Revista Controle & Instrumentação Edição nº 249 2019
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Cover Page
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Automação em saneamento
Sabesp destaca-se no cenário
internacional com aquisição
de dados |
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A Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo –, na tentativa de mitigar os
problemas derivados da situação crítica, vivenciada
pelo setor de saneamento básico, desde início dos
anos 2000, e que responde por comprometimento das
estruturas em operação – buscou parceiros para desenvolver
projeto inédito, que, após cinco anos, entrou em
operação em novembro de 2018 e, desde então, se está
expandindo. A iniciativa também coloca a concessionária
entre as 100 empresas mais inovadoras (ranking
Whow de Inovação), obtendo a 23ª colocação no total,
e o segundo lugar no segmento de Utilities e
Energia. |
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O projeto consiste em “comprar os
benefícios da instrumentação, e instigar
o mercado a vir para o negócio, ou seja,
compra de dados analíticos para a automação
de estações de tratamento de água
(ETA), e estações de tratamento de esgoto
(ETE), acondicionadas em containers, para a
Região Metropolitana de São Paulo”, resume o
engenheiro de automação Oto Elias Pinto, gestor
do Plano de Automação de Sistemas Operacionais, da
Superintendência da Gestão de Empreendimentos, da
Diretoria Metropolitana da concessionária.
“Modelamos o estudo técnico, de modo que a remuneração
dos parceiros ocorre com base na disponibilidade
plena dos equipamentos e na performance, com
plano de manutenção preventiva, levando em consideração
que a manutenção corretiva pune o fornecedor. Essa
opção é inédita no mundo todo, e muda completamente
a forma de a Sabesp se relacionar com o mercado, pois, a
empresa deixa de comprar equipamentos de alta tecnologia
e custos elevados de aquisição e manutenção, que
fazem a análise de pH, turbidez, cloro residual e flúor,
entre outros elementos presentes na água, para contratar
o fornecimento desses dados online, transferindo
para o fabricante toda a responsabilidade
de mantê-los em pelo funcionamento”,
explica Oto Pinto. |
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Para Pedro Mendes, engenheiro de aplicação e vendas
da Schweitzer/SEL Brasil, é impossível falar sobre a
digitalização de um sistema de saneamento sem tocar na
digitalização de um de seus pontos mais críticos: o sistema
de proteção da subestação de energia. As subestações
de energia são essenciais para o fornecimento da energia
elétrica requerida pelos equipamentos envolvidos nos
processos de saneamento. Como qualquer subestação
elétrica, ela está vulnerável a curtos-circuitos (também
chamados de faltas), advindo de várias causas, como: falhas
dos equipamentos, chuvas e até erros humanos. Um
bom sistema de proteção deve ser capaz de detectar o
curto, e extingui-lo o mais rápido possível. Nesse
sentido, relés digitais que unam segurança,
velocidade de atuação e confiabilidade são
essenciais para alcançar esse objetivo. “Os sistemas de saneamento, no Brasil,
vivem momentos diversos quanto a seu sistema
de proteção de subestações. Enquanto,
em alguns lugares, é possível encontrar
relés de proteção digitais, comunicando entre
si, através de uma rede Ethernet, e subindo
informações para um sistema supervisório, em outros
lugares, ainda são uma realidade subestações inteiras
com relés eletromecânicos. Para começar um processo de
digitalização da proteção, é necessário primeiro analisar
e reconhecer em qual etapa do processo a empresa se
encontra”, afirma Pedro.
As empresas que ainda utilizam relés eletromecânicos
devem buscar a migração para os relés digitais microprocessados,
que oferecem tempos de atuação de até 16 ms,
além da possibilidade de integração e comunicação com
outros equipamentos da subestação. Além da melhoria
significativa na velocidade de extinção da falta, a possibilidade
de integração com outros relés e equipamentos de
automação permite uma maior flexibilidade e possibilidade
de automação. Esquemas mais avançados de controle
e automação podem ser convertidos em melhorias
na eficiência de seus processos. As informações coletadas
pelos relés digitais também podem ser enviadas para um
sistema de monitoramento, por exemplo, permitindo um
controle constante do desempenho de sua subestação.
Os relés empregados devem ser robustos, possuindo altos
MTBFs (mean time between failures), e ter suas placas de
circuito impressos revestidas com conformal coating, uma
resina que protege as placas contra as agressões do meio
ambiente, como gases, sujeira, insetos e maresia. Esses
cuidados permitem que a confiabilidade do sistema
de proteção não seja prejudicada com a troca de
tecnologia.
Para as empresas que já utilizam relés
de proteção digital, uma mudança em sua
arquitetura pode trazer grande economia:
a colocação de relés no pátio. Relés digitais
robustos, que possuam uma ampla faixa de
temperatura de operação, imunidade a vibração,
e permitam o revestimento de suas placas de
circuitos impressos com conformal coating, podem
ser instaladas no pátio das subestações, perto dos equipamentos
elétricos primários. Essa possibilidade diminui
drasticamente os gastos com cabos de cobre e com a
mão-de-obra agregada nesse serviço, sem comprometer
o desempenho e a confiabilidade do sistema de proteção.
A instalação de relés no pátio é um passo simples,
mas que traz impactos econômicos positivos aos projetos
de subestações elétricas.
“A digitalização do sistema de controle e proteção
das subestações de energia são essenciais para o bom funcionamento
de sistemas de saneamento, trazendo mais
segurança e controle para todo o processo”. |
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Confiabilidade e economia
A consequência direta do projeto – reforça o gestor – “é a mitigação para o mercado da etapa mais vulnerável da automação: o risco. Ou seja, quem conhece o equipamento é que vai prestar o serviço. Com isso, ficam garantidos a confiabilidade no processo, e o aumento significativo de produtividade, com redução no consumo de energia e de produtos químicos, assim como de mão-de-obra, que é realocada para outras atividades essenciais da Companhia”.
As entregas, de novembro de 2018
a março de 2019, após licitação, compreendem
seis ETAs (duas em Guarulhos,
e as demais em Cotia, Embu
Guaçu, Mairiporã e Salesópolis), e uma
sétima está em fase final de instalação
(Rio Grande da Serra). Ainda este ano,
serão licitadas outras 15 unidades, para
São Paulo (duas), Barueri (duas), Cotia,
Biritiba Mirim, Cajamar, Mairiporã, São
Bernardo do Campo, Santana de Parnaíba,
Pirapora do Bom Jesus, Nazaré Paulista, Pinhalzinho,
Socorro e Vargem Grande.
Os ganhos são computados de várias formas, mas
se resumem a custos operacionais e de manutenção. “A
automação reduz a necessidade de mão-de-obra técnica,
de 5,5 funcionários, para 1,5, por estação”, comenta Oto
Pinto, citando também o aumento no número de análises
da água: “Por este modelo, são realizadas, mensalmente,
em média, 100 mil análises, em cada ETA. No formato anterior,
não ultrapassavam as 10 mil, por mês, por estação.
Se fossemos adquirir esses 100 mil dados da forma tradicional
(compra de equipamentos de análises), a operação
ficaria 63% mais cara”, comemora. |
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“As empresas de saneamento e água enfrentam
desafios únicos. As válvulas, geralmente, são de movimento
lento, críticas, parcialmente submersas, e
muitas vezes remotas. A Westlock possui uma solução
que atende esta dificuldade: trata-se do transmissor
de posição da série Digital EPIC.
A versatilidade da série Digital
EPIC permite uma plataforma
padronizada que
pode atender a qualquer
aplicação”, afirma Fernando
Luquetti, Gerente
Regional América
Latina da Westlock.
A série Digital Epic
D500 apresenta um compartimento
de fiação separado,
exibição visual da posição e LCD aprimorado,
trazendo também a capacidade de fazer uma
transição para protocolos sem fio, com o Hart7.
Disponível com DD ou DTM, o usuário final pode
ainda usar a suíte de análise do software para monitorar
a integridade da válvula. |
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Parceria com resultados
Essa primeira licitação foi vencida pela Hexis, uma
empresa do grupo Hach, pertencente à plataforma de
qualidade de água da empresa Danaher, com mais de 20
anos de experiência no mercado brasileiro, com foco em
controle de qualidade de laboratórios e plantas de estações
de tratamento de água e esgoto pelo Brasil. |
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“O projeto despertou o interesse
da empresa, porque a Hexis
entende que a metodologia de
aquisição de dados, ao invés
da compra de instrumentação
analítica, é o futuro para
o mercado de saneamento
de países emergentes, e trará
ganhos significativos às companhias
de saneamento, vistas as dificuldades
destas empresas em instalar,
calibrar e manter os equipamentos analíticos funcionando plenamente”,
ressalta Marcelo Tranquero, gerente de Mercado
Vertical – Saneamento e Meio Ambiente da Hexis, no Brasil. |
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O ineditismo do projeto também respondeu por intenso
intercâmbio com a matriz, inclusive na formatação
do modelo comercial e do projeto de risco. Dificuldades
também foram equacionadas no mapeamento dos itens
necessários, mas, “por ser um projeto inédito, no mundo,
para o setor de saneamento, a Hexis não mediu esforços
para ser a pioneira no Brasil neste tipo de fornecimento,
firmando-se como líder de mercado”, celebra Tranquero,
listando entre os ganhos para a empresa “a garantia de
que o cliente usará nossa instrumentação por um longo
período (fidelização), o fato de estar presente diariamente
no cliente, inclusive desenvolvendo novos negócios, e a
visibilidade nacional e internacional”. |
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Soluções diversas
A aplicação de automação em sistemas de saneamento
é crescente, e responde por ganhos expressivos,
mesmo que ainda distantes daqueles resultantes da inovação
da Sabesp. |
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Fernando Santana, diretor
de Utilities e Serviços Públicos
da SAP Brasil, lembra que a
utilização de soluções de
software, por exemplo,
contribui na gestão da operação
e, se somadas a IoT
(Internet das Coisas) e Inteligência
Artificial (IA), favorece
a gestão de contratos de terceiros,
respondendo pela medição do
contratado.
“Estamos com um piloto com uma concessionária
privada, em que conseguimos fazer a gestão e otimização
do sistema de forma remota, otimizando o uso da infraestrutura
nas sazonalidades”, exemplifica Santana, falando
do que é usual no presente. O olhar do executivo, no
entanto, também está voltado para futuro próximo, com
infraestrutura utilizando soluções de georreferenciamento,
que ajudarão na otimização da linha de esgoto, dando
maior efetividade no atendimento ao cidadão. |
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Sinaliza, também, a possibilidade de utilização de
IoT associada à Big Data e machine learning, para análise
de fraudes ou integridade dos negócios. Essa possibilidade
– garante Santana –, pela análise de padrões de comportamento
e distribuição, é passível de identificar pontos de
fraude ou de perda, tanto técnica, quanto não técnica.
“Eficiência é desafio, até para reduzir o custo do cidadão,
pois, a falta de eficiência do sistema se reverte em
aumento da tarifa”, frisa o diretor da SAP, agregando a
digitalização das redes de saneamento a essas possibilidades
de aplicação de tecnologia. |
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Essas sugestões, pontuadas
por Santana, são corroboradas
por Gabriel Dallacqua, consultor
de vendas da Novus,
que entende a tecnologia
como ferramenta para equacionamento
de necessidades
operacionais, desde a captação
até a distribuição, tanto em
ETAs, quanto em ETEs.
“Do ponto de vista de processos
administrativos, a tendência cada vez maior é a unificação
entre a tecnologia de automação e a tecnologia da
informação, facilitando procedimentos como, por exemplo,
entre fornecedores e o operacional, gerando gatilhos
de compra de insumos automáticos, ou, até mesmo, entre
clientes e o processo produtivo de tratamento, reduzindo
o tempo operacional de uma eventual necessidade de
correção no sistema” descreve Dallacqua, que vislumbra
como possibilidades a aplicação de inúmeras tecnologias nos campos de Controle e Automação, Tecnologia
de Instrumentação, Tecnologia Analítica e Tecnologia de
Conectividade. |
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Seu posicionamento é fundamentado em resultados
efetivos da Novus, com um case de monitoramento da
vibração e temperatura de bombas de alta potência, de
uma elevatória final da ETE, onde “o FieldLogger aplicado
no projeto permitiu o prolongamento da vida útil do motor,
que, por conseguinte, resultou na redução dos custos
de manutenção, e aumento da disponibilidade funcional
do processo”. Os ganhos computados por Dallacqua com
um sistema totalmente digitalizado envolvem redução de
intervenção no sistema, melhoria da produção, assertividade
nas correções, agilidade na tomada de decisões,
aumento da vida útil dos equipamentos e, por sua vez,
redução dos custos operacionais.
Colocando em destaque a tendência de aplicação
de tecnologias oriundas dos conceitos de IoT, o consultor
de vendas da Novus acredita na digitalização das
plantas de saneamento, e alerta: “No segmento de saneamento,
os sistemas de supervisão são tipicamente o
elo que marca a capacidade de digitalização das plantas
de tratamento, podendo atingir assim a próxima camada
da digitalização, envolvendo comunicação com banco de
dados, podendo estes se estenderem a historiadores e,
assim, evoluir para a construção de um BigData. A partir
deste ponto é possível atingir o formato mais avançado
da digitalização atualmente, que é a capacidade
dos sistemas digitalizados de executarem algoritmos de
previsibilidade da operação, resultando em conceitos de
Analytics, que por sua vez, mudam todo o formato de
operação das plantas, que podem antecipar correções
operacionais, reduzindo os custos de intervenção nos
sistemas produtivos, e melhorando a qualidade do fornecimento”. |
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Software de dimensionamento
de sistema de tratamento
de água – de download
gratuito –, capaz de combinar
tecnologias de troca
iônica e osmose reversa da
Lanxess, o LewaPlus permite
o uso de até três tecnologias
em série em um mesmo
projeto, informa Ricardo Pinheiro,
gerente da unidade de negócios Liquid
Purification Technologies da Lanxess, no Brasil.
A plataforma, além de favorecer o planejamento e
o desenvolvimento de sistemas de tratamento de água,
também prevê o consumo de energia e a necessidade
– ou não – de pós-tratamento da água, assim como para
diagnóstico de instalações existentes, com a meta de otimizá-
las.
“O LewaPlus dá informações sobre potência de bomba
a ser aplicada no projeto, número de vasos de osmose
reversa, configuração dos vasos, número de estágios, volume
de resinas, condições de regeneração da resina, contribuindo
com a área de Engenharia”, resume Pinheiro, lembrando
que a solução oferece ferramenta para calcular o
CAPEX e OPEX dos sistemas projetados. |
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Norma ISA 112 aplica sistemas SCADA
ao saneamento Em processo de criação pelo comitê correspondente,
a norma ISA 112, é uma norma técnica da The International
Society of Automation, que tratará do desenho,
implementação, operação e manutenção de sistemas
SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) – ou
sistemas de supervisão e controle – para água e esgoto,
energia, óleo e gás e outras indústrias. A meta é
apoiar a integridade e a confiabilidade gerais
desses sistemas. Como explica Carlos E. G. Paiola – engenheiro
eletricista, mestre em Engenharia
de Automação e Controle, diretor da ISA
São Paulo Section, e fundador da seção
estudantil ISA Poli/USP, entre outras funções
– “os textos resultantes deste trabalho,
incluindo norma e relatórios técnicos, fornecerão
uma série de orientações práticas sobre como
projetar, implementar, operar e manter sistemas SCADA,
documentando as melhores práticas em uma variedade de
atividades e setores”.
O comitê da norma, liderado pelos profissionais
Graham Nasby e Ian Verhappen, tem como plano desenvolver
um ou mais textos, a serem complementados por
relatórios técnicos, expandindo os detalhes da implementação
e diretrizes específicas de cada setor.
No caso específico do setor de saneamento, “a ISA
112 será bastante útil para diferentes tipos de profissionais,
incluindo projetistas, integradores
de sistema e usuários finais de tecnologia de
concessionárias de água e esgoto”, comenta
Paiola, destacando que “as boas práticas e os
exemplos registrados no material da norma
serão referência para diversas aplicações de
sistemas SCADA, muitas vezes chamados de
sistemas de telemetria e telecomando em saneamento.
São exemplos de aplicações os sistemas
de supervisão de estações de tratamento de água e
esgoto (ETA e ETE), os sistemas de estações elevatórias de
água e esgoto (EEA e EEE), e sistemas de gestão de níveis de
reservatórios de água”. |
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