Revista Controle & Instrumentação Edição nº 250 2019
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Cover Page
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Automação em saneamento
Manufatura 4.0 – integração,
produtividade e um novo
modelo de negócio |
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Tecnologias estão integrando fábricas, e ajudando
a construir um ambiente industrial e de negócios
mais conectado e sustentável |
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Nem o mantra da produtividade – o “fazer mais com
menos” – escapa da intensa agitação, provocada
pelas tecnologias 4.0 no ambiente industrial.
Tão importante quanto a possibilidade de obter uma
infinidade de dados, a partir da digitalização do chãode–
fábrica, e de integrar toda a cadeia até o consumidor
final, é saber fazer as escolhas adequadas para cada
empresa. Identificar quais dados coletar, discernir sobre o
que fazer com eles, como integrar plataformas diferentes,
estabelecer o plano para entrada no ambiente 4.0, e avaliar
a real necessidade de integração, de ponta a ponta,
são tarefas imprescindíveis para usar a tecnologia em prol
da produtividade. |
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“Trabalhar com dados é custoso, e o simples fato de
haver abundância não transforma dados em
ações. Se não souber separar, modelar,
limpar esses dados, para que sejam
digeridos, não se consegue extrair
valor”, aponta Sergei Beserra,
executivo do Instituto Gartner. |
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A pressão resultante da percepção
da finitude dos recursos,
e da infinidade de dados aponta: é
necessário repensar a produtividade
neste novo ambiente. Já não se trata, apenas, de fazer
mais quantidade com qualidade, em menos tempo, e
com menos insumos – materiais e humanos. Estudo da Ellen
MacArthur Foundation afirma que “o esgotamento de
reservas de baixo custo e, cada vez mais, a degradação do
capital natural, estão afetando a produtividade das economias”,
e apresenta, como alternativa à economia linear
(extrair, transformar, descartar) o conceito de economia circular, que otimiza a produtividade de recursos.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias
(CNI), divulgada em setembro/19, 76% das 1.200
empresas ouvidas adotam práticas de economia circular,
apesar de 70% desconhecerem o conceito. A prática
mais adotada (56,5% das participantes) é a otimização de
processos, e o principal objetivo é a busca por eficiência
operacional. |
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“A economia circular é um guarda-
chuva de conceitos e estratégias
que inclui, por exemplo, a logística
reversa. É preciso que os
resíduos gerados por processos
e pelo uso de produtos (pósconsumo)
sejam eficientemente
gerenciados em seus fluxos de retorno,
até os demais elos da cadeia
de valor. A documentação de resultados
da adoção de práticas de economia circular está crescendo
fortemente entre empresas e países”, explica Vinícius Picanço,
professor de operações e design do Insper – Instituto de
Ensino e Pesquisa. |
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O conceito de economia circular ataca o grande inimigo
da produtividade: o desperdício, seja ele de matérias-
primas, de tempo, ou de dados. Com escassez de
uns e excesso de outros, as indústrias no Brasil se veem,
ainda, diante de desafios, como restrições orçamentárias,
pressão por sustentabilidade, necessidade de integração
de múltiplas plataformas, infraestrutura de Telecom longe
da ideal, para citar os mais genéricos. Mas, conforme
relatório da Ellen MacArthur Foundation, “a tecnologia
da informação e as tecnologias industriais, agora, se tornam
on-line, ou são implantadas em larga escala, o que
possibilita a criação de abordagens de negócios da economia
circular, que não eram possíveis anteriormente. Esses
avanços acrescentam eficiência à colaboração e ao compartilhamento
do conhecimento, permitem rastreamento
mais preciso dos materiais, melhoram as configurações
logísticas e de logística reversa, e aumentam o uso de
energias renováveis.”
Tudo indica que a Indústria 4.0 pode colaborar de
forma decisiva, com a adoção do conceito de circularidade
econômica. A cadeia automotiva europeia está avançada
nesse tema, com Renault, Volvo, Peugeot, BMW e
Mercedes liderando discussões, e com aplicações interessantes.
Nos EUA, a marca mais incisiva em economia
circular é a Tesla, mas está presente também, no novo
modelo de negócios, que já desponta no horizonte da
indústria de manufatura, com destaque para a cadeia automotiva. |
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Assistência remota com realidade aumentada
já fazem parte do dia-a-dia da Ford |
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A transformação digital é prioridade na montadora,
desde o início dos anos 2000, tendo começado
no desenvolvimento de produto. A empresa
experimentou grandes evoluções, como na automação
das ferramentas de transformação de desenhos
em projetos veiculares, estendendo-se à manufatura,
com a simulação de processos de montagem, e
à área de serviços, com a simulação de substituição
e manutenção de componentes. Uma iniciativa de
destaque é a Assistência Técnica Remota com Realidade
Aumentada. Com ela, as oficinas da marca
passarão a contar com acompanhamento em tempo
real de especialistas da fábrica, sempre que necessário,
para tirar dúvidas sobre diagnóstico e solução de
problemas técnicos complexos de veículos. Foi iniciada
como projeto-piloto, no primeiro semestre de
2019, em concessionárias de diferentes regiões do Brasil.
A ferramenta é composta de óculos especiais, com câmera
e microfone, que os mecânicos da oficina usam para
inspecionar o veículo, e se comunicar com engenheiros
da fábrica. Estes podem acompanhar, na tela do computador,
exatamente o que o técnico está vendo. Essa tecnologia
reduzirá significativamente o tempo de diagnóstico
e de carro parado na oficina, aumentando a produtividade
e a capacidade de atendimento das oficinas, oferendo,
ainda, uma melhor experiência aos clientes, resultando
em maior satisfação e fidelização, segundo a empresa. |
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“A economia do compartilhamento
é uma das macrotendências da indústria
automotiva. Várias montadoras
já expandem seus planos de
negócios, de apenas fabricantes
de automóveis, para fornecedoras
de mobilidade. Nesse contexto de
transformações, a mutabilidade
do ambiente e o acirramento da
competição organizacional vão gerar
uma nova “seleção”, onde sobrevivem as
organizações mais adaptáveis”, destaca Cláudio Moysés,
diretor-executivo do Instituto de Qualidade Automotiva
(IQA). |
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Estudo da KPMG para o mercado nacional
(Global Automotive Executive
Survey 2019 – Brazilian Chapter)
aponta que 87% dos consumidores
brasileiros teriam interesse
em veículo por assinatura. “Ainda
temos consumidores de veículos,
mas está crescendo o número
de pessoas que busca por serviços,
o que não significa que seja ou um
ou outro, essa não é uma corrida para
se apostar num cavalo só”, opina Ricardo Bacellar, da
KPMG. |
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Relatório elaborado pela American Society for Quality,
em 2015, antecipou, entre outras tendências, a ênfase
crescente na experiência do cliente, nos mercados
participativos, e do ‘prosumerismo’ (clientes participam
do projeto e desenvolvimento de produtos que desejam).
“O conceito de voz do cliente se expandirá, com novas
formas de ouvir a voz das coisas também, pois, será possível
aprender sobre os clientes a partir dos objetos conectados
ao redor deles”, destaca Cláudio Moysés. Como
se vê, o mercado da indústria de manufatura, como um
todo, com destaque para a cadeia automotiva, está em
franco processo de mudança e ampliação. Em paralelo a
essas novidades, questões já existentes permanecem em
pauta.
E as chamadas tecnologias disruptivas da Indústria
4.0 já estão disponíveis e efetivamente contribuindo para
tornar realidade essa nova fase da economia (circular),
com a produção sustentável. |
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“Acredito que, entre as indústrias
que tiveram algum contato com estas
tecnologias, todas já enxergaram
vantagens no uso. Mas, a real
utilização destes recursos envolve
ajustes, não somente técnicos, e
sim, principalmente, na organização
e na forma de gerir estes recursos
e dados, em todos os níveis da
manufatura”, avalia Fernando Madani,
coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação,
do Instituto Mauá de Tecnologia. |
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Para a Ford, que adotou a Indústria 4.0 no Brasil, em
2013, com o objetivo de aumentar produtividade, qualidade,
rapidez e precisão, além de reduzir custos, uma
das grandes vantagens já percebidas é o aumento do
nível de eficiência e qualidade de operação, refletindo
na antecipação de problemas, e na rapidez na tomada
de decisões para corrigi-los. As tecnologias 4.0 têm
contribuído para a competitividade do setor automotivo,
em vários eixos, como redução de custos e otimização de
recursos, ajuste dinâmico do fluxo de produção, melhor
integração entre fornecedores e fluxo de logística, otimização
do consumo de insumos, como gás, água e energia
elétrica, melhor manutenção preditiva e gerenciamento
da produção em tempo real. Mas, não são suficientes,
porque o custo Brasil ainda impacta na competitividade.
Vinícius Picanço afirma que, “para que as tecnologias
digitais operem em seu potencial máximo, a infraestrutura
de Telecom é fundamental. E isso ainda é um
fator limitante no Brasil.” Mas ele acredita que o Brasil
esteja próximo de iniciar um ‘ciclo de reforço’ entre
a adoção de tecnologias digitais e o financiamento de
infraestrutura adequada. Neste ciclo, quanto mais empresas
embarcarem na jornada digital – seja desenvolvendo
tecnologias, ou consumindo-as –, investimentos mais
expressivos em infraestrutura de Telecom serão justificados,
estimulando mais empresas a iniciarem essa migração
tecnológica, justificando mais investimentos, e assim
por diante. |
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João Alfredo Delgado, diretor
executivo de tecnologia da Abimaq
- Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos,
concorda com Picanço, e levanta
uma questão: “infraestrutura boa
sempre se precisa ter, mas para
viabilizar a integração da cadeia,
para eu mandar informações para a
nuvem. No entanto, a pergunta que se
deve fazer é: vale a pena estar na nuvem? Ainda não existe
consenso sobre até que ponto vale a pena entrar na IIoT.
E, quem ainda nem integrou internamente sua operação,
não pode dar a desculpa de que a fibra ótica que passa no
local é ruim.” |
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Marcelo Cruz, gerente técnico
da Dakol, fornecedora de soluções
de automação, também não vê a
infraestrutura de telecom como
um grande impeditivo para a
implantação das tecnologias
4.0 nas grandes áreas industriais
do Brasil. “A maioria das
empresas tem equipes dedicadas
à adaptação das suas instalações atuais
para o conceito da Indústria 4.0 porque o parque
industrial é antigo, na maioria dos casos, e essa adaptação chega até a metade do caminho de forma automática. Ou
seja, o dado é captado e enviado para um banco de dados,
para ser analisado. A outra metade do caminho, após
a análise dos dados, é realizada de forma manual, com a
atuação nas máquinas pelos operadores. Essa é a forma
mais eficiente e barata para a adaptação para a Indústria
4.0 que temos visto em nossos clientes, cada um na sua
realidade tecnológica e financeira”. |
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As fornecedoras de automação e instrumentação
têm, em geral, essa mesma visão quando o assunto
são os passos iniciais dessa migração. Acreditam que
o investimento em infraestrutura precisa continuar
crescendo, até pela quantidade exponencial de dados
que são transmitidos todos os dias. A primeira camada,
aquela que recebe os sensores – o chão de fábrica ou
o campo – não depende de Internet, necessária em
aplicações robóticas mais complexas e no envio e recebimento
de dados a partir da gerência e, numa fase
mais avançada de integração e aí, para manter a conexão
com provedores sempre ativa, as empresas precisam
pensar em redundância de comunicação com a
internet, por exemplo. Tudo com muita atenção com
a cibersegurança. E os projetos devem ser analisados,
considerando apenas dados realmente valiosos para
processo, o que diminui a quantidade de dados e os
custos operacionais. |
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Cibersegurança
A Cibersegurança deve ser
uma variável sempre observada
quando se pensa em integração de
tecnologias, seja por WiFi, Internet,
ou redes proprietárias. E, apesar
de ser uma área onde não há
100% de garantia (não se tem anti
vírus para um vírus ainda não criado),
existem normas e boas práticas.
A C&I visita esse assunto com
frequência e você pode acessar
as últimas três edições que tratam
com profundidade desse tema: |
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“Passado o susto de que todos iriam quebrar se não
implantassem as tecnologias 4.0 em uma semana, vejo um
movimento mais racional se iniciando, nas médias e grandes
empresas. Muitas já entenderam que a implantação da
Indústria 4.0 tem método e etapas progressivas. Muitas estão
iniciando a fase da visibilidade, implantando sensores
em suas máquinas e processos para produzir dados, que
serão transformados em informação útil, na próxima fase
de implantação da Indústria 4.0. Pequenas indústrias, fora
da área de tecnologia, ainda têm um caminho mais longo
a percorrer. A infraestrutura de telecom não é o grande
impeditivo para essa implantação. Boa parte das etapas
iniciais de implantação da Indústria 4.0 são internas à
planta fabril, onde uma infraestrutura de
comunicação IP pode ser instalada
com investimento relativamente
baixo. A falta de uma melhor infraestrutura
externa não deve ser
motivo para não avançar no trabalho
interno, pelo menos para
a grande maioria das indústrias
do Brasil”, argumenta o diretor de
tecnologia e operações da Novus,
Marcos Dillenburg. |
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Para o professor Fernando Madani, “a utilização dos
recursos e tecnologias no ambiente industrial não necessariamente
demanda mais recursos de Telecom dos que
os já utilizados. Portanto, a disponibilidade destes recursos
não pode ser apontada, neste momento, como um gargalo
para a aplicação das tecnologias.”
Já para a Ford, infraestrutura de Telecom é fundamental
para dar acesso aos serviços embarcados nos veículos
(externos às linhas de produção). Pensando na melhor
utilização dessas funcionalidades, a empresa firmou
parceria global, em janeiro de 2018, com a Qualcomm,
para desenvolver a chamada tecnologia C-V2X, que permitirá
a comunicação direta do veículo com outros veículos,
e com a infraestrutura das ruas, sinais de trânsito, e
dispositivos de pedestres, como smartphones.
Já Luiz Franco acredita que infraestrutura é o grande
desafio que a indústria tem pela frente. “Mesmo com
o uso dos recursos da inteligência artificial, existe um
grande volume de informações e conhecimentos dos
profissionais da indústria, que precisam ser passados ao
sistema, em outras palavras, seria ensinar o sistema a
tomar decisões, agrupar informações e fornecer informações
consistentes do estado da planta, bem como sugerir
mudanças. Estas informações e aprendizado a ser transferido
é um trabalho árduo e volumoso, e depende de cada
processo/empresa do segmento. No curto prazo, existem as redes privadas das grandes organizações, com velocidades
garantidas, que poderão ser utilizadas, mas depende
muito do tráfego atual, pois, a demanda para a Indústria
4.0 será grande. Acredito que a alternativa, principalmente
para empresas de médio porte, será a implantação da
tecnologia 5G, no Brasil, com alta capacidade de tráfego
de dados”.
Mas, todos concordam, a migração de qualquer
indústria para essa nova Era integrada começa no sensoriamento
e, no chão-de-fábrica, isso inclui encontrar
a tecnologia de controle mais adequada também. “Para
quem vai fazer investimento novo, é melhor optar pelo PC
industrial, mas essa não é a realidade da maioria”, afirma
Delgado, da Abimaq. Ele ressalta que se pode partir da
infraestrutura existente, aproveitando-a,
e ir paulatinamente digitalizando e
integrando. |
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Rodrigo de Souza Soares,
engenheiro de Suporte Técnico
e especialista em software
da Beckhoff, é categórico: “Um
PC é, por definição, um sistema
extremamente flexível e construído
sobre uma arquitetura padrão de mercado. Além disso, um PC industrial (IPC), graças à
sua maior capacidade de processamento, é capaz de rodar
vários softwares de aplicações, envolvendo CLP, IHM,
motion, visão, inteligência artificial, tudo num mesmo IPC.
E, basear o controle em IPC não tira a capacidade de conversar
com sistemas antigos. Um CLP com mais de 20 anos
pode ser rapidamente integrado a um sistema baseado em
IPC, tanto por meio de redes industriais, baseadas em protocolos
seriais, ou mesmo através de I/Os discretos.” |
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“O avanço tecnológico, nos últimos
anos, aproximou muito os
recursos dos sistemas de controle,
porém, para uma indústria
de manufatura, acredito
que o PLC é o mais adequado,
devido principalmente à
cultura do segmento de manufatura”,
comenta Luiz Franco,
Comercial da Biffi / Westlock. |
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“Também considero o CLP como
o mais apropriado para gerenciar a manufatura dentro
do conceito da Indústria 4.0, pois, possui recursos de
controle (Controlador Lógico Programável!), captação
de dados (E/S), e conectividade (SQL, MQTT, OPC UA)
com nível de gestão, de forma direta. Alguns CLPs ainda
apresentam recursos de IHM incorporada, o que auxilia
ainda mais alguns processos no chão-de-fábrica”, reforça
Marcelo Cruz.
“Quem já tem sistemas de controle e automação,
largamente implantados na fábrica, tem a oportunidade
de mantê-los e interligá-los a sistemas de gestão, como
MES, APS e ERP, para iniciar e avançar no conceito 4.0.
Quem não, deve partir para um conceito mais novo, baseado
em IoT e Cloud, reduzindo ou eliminando a camada
de controle presente na clássica pirâmide da automação.
Deve buscar sensores e atuadores inteligentes, que se comuniquem
entre si, e diretamente com sistemas de gestão,
baseados em cloud, usando protocolos baseados em IP,
como o MQTT. Gateways com inteligência de borda (edge
intelligence) podem ser a resposta, quando uma inteligência
local for necessária para coordenar sensores e atuadores.
Em muitas situações, estes gateways podem ser PLCs
ou PCs Industriais, conectados aos sistemas em cloud, e
executando o mínimo de funções localmente”, pondera
Marcos Dillenburg.
Madani, do Instituto Mauá, avalia que, “considerando
os requisitos e, principalmente, a utilização e
integração de equipamentos existentes – cenário encontrado
em diversas indústrias–, as soluções que se
mostraram mais apropriadas têm sido a combinação de
CLP com PC industrial, dependendo do nível de interface
com os equipamentos, e da necessidade de processamento”.
Para Picanço, do Insper, “o fator preponderante
para esta decisão passa pelo portifólio de tecnologias da
Indústria 4.0 que se pretenda implementar, os principais
objetivos de desempenho que se pretenda satisfazer (por
exemplo: custo x flexibilidade x confiabilidade etc.), custos
envolvidos, arquitetura informacional e de processos
e, por fim, complexidade e tamanho da operação. Arrisco
dizer que não exista uma resposta absolutamente universal”,
conclui. |
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Tecnologia C-V2X |
Cellular-V2X (C-V2X) é uma tecnologia
importante para melhorar a segurança nas
estradas e o futuro da direção autônoma. Em
outubro de 2017, a Qualcomm lançou, em
conjunto com a AT&T, a Ford e a Nokia, sua
primeira solução comercial C-V2X, o chipset
Qualcomm 9150 C-V2X, e o C-V2X Reference
Design: com a Qualcomm suportando as
comunicações diretas; a rede 4G, da AT&T,
fornecendo recursos de área ampla; a Nokia
entrando com sua experiência em computação
de ponta; e a Ford conduzindo os testes
de recursos de segurança de veículo para veículo,
usando C-V2X, na faixa de 5,9 GHz,
com as atualizações de mapeamento em
tempo real; as notificações de eventos foram
sendo retransmitidas pela rede da AT&T, e pelos sistemas
em nuvem, da Nokia. Lá se vão dois anos, e a indústria
tem um longo caminho para o carro totalmente conectado,
mas parece que a tecnologia C-V2X assegurou seu papel
no futuro. O C-V2X é defendido por Qualcomm e Huawei,
e é uma atualização do modelo DRSC.
Após Audi, Ford, Groupe PSA e SAIC apoiarem a primeira
solução comercial C-V2X, da Qualcomm, fabricantes
de automóveis, fornecedores, operadoras de telefonia móvel,
empresas de semicondutores, fornecedores de equipamentos
de teste, fornecedores de telecomunicações,
fornecedores de sinais de trânsito, operadores rodoviários,
e municípios estão colaborando para acelerar o desenvolvimento
da tecnologia. |
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A tecnologia C-V2X permite que os veículos se comuniquem
diretamente entre si (Veículo a Veículo, V2V); com
pedestres (Veículo a Pedestre, V2P); com a infraestrutura
de estradas (Veículo a Infraestrutura, V2I); e com a nuvem,
por meio da rede móvel (Vehicle-to-Network, V2N). Padronizado
no 3GPP Release 14, o C-V2X define dois modos
de comunicação complementares que, juntos, permitem
uma ampla variedade de casos de uso: as comunicações
diretas V2V, V2I e V2P, para apoiar a segurança ativa, e a
conscientização situacional aprimorada, detectando e trocando
diretamente informações vitais (por exemplo, avisos
de perigo na estrada), usando transmissão de baixa latência,
na banda ITS de 5,9 GHz, globalmente harmonizada
– lembrando que V2V, V2I e V2P não dependem da rede
móvel, e não exigem assinatura do celular; comunicações
baseadas em rede V2N para oferecer suporte a telemática,
infotainment conectado, e uma variedade crescente de casos
avançados de uso de redes sem fio 4G e 5G emergentes
sobre o espectro licenciado. O C-V2X Release 14 está
evolutivo para o 5G, que trará recursos complementares,
mantendo a compatibilidade com versões anteriores. E, ao
incorporar os recursos de 5G NR, o Release 16 fornecerá
suporte de operadora de banda larga, para alcance e
posicionamento altamente precisos, e trará uma taxa de
transferência mais alta, menor latência e maior confiabilidade
para recursos avançados, para condução cooperativa
e autônoma, como compartilhamento de sensores de alta
taxa de transferência, e desempenho real. |
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João Delgado lembra que “Integrar com a nuvem é
um pouco mais fácil com OPC-UA, mas não é fundamental,
pois, um gate resolve. Essa realidade não existe em
lugar nenhum do mundo, e mostramos isso, em 2016, na
FEIMEC, quando apresentamos nosso primeiro demonstrador”.
Com várias tecnologias ‘de prateleira’, João coordenou a customização de brindes utilizando uma linha de
manufatura com apoio da Beckhoff, Romi, Rexroth, Kuka,
Hexagon e outras.
Segundo Soares, da Beckhoff, “Além de decidir o
controle, é importante entender quais protocolos são
adequados a quais finalidades. Por exemplo: para o
chão-de-fábrica, defendemos o uso da EtheCAT, devido
à sua grande velocidade, facilidade de configuração,
diagnóstico, infraestrutura de rede necessária para o seu
funcionamento. Já o OPC-UA é mais interessante para
aplicações em que é necessária segurança dos dados.
Quando o interesse for logar dados para um servidor,
rodando em nuvem um grande volume de dados, o
MQTT, com os dados formatados em JSON, pode ser
uma boa opção.”
Um relatório sobre Plataformas IoT Industriais para
Manufatura 2019-2024 – de autoria da IoT Analytics–,
revela que esse mercado de integração está se acelerando,
à medida que mais indústrias investem na sua transformação
para empresas baseadas em dados. E a manufatura
discreta é a área nº 1, em termos de gastos nesse
mercado, até 2024, muito porque os fabricantes de máquinas
industriais e automotivas são desfiados para personalização
em massa, e diminuição do ciclo de vida do
produto, por exemplo. Isso leva à implantação das novas
tecnologias, que alavancam os recursos de IoT, nuvem,
análise e big data, para aprimorar sua capacidade de
inovar e maximizar o retorno de seus ativos. O objetivo
final é sempre aumentar a eficiência e a produtividade
em todas as operações da fábrica, oferecer resultados
de maior qualidade, e aumentar a lucratividade – sem
esquecer da sustentabilidade.
Todos querem alcançar sucesso nessa transformação,
que é necessária,
e está acontecendo.
Todos querem
alcançar o nível
de uma Amazon,
hoje. Às vezes, se
esquecem de que
existem etapas que
não podem ser puladas.
Muito se fala
sobre a máxima de
Clive Humby, matemático
e arquiteto
da Tesco, cunhada
em 2006, de
que os dados são o
novo petróleo. Sim,
os dados são valiosos,
mas se você
não os aquisitar, refinar
e analisar, não
podem ser usados; eles precisam se transformar em gás,
plástico, máquinas... uma infinidade de produtos para que
tenham valor. E, ao contrário do petróleo, os dados não
são um recurso finito. O próprio Humby, recentemente,
comentou que “...todo mundo entra em cena e fala sobre
como a IA e o Big Data podem revolucionar os negócios;
mas acho que é necessária uma palavra de cautela. Todas as
palavras associadas tendem à hipérbole. (...) Qualquer pessoa
que realmente entenda as origens da IA e do Machine
Learning reconhece que é o número de sinais que produz
bons resultados, não a quantidade de dados (...) Olhe para
os fundamentos do seu negócio, e analise criticamente o
que a IA pode fazer por você ... por quanto tempo será uma
vantagem competitiva? seus dados são bons o suficiente?”
Maior transparência, novas e maiores expectativas
dos clientes e tecnologias disruptivas estão
mudando as formas tradicionais de competitividade. Do
mobile ao machine learning, do big data à blockchain,
não há fim para o que a tecnologia pode ativar ou melhorar
– ou ainda, destruir.
O World Economic Forum afirma que, ao entrarmos
na Quarta Revolução Industrial, as novas tecnologias trazem
imensas oportunidades para transformar a maneira
como fazemos negócios, e essas tecnologias estão impulsionando
novas maneiras de criar valor em uma economia
circular, tanto para novas empresas, quanto para as
já estabelecidas. O mesmo WEF continua: “dada a fragilidade
da economia linear, baseada em sua dependência
de recursos naturais finitos para o crescimento, e à medida
que nos aproximamos cada vez mais das fronteiras
do nosso planeta, parece que a empresa com a cabeça
nas nuvens pode ser a chave para liberar o valor em uma
economia regenerativa”. |
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Integração é possível hoje
A Romi apresentou no início deste ano esse badalado
conceito de conectividade pronto para uso, aplicado
à injetora ROMI EN 220. A empresa colocou a máquina
para operar com a integração entre periféricos, robô e
sistema de gestão de produção, sendo todos os processos
programados e monitorados pelo comando CM20,
presente nos modelos mais recentes das máquinas para
plásticos da Romi – esse comando aumenta a capacidade
de processamento e permite integração e monitoramento
remotos. |
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“Sendo a integração entre homem e máquina
um dos pilares da Indústria 4.0, nosso principal
objetivo é oferecer máquinas com alta tecnologia
que atendam a nova geração da indústria”,
comentou William dos Reis, diretor
da unidade de máquinas para plásticos,
ressaltando que existe mais de um caminho
para entrar nessa nova Era. |
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Dentro do conceito totalmente integrado,
a empresa trabalha com a metodologia SMED
(Single Minute Exchange of Die), que pode ser traduzida
como “troca rápida de ferramenta”, referência mundial
quando se trata da redução do tempo de setup de
máquinas, sendo um recurso eficaz para garantir
mais produtividade. A SMED está alinhada com
o conceito que busca a total integração dos
equipamentos e sistemas de gerenciamento
de produção, redução de custos, menores
riscos de acidentes, redução de falhas
no processo de setup e geração de maior
produtividade: com uma injetora equipada
com sistema de troca rápida de molde, composto
por robô, placas magnéticas e sistemas
de acoplamentos rápidos, a troca de moldes – um
dos grandes desafios do setor plástico - é realizada menos
de 5 minutos, de forma totalmente automatizada, sem
qualquer intervenção humana. |
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