$
28,6 bilhões ao Amapá;
R$ 28,6 bilhões a
Roraima; R$ 75,6 bilhões
ao Rio Grande do
Sul; R$ 47,2 bilhões ao
Amazonas; R$ 29,6 bilhões
a Rondônia; R$
119,4 bilhões à Bahia;
R$ 45,1 bilhões ao Rio
Grande do Norte; R$
342,6 bilhões ao Rio
de Janeiro; R$ 73,2 bilhões ao Ceará; R$ 91,9 bilhões a
Pernambuco; R$ 56,5 bilhões ao Piauí; R$ 47,8 bilhões
ao Distrito Federal; R$ 36,8 bilhões à Paraíba; R$ 107,2
bilhões ao Paraná; R$ 171,9 bilhões a Minas Gerais; R$
75,2 bilhões ao Pará; R$ 65,9 bilhões ao Espírito Santo;
R$ 44,7 bilhões a Mato Grosso do Sul; R$ 60,6 bilhões
a Mato Grosso; R$ 98,5 bilhões a Goiás; R$ 93,9 bilhões
ao Maranhão. Uma parte disso também vai para o saneamento:
entre 2023 e 2026, serão em média R$ 8,5
bilhões, por ano; no total, o valor investido via PAC será
de R$ 34 bilhões, sendo R$ 10 bilhões para água, e R$ 24
bilhões para esgoto, montante esse a ser realizado pelos
estados, municípios e setor privado.
É difícil precisar o quanto desse volume de investimentos
a automação vai abocanhar. Mas, a automação
– junto com as tecnologias disruptivas que poderiam ser
incluídas em TICs (Tecnologia de Informação e Comunicação)
– deve ganhar destaque porque já é reconhecida como necessária à própria sobrevivência dos negócios. As
concessionárias de água precisam garantir uma infraestrutura
confiável, em um cenário de crescimento da população
urbana, deterioração da infraestrutura, aumento das
expectativas dos clientes, orçamentos limitados, impactos
das mudanças climáticas, entre outros fatores.
A infraestrutura hídrica consiste em sistemas
de engenharia de grande escala, que podem
incluir instalações de tratamento de água,
estações de dessalinização, barragens, reservatórios,
aquedutos e adutoras, concebidos
para terem vidas úteis longas – o que também
contribui para a dificuldade na implementação
de novas tecnologias.
As demandas do setor hídrico exigem investimentos
“irrecuperáveis”, e os níveis de ineficiência
são muitas vezes significativos, tornando as
parcerias público-privadas (PPPs) uma boa saída, ao mesmo
tempo que as soluções digitais ganharam importância
desde a Pandemia, e destacaram as limitações da gestão da
água em todo o mundo. |
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Ficou muito claro que o gerenciamento do enorme
volume de dados é um desafio significativo para as
concessionárias de saneamento, e ainda pode introduzir
tecnologias que induzam a erros ou aumentem riscos
de segurança cibernética, sem contar com a falta
de padrões comuns. Uma pesquisa da Water Research
Foundation, de 2018, descobriu que as principais barreiras
para a adoção de big data para serviços de água e
esgoto foram “qualidade de dados” seguidas por “falta
de talento para implementar processamento e análise”
e “segurança de dados”. Outro obstáculo seria o fato de
a integração de dados depender do compartilhamento
efetivo de informações entre diferentes departamentos,
enquanto as concessionárias operam em silos, o que
pode gerar múltiplas versões dos mesmos conjuntos de
dados, criando duplicação, má interpretação, ou estratégias
conflitantes.
De fato, no mundo atual, tudo muda muito rápido;
as soluções de hoje podem não durar, mas os processos
precisam funcionar por décadas. Mesmo assim, já se viram
muitas mudanças, com uma quebra muito grande
dos paradigmas – industriais e sociais –, e o saneamento
foi um dos últimos setores a entrar no modelo de transformação
digital de um processo operacional – porque,
até então, tudo que era digital estava voltado ao cliente,
voltado aos processos de billing, faturamento, recursos
humanos, contábil, comercial, CRM. |
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O mundo se transformou em todos os segmentos, e
as empresas de saneamento seguiram o mesmo caminho.
As empresas viram essa transformação do negócio com
a vinda das novas tecnologias, e notaram que era uma
grande oportunidade.
Responsável por 30% dos investimentos em saneamento
básico do Brasil, a rede da Sabesp, na região metropolitana
de São Paulo, é responsável por 6,3 milhões de
pontos de ligação de água, 34 ETAs – Estações de Tratamento
de Água –, 387 reservatórios, que armazenam 2,3
bilhões de litros de água, e uma rede de distribuição com
40,3 mil km na região metropolitana, e 80 mil km, no estado.
É um desafio que só pode ser vencido com a ajuda da
tecnologia. |
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Durante evento da ISA, focado em automação
para saneamento, no começo deste
ano, Nivaldo Rodrigues da Costa Jr. superintendente
de Desenvolvimento Operacional
da Sabesp, pontuou que, para o setor
de saneamento, a automação é uma questão
de sobrevivência. De fato, a Sabesp aumentou
seus investimentos em tecnologia em
125%, de 2021 para 2022, para reduzir perdas
– programa que recebeu 32% do total dos investimentos
–, para integrar seus sistemas operacionais, ampliar o
escopo da monitorização da rede, padronizar os quadros
elétricos, comprar dados como serviço – possibilitada pelos
novos modelos de contrato – além de implantar uma
avançada plataforma de controle e detecção de eventos.
James detalha: “Em 2019, a Sabesp contratou a Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), para
o desenvolvimento de um Plano de Integração dos Sistemas
Operacionais (PISO), Plano de Integração que constitui
um orientador para implantação da automação em
toda a Sabesp, sustentado por conceitos e fundamentos
acadêmicos e industriais avançados de automação, caminhando
ao encontro das mais modernas organizações e
suas práticas de gestão contemporâneas, estruturado por
modelagens, projetos típicos e tendências. Dentre seus
principais objetivos, podemos mencionar a adoção de
uma metodologia para completa integração entre todos
os níveis do processo de saneamento, com o desenvolvimento
de especificações técnicas, diagramas P&IDs e
memoriais descritivos, com vistas ao desenvolvimento
dos processos automatizados nos níveis da pirâmide de
automação previstos na norma ISA-95; a gestão de ativos
integrada com os sistemas de automação dos processos
de saneamento; implantação de sistemas de tomadas de
decisão baseadas em índices de desempenho (KPIs); otimização
da qualidade do fornecimento junto ao mercado
consumidor; quantificação dos benefícios operacionais e
financeiros; programas de capacitação dos profissionais
da Sabesp em automação de processos de saneamento.
O PISO está em fase final de elaboração e pretende-se,
numa próxima etapa, colocar em prática esse plano tático
de automação com vistas à obtenção de inúmeros
benefícios, podendo ser destacadas a padronização da
automação dos processos operacionais de água e esgoto
da Companhia, a melhoria das eficiências de seus equipamentos,
e a adequada utilização dos recursos e ativos
da empresa”. |
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Ainda segundo o gerente de automação da Sabesp, a companhia possui padrões para os Quadros Elétricos utilizados
na energização, acionamentos e automação das
instalações operacionais, na forma de Normas Técnicas
Sabesp (NTS). “Em 2015, foi realizada a primeira atualização
destes padrões e, desde então, houve uma revisão
da normatização correlata e outras normas pertinentes foram
estabelecidas. Importante destacar que a Sabesp está
constantemente evoluindo, em conjunto com o mercado,
e buscando aplicar as melhores tecnologias. A Sabesp está
em constante ampliação de seu parque de instrumentos,
para monitoração dos processos de água e esgoto e, seguindo
os critérios estabelecidos no PISO (Plano de Integração
dos Sistemas Operacionais), a companhia pretende
priorizar os investimentos nesta área”.
A Compesa também trabalha o controle de perdas
onde já se resolveu o problema de abastecimento de
água, na região metropolitana. Tem ajudado muito nisso,
a alteração dos contratos, dos modelos tradicionais
para aqueles que valorizam a performance do prestador
serviços. Nesse quesito, o índice de perdas foi de
45,95%, combatidas com uma carteira de projetos, com
ações que serão executadas em três fases, em que a primeira,
já em curso, finaliza até 2026. A segunda fase,
então, vai de 2027 a 2030, e a terceira, de 2031 a 2033.
Isso significa que pelos próximos 10 anos, a companhia
vai investir R$ 2 bilhões em combate às perdas de água,
financiados, parte com recursos próprios, e parte com
investimentos de terceiros – nacionais e internacionais
– para chegar a apenas 25% de perdas de água na distribuição
até o ano de 2033, conforme o Marco do saneamento. |
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Algumas companhias de saneamento
há anos vinham automatizando
seus processos, otimizando
e customizando cada
vez mais suas atividades, e observando
a mudança do perfil
dos profissionais, caminhando
para se alinhar aos conceitos da
Indústria 4.0 – área onde se especializou
Daniel Bocalão – engenheiro
eletricista, com MBAs em Gestão e Inovação em Cidades
Inteligentes – Facens e Gestão de Internet – USP/FIA,
Gestão de Telecomunicações – FAAP, atualmente atuando
na empresa Elliot Cloud como business and product
developer, com mais de 34 anos na área de tecnologia
da Sabesp, que incluiu nas suas diversas frentes de trabalho,
os cuidados com a cybersegurança já que, em
muitos pontos, está conectada do corporativo ao sensor
da telemetria – seja por IoT, celular, rádio ou cabo. Utilizando
as tecnologias disruptivas sempre que possível,
Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada, e
Machine Learning, já fazem parte do dia-a-dia da companhia,
que persegue o Saneamento 4.0. Tanto que, em
2020, a Sabesp incorporou uma avançada plataforma
em sua gestão. A solução implantada foi o Elliot Water
fornecido pela empresa Elliot Cloud (www.elliotcloud.
com), sendo uma solução que permite o gerenciamento
mais automatizado e eficiente da infraestrutura e dos
processos do ciclo integral da água. Contribuindo na otimização
e eficiência do processo, detalhamento e identificação
do problema e o seu contexto, visão global de
todo o ciclo da captação da água bruta ao efluente (de
Rio a Rio). Por meio da solução, toda a cadeia produtiva
do ciclo integral da água tem o seu monitoramento e a
correlação de eventos de todos os seus sensores, com
parametrização de regras que permitem a geração de
alerta e notificação com instrução às equipes operacionais,
melhorando a disponibilidade no abastecimento,
menor tempo de reparo nas redes, redução de perdas,
e excelentes resultados de eficiência energética, consequentemente
a melhora da satisfação do cliente, poder
concedente (municípios) e órgãos reguladores. |
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Bocalão conta que a Sabesp foi a primeira companhia
a provar que o conceito de Indústria 4.0 não é só
cabível nas empresas de saneamento, mas é fundamental
até para sua sobrevivência. E, nesse modelo, é preciso ter
alguém que possa coletar, tratar e transmitir dados, porque
não se vai montar e gerir uma empresa de Telecom;
o saneamento já tem dificuldade de manter seus profissionais
de automação e de telemetria que têm de cuidar,
manter, calibrar os equipamentos, sensores, micro e macro
medidores, etc., então, o caminho lógico foi colocar
esse desafio para o mercado. |
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“Tecnologias disruptivas estão mudando a forma
como as empresas funcionam e como seus colaboradores
trabalham. Na Sabesp, companhia que busca sempre
estar na vanguarda do setor, há várias iniciativas neste
sentido. Podemos citar a adoção da tecnologia IoT, para
leitura de hidrômetros de grandes consumidores, projetos
experimentais de realidade aumentada na área de
manutenção, uso de IA e aprendizado de máquina em
projeto piloto de sistema de monitoramento de redes
de distribuição de água, dentre outras iniciativas”,
conta Paula Violante, diretora de
Engenharia e Inovação da Sabesp. |
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“Há risco? Em tudo há risco, mas
essa era uma janela de oportunidade,
para que a empresa tenha todos
os eventos monitorados e correlacionados,
de forma a criar regras e
uma série histórica, agregar machine
learning, inteligência artificial e outras
ferramentas para tomadas de decisão nas
questões de saneamento. E, quando a gente
está falando isso, pode-se pegar um ponto de observação
de monitoramento, por exemplo, a qualidade da
água. Hoje, a gente consegue identificar a qualidade da
água no ponto de captura, no ponto de entrada de uma
estação de tratamento, na saída, na reserva, na distribuição, no cliente e no efluente do
cliente – toda a cadeia, todo o ciclo
produtivo, o ciclo integral da
água e esgoto, sendo monitorado
com todos os eventos correlacionados,
criando inteligência sobre
o que está acontecendo nessa
cadeia – o que evidentemente
agrega uma infinidade de serviços,
como gestão de perdas, de
eficiência energética, disponibilidade,
redução do stress hídrico
em vários mananciais... o céu é o
limite”, destaca Bocalão.
A implantação desse cenário
acontece em diferentes ritmos, às
vezes um pouco devagar, porque
tudo tem um custo, e é bom lembrar
que caro é relativo porque,
ao analisar essas questões, as
empresas que estão ganhando
mercado, privatizadas, veem
isso como potencial até de reduzir
custos. Por exemplo, ao
identificar perda em uma rede
que tem alguns anos de vida,
ela pode ver o quadro como
um todo, e decidir o seu investimento
de uma forma
mais rápida. Assim, ela recupera
mais rápido esse investimento. |
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E a concorrência tem aumentado
também no nível de
sensoriamento, de engenharia
para esses sensoriamentos,
para os processos automatizados,
e para a plataforma de
hospedagem de dados, que
seria um banco de dados ou
um data lake. Hoje, existem
soluções com um custo-benefício
razoável para atender todas
as demandas de IoT, que
introduziu novos conceitos na
telemetria e automação, que
mantêm fontes de dados em
pontos estratégicos da cadeia
produtiva, mas que dependem
de um passo anterior, que é o
sensoriamento em vários lugares
– coisa que o setor, há anos,
vem trabalhando, porque é uma
exigência de otimização, monitorar
esses pontos, e isso ainda tende a crescer. Vale destacar que a maioria das soluções
à disposição do setor de saneamento já provê um meio
de comunicação – sensores de vibração, de adutoras de
certos diâmetros, o conjunto de motobombas... tudo já
vem com sensores para gerar dados e informações. Seja
na aquisição ou na troca de algum componente da infraestrutura
do saneamento, ele já traz toda essa tecnologia
embarcada. “Então, já vem com o sensor, e é preciso
transmitir os dados gerados ali para uma base de dados – o
volume é realmente grande – e tratar esse Big Data, que
vai criar uma camada de análise desse banco de dados, e
publicar em um aplicativo que vai para o operador, para o
gestor, o diretor da companhia. Mas, já com um primeiro
tratamento, já como informação”, explica Bocalão.
E o que fazer com toda a estrutura legada, a instrumentação
e os supervisórios? Os sistemas legados devem
ser mantidos por um bom tempo, com modernizações e
otimizações. Paula Violante cita o exemplo dos sistemas
de supervisão e aquisição de dados. “A função do SCADA
– Controle Supervisório e Aquisição de Dados – é supervisionar,
controlar e operar
os sistemas de água e esgoto,
enquanto o DaaS deve processar,
tratar e analisar os dados,
para agregar valor e melhorar
as tomadas de decisões; não
há necessidade de o SCADA
concentrar tudo”.
Para Bocalão, essa estrutura
ainda vai continuar
trabalhando nas suas especificidades.
Mas, ele mesmo
ressalta que isso pode variar,
de acordo com a filosofia de
cada empresa, porque existem
diversas novas soluções
e modelos para o mundo de
tratamento de água.
Por isso mesmo, não importa
qual o tipo de solução
que se tenha; o negócio só
quer o dado e a informação.
Então, as empresas de saneamento
se fixam no seu core,
e deixam para os parceiros a
aquisição de dados, a manutenção
de instrumentos e sensores,
como transmitir as informações,
etc. Elas só querem o
dado correlacionado em toda
a cadeia, de uma forma amigável,
que traga informações
rápidas.
Parece natural que as empresas,
então, invistam muito
nessa camada de inteligência: quando se fala de saneamento
digital, não é só automação de um dos processos,
um ponto do processo. “A gente está usando um direcionamento
agora `de rio a rio, de manancial a manancial´”.
Para Bocalão, é preciso pensar agora no futuro, porque
água é vida. É preciso ter o controle rigoroso da qualidade
da água, e isso só é possível com rastreabilidade em
toda a cadeia produtiva.
“Para atender os consumidores, saber quais os componentes
da água, de que maneira ela percorre toda a
cadeia, de qual manancial ela vem, se a composição química
da água desse manancial favorece este ou aquele
metabolismo... Esse é meu grande objetivo, meu sonho.
Cientistas estão estudando isso. Ter mais qualidade de
vida, mais saúde. Eu tive a oportunidade de experimentar
isso, em uma unidade da Sabesp no interior (de SP) e, hoje
estou evangelizando esse conceito. A plataforma está aderente,
coerente, e pode manter isso por um bom tempo.
Para chegar a isso, é preciso agregar vários serviços para
garantir que, mesmo em um stress hídrico, vamos garantir a qualidade da água, da composição bruta da água. Porque
todo mundo já percebe esse conceito na engenharia
básica, o que é extremamente importante. Agora, buscamse
condições de saber tudo o que está acontecendo no
percurso da água, se existe uma infiltração, se algo modificou
seus parâmetros, em tempo real, porque quando
o cliente reclama, já se passou muito tempo, talvez ele já
tenha consumido uma água fora da especificação. Mas,
já podemos antecipar isso. Esse é o conceito que tem de
se formar, porque leva tempo para alcançar todo o setor,
tudo tem o seu momento”, pontua Bocalão. |
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E o conceito não pára de evoluir, porque os dados já
podem ser correlacionados com o histórico e com dados
meteorológicos, para saber a previsão e garantias, para
este ou aquele manancial. Dessa
forma, já se podem tratar as questões
hídricas com inteligência e
responsabilidade. A antecipação
permite a busca de novos recursos.
E não só isso. Com o sistema
já integrado, se pode ter uma série
de outras correlações de saúde,
por região, por tipo de captação,
etc. Porque a água, no fim,
ainda é responsabilidade do poder
concedente, do Estado como
gestor público. Ele pode (e deve)
monitorar como o saneamento
está sendo entregue à população,
ainda que com a ajuda de institutos
e universidades – que podem
pesquisar pensando na saúde pública,
na melhoria do ambiente.
E é impossível uma empresa entregar
isso tudo, então, o Estado
ganha mais importância, nesse
cenário onde o custo da água tem
de ser diferente – hoje, as empresas
de saneamento trabalham
com o mesmo valor para todos os
locais. |
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Uma ideia é ter uma solução
digital para alguém prestar esse serviço de forma igualitária
e, ao mesmo tempo, customizada. Que trate a base
desse conceito – os dados – como serviço (DaaS – Data
as a Service). É um agente de mudança, essa abordagem
do gerenciamento de dados terceirizado. O conceito
“como um serviço” geralmente está vinculado à computação
em nuvem, e pode incluir Infraestrutura como
serviço (IaaS), Plataforma como serviço (PaaS), Software
como serviço (SaaS), Dados como serviço (DaaS), Sensing-
as-a-Service (SaaS), Network-as-a-Service (NaaS) e
muito mais – modelos chamados coletivamente de XaaS,
onde ‘X’ pode ser virtualmente qualquer coisa. |
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Paula Violante conta que o setor de saneamento ainda
não utiliza DaaS (Data-as-a-Service) em larga escala,
mas já tem diversas iniciativas e alguns projetos, como
exemplo, um módulo de instrumentação analítica, adquirido
como serviço para automação de ETA – Estação de
Tratamento de Água –, no qual os dados como serviço
(DaaS) são acessíveis pela Sabesp, via internet.
A Sabesp trabalha com a definição de DaaS ou Dataas-
a-Service como um modelo em que os dados são armazenados
e gerenciados por um provedor de serviços
em nuvem, e disponibilizados aos clientes de acordo com
suas necessidades. Isso pode envolver o acesso a bancos
de dados e análises de dados ou qualquer outra forma de
informação armazenada digitalmente. Nessa modalidade,
os dados são disponibilizados aos usuários por meio
da internet, geralmente sob demanda,
como um serviço. Daas
pode ser adotado tanto para água
como para esgoto; não existe nenhuma
diferença ou impeditivo
para isso.
“O DaaS exige um alto grau
confiança mútua, que é construída
por meio de contratos sólidos,
medidas de segurança rigorosas,
conformidade regulatória, transparência
e uma comunicação
aberta. É uma parceria na qual
ambas as partes têm um interesse
compartilhado em proteger os
dados e garantir que sejam usados
de maneira adequada. É fundamental
que a empresa prestadora
de serviços possua uma plataforma
segura, e que sejam assinados
contratos com acordo de nível de
serviço (SLA) e termos de confidencialidade
e sigilo. A adoção
de DaaS pode exigir mudanças
significativas na forma de contrato,
em comparação com os contratos
tradicionais de prestação
de serviços ou de aquisição de
hardware e software. Isso ocorre porque o DaaS envolve o
acesso e o uso de dados, que têm considerações específicas
de segurança e privacidade, exigindo adoção dos contratos
com acordo de nível de serviço (SLA) e termos de confidencialidade,
sigilo e non disclosure agreement. Também
a interface e a relação entre o que está fora do DaaS (ou
seja, os usuários, aplicativos ou outras fontes de dados) e
os dados do DaaS podem variar, dependendo da implementação
específica e do provedor de DaaS. No entanto,
geralmente, a interação com um serviço DaaS segue um
padrão de interface de acesso, autenticação e autorização
de usuários ou aplicações, monitoramento do tráfego de
dados, segurança e criptografia”. |
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Sim, confiança mútua é fundamental, na hora de escolher
um parceiro/fornecedor. Tudo tem risco, então, o
contratante não pode simplesmente entregar o trabalho
e se ausentar; precisa acompanhar. E não precisa ser um
especialista em TI, mas é necessário ser especialista no
negócio.
Para estações de tratamento de água (ETAs), a Sabesp
contratou um módulo de instrumentação analítica
adquirido como serviço. Esse projeto mitiga o módulo
vulnerável da automação, que são os analisadores online
da qualidade de água, ao transferir as manutenções e calibrações
para os fabricantes e fornecedores. Além dessa
solução para ETAs, há também iniciativas de compra de
dados analíticos para estações de tratamento de esgoto
(ETEs) com o mesmo objetivo.
O DaaS já está sendo implantado no nível de telemetria
– que tem de ter a sua rede segregada da corporativa,
por conta da segurança cibernética. |
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As novas tecnologias estão aí, para ajudar a criar esse
saneamento 4.0, de forma mais
tranquila e segura. Dados como
serviço (DaaS), Machine Learning,
Gêmeos Digitais, Drones,
Realidade Virtual e Aumentada...
O setor de saneamento
vem implementando pontualmente
todas elas. O que vem
pedindo atualização dos recursos
humanos do setor, mas
que com certeza vai demandar
muitos cientistas de dados. Essa
modificação de perfil de mãode-
obra também se viu, quando
os bancos e o agronegócio
começaram a implantar novas tecnologias. |
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“Tive oportunidade de conhecer trabalhos semelhantes
pelo mundo, e essa digitalização não se restringe ao
saneamento, está acontecendo em utilities em geral, e está
na base das Smart Cities. É o futuro”.
Na Compesa, as metas são suportadas com muito
investimento em tecnologia e inovação. Inclua-se aí contratos
de DaaS – Data as a Service – onde o prestador do
serviço instala, mantém e envia, em tempo real, todos
os dados para o sistema da companhia. Também foram
fechados contratos de cinco anos, de Telemetria de variáveis
operacionais, ampliando em mais 3.500 pontos o sistema
de monitoramento a distância, no abastecimento de
água do Estado, representando investimento aproximado
de R$ 24 milhões. E ainda foram instalados 800 dataloggers
na região Metropolitana do Recife, para melhoria
do controle operacional e aumento da disponibilidade
de abastecimento. “Mas, não adianta ter esse volume de
dados, sem tratamento. Então, estamos construindo com
o Porto Digital toda a digitalização desse SSCA – sistema
de supervisão e controle de dados e análise –, mostrando
todo o trajeto da água”.
Flavio também destaca o BESS – Battery Energy
Storage System –, sistema de Armazenamento de Energia
(BESS – Battery Energy Storage System), contratado
junto à Baterias Moura, instalado na ETA Petrópolis, em
Caruaru, dimensionado para o atendimento do consumo
da unidade de forma integral ou parcial, quando houver
problemas de interrupção no fornecimento de energia,
ou quando a concessionária não atender os parâmetros
de fornecimento e qualidade de energia elétrica. O investimento
é da ordem de R$ 3,5 milhões, em cinco anos, e
a Moura sendo remunerada por performance, baseada na
economia obtida entre o armazenamento de energia no
horário fora ponta (mais barato) e suprimento de energia
demandado pela carga no horário de ponta (mais caro).
Já usamos Realidade Aumentada, Inteligência Artificial,
monitoramento remoto e outras tecnologias, porque,
em 2011, a companhia criou uma gerência de automação,
que vem trabalhando para um avanço significativo em toda a parte de sistemas, supervisão, controle, automação
à distância. Cerca de 60% do volume de água produzido
pela Compesa está automatizado, e a tendência é
de que a gente expanda isso, porque pensamos no caminho
da água, desde sua captação até a devolução ao meio
ambiente. Automatizamos o controle químico – veja que
os custos dos insumos químicos mais que dobraram no último
ano. E vale destacar que nossos funcionários criaram
soluções de automação que custaram quase 90% menos
que soluções de mercado, para as mais de 2.000 unidades
da Compesa, um equipamento chamado multi app,
que consegue medir e controlar pressão, vazão, nível de
reservatório, corrente elétrica, já patenteado.
“São várias frentes, que vão aos poucos, dentro das
fases estabelecidas entregando água, saneamento e saúde,
ainda que com alguns atrasos no cronograma. Estamos em
busca de financiamentos com o suporte do Governo que
tem todo o interesse em atingir as metas ambientais, e
trazer maior desenvolvimento para o estado. A Compesa e
seu pessoal está realmente comprometida em entregar as
metas”, finaliza Flavio. |
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