Revista Controle & Instrumentação Edição nº 247 2019
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Eficiência energética é realidade
na indústria |
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Diversos países têm fomentado a eficiência energética
no setor industrial, com resultados que
encorajam ações similares no Brasil. Com os
ganhos da eficiência energética, a EPE – Empresa de
pesquisa Energética – projeta, para 2030, uma economia
anual de 35,2 Mtep, ou 8,7% do consumo total de
energia, cabendo à indústria 39% disso, e o Plano Nacional
de Energia – PNE – 2050 indica que medidas de
eficiência energética em indústrias podem responder por
23% da energia economizada no país, cerca de 23 TWh,
em 2030, 2,4% da energia que seria consumida, caso medidas
de uso racional não forem adotadas. Considerando
os resultados de outros países, essas expectativas podem
ser consideradas modestas.
E, apesar de seus vários programas, o Brasil está mal colocado
no ranking de eficiência energética do ACEEE – American
Council for an Energy-Efficient Economy, que analisou
as 23 maiores economias do mundo, sob a ótica da eficiência
energética: temos uma das matrizes elétricas mais
limpas do mundo, com altos níveis de desperdício. Foram
avaliados quatro tópicos principais em cada um dos países:
esforços nacionais, edificações, industrial e transporte.
E, a situação do Brasil fica ainda pior, quando comparado
com outros membros dos BRICS (Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul), revelando o quanto nossa
matriz energética é ineficiente, e destacando a necessidade
de programas que vão além de ações relacionadas à
geração de energia – foco governamental nas últimas. |
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A eficiência energética terá de responder por quase
metade de todas as reduções de emissões de gases de efeito estufa necessárias, até 2040, para limitar o aumento
global da temperatura a dois graus Celsius, de acordo
com a Agência Internacional de Energia.
Eficiência energética pode ser definida como a relação
entre o efeito útil desejado e o consumo de energia.
Por limites físicos e econômicos, sempre existem perdas
nos processos de transformação e transporte que a energia
atravessa, desde a natureza, até alcançar os usuários
finais, quando se transforma em algum efeito útil, como
movimento, iluminação, aquecimento, etc. Para manter
essas perdas o mais baixo possível, existem duas alternativas,
necessariamente complementares: usar tecnologias
eficientes e adotar hábitos racionais, por exemplo, não
adianta substituir lâmpadas incandescentes por LEDs e
manter as lâmpadas acesas sem necessidade. |
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“Eficiência energética é um termo amplo, que pode
ser definido como a possibilidade de otimização nos processos
de transformação, transmissão e consumo
de energia. Ou seja, a utilização
racional da energia transformada/gerada
de todas as formas, seja energia
química, mecânica, térmica,
luminosa ou elétrica. Existem ao
menos dois fatores para o desperdício
de energia, ao longo desses
processos: os físicos e inevitáveis, e
o mau aproveitamento da energia gerada,
pois, a energia nem sempre é devidamente
aproveitada”, diz Paulo Silas Fernandes, consultor
sênior de Desenvolvimento de Negócios do SiDi,
Instituto de Tecnologia de Campinas. |
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“Na Chemtech, costumamos definir eficiência energética
como redução do custo de energia por unidade
produzida, e a tratamos dentro de um
contexto mais amplo: Gestão Energética,
dividida em três grandes áreas:
Tecnologia, Processos e Pessoas.
E, do ponto de vista de Gestão
Energética, não há diferença entre
Indústria, Residência e GTD. Mas,
o peso do impacto de cada uma
das áreas, e o valor absoluto dos
ganhos serão diferentes”, comenta
Davi Hoffmann, da Chemtech Serviços
de Engenharia e Software/Siemens. |
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O conceito básico de Eficiência Energética se aplica
aos diferentes cenários – de grandes indústrias, sistemas
elétricos que fazem parte do SIN – Sistema Interligado
Nacional, controlado pelo ONS – Operador Nacional do
Sistema Elétrico –, até as residências –, bem como outras
aplicações, tais como comércio, mobilidade, etc. A
diferença está nas infraestruturas, dimensões e soluções
técnicas necessárias em cada caso – o que exige a identificação
das deficiências peculiares de cada processo, e
implementação das adequações necessárias, como o redimensionamento
e modernização de máquinas, sistemas
de transmissão e distribuição, equipamentos domésticos. |
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“Geralmente as empresas de energia (GTD), se preocupam
com seus processos e procuram manter suas perdas
em níveis aceitáveis, porém, muitos consumidores residenciais,
comerciais, industriais e do setor público não
têm informações ou orientações, ou mesmo consciência
das oportunidades e vantagens de se
promover a eficiência energética.
E o setor industrial pode e deve
fazer muita coisa. Já há algum
tempo, diversas indústrias estão
ampliando seu lucro, através de
diversas alternativas tecnológicas,
que promovem a eficiência energética”,
comenta o Prof. Luiz Horta
Nogueira, do Nipe/Unicamp e do
Excen/Unifei. |
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“Quando se fala de um ambiente de eficiência energética,
podemos ter duas conotações básicas: mudança de
processo ou rotina, e mudança de equipamentos. Isso vale
para ambientes residenciais, comerciais e industriais – e aqui
falamos de indústrias de qualquer porte, mesmo as eletrointensivas. São mudanças de comportamento e/ou troca de
iluminação, motores, ou sistemas – como os de refrigeração,
porque hoje existem equipamentos mais
modernos, eficientes e econômicos. E a
CPFL Soluções, com mais de 100 anos
de experiência, tem conhecimento e
acesso às mais novas tecnologias
para levar soluções sustentáveis
aos nossos clientes,” conta Flávio
Souza, diretor da CPFL Soluções. |
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Uma empresa que vende energia
quer que seu cliente consuma menos?
Não existe aí nenhuma contradição.
Flávio explica que é do interesse da CPFL Soluções que
seus clientes tenham operações sustentáveis e, assim, continuem
a consumir. “Se eu não der suporte ao meu cliente,
corro o risco de não tê-lo mais no futuro. Damos suporte
tecnológico e até investimos para que ele se torne mais
competitivo e, dessa forma, tenha um aumento de demanda.
É um ciclo virtuoso”.
As oportunidades de eficiência energética nos diferentes
setores ficam nítidas no trabalho do Excen – Centro
de Excelência em Eficiência Energética (Figuras abaixo) |
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“Para a indústria, hoje, a eficiência energética não é
simplesmente uma questão de performance; tornou-se uma
questão de sobrevivência, em razão dos custos. Mas, muitas
vezes, os empresários, em especial os pequenos e médios,
desconhecem as oportunidades de economia de energia que
existe em seus processos industriais, atentando-se a apenas
a dois itens da fatura de energia, `valor da conta´ e `data
do vencimento´, sem fazer uma análise mais criteriosa sobre
essa despesa. Então, de uma forma bastante
simples, podemos definir Eficiência
Energética, como ações para evitar
o desperdício de energia”, diz
Marco Antonio Chagas, diretor
de unidade de formação
profissional do Senai, Jorge
Mahfuz. |
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A Eficiência Energética é uma
ferramenta que o mundo todo reconhece
como geradora de resultados e, por
isso, tem programas específicos em diversos países. Os programas
listados na tabela* podem ser tomados como exemplo,
para que o Brasil avance na promoção da eficiência
energética em indústrias. Os programas apresentaram resultados
positivos, em termos de energia efetivamente economizada,
e em todos eles a disponibilidade de dados sobre o
consumo constituiu um elemento decisivo em todas as fases
(planejamento, execução e avaliação). Realmente, seria impossível
conceder benefícios, avaliar economias e reduções
de demanda, sem conhecer os dados reais de produção de
bens e o consumo de energia associado.
No Brasil, a política mais efetiva para aumento da eficiência
energética é o PBE – Programa Brasileiro de Etiquetagem,
que, juntamente com os selos Procel e Conpet, define
índices mínimos de eficiência para máquinas equipamentos
que estão na indústria, comércio e residências brasileiras.
Graças à Lei 10.2095/2001, muitos equipamentos são obrigados
a ter essa eficiência mínima. Outra ação importante é
a que obriga as distribuidoras de energia a investirem uma
parte da Receita Operacional Líquida em um Programa de
Eficiência Energética, o PEE, mas não há esta obrigação nos
ramos de transmissão e de geração de energia. |
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O executivo do Senai ressalta que o primeiro passo
é contratar um diagnóstico para conhecer quais são
as oportunidades de eficiência energética existentes na
planta, qualquer que seja o tamanho da empresa. Conhecidas
as oportunidades, é necessário estabelecer um
plano de ação, elencando prioridades e investimentos,
sendo recomendado também, um programa de gestão de
energia (ainda que simplificado) para acompanhamento.
“O empresário precisa saber quanta energia ele gasta
para produzir uma ‘unidade de produto’ na sua empresa
e, principalmente, o quanto ele pode reduzir este gasto.
Via-de-regra, as indústrias de grande porte possuem comitês
e pessoas qualificadas para realizar a gestão de energia,
o que não é muito comum em pequenas e médias empresas.
E, muitos dos ganhos em eficiência energética são
atingidos a partir de ações de baixo ou nenhum
custo, que podem ser implantadas
de imediato”, afirma Marco Antonio. |
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Marisa Zampolli, engenheira eletricista,
consultora do Procobre – Instituto
Brasileiro do Cobre –, lembra que
a eficiência energética é a relação entre
a energia requerida e a energia realmente
utilizada para realizar um trabalho,
como iluminar, por exemplo. “Quanto mais próximo de 1
for essa relação, mais eficiente é o seu sistema, e menores
serão as perdas. Ao longo dos anos, o Brasil construiu uma
estrutura consistente de ações e programas de eficiência
energética, tendo definido instrumentos legais e regulatórios
– etiquetagem, programas nacionais de conservação
como o Procel, o PEE (Programa de Eficiência Energética)
das distribuidoras, Programa de Índices Mínimos de Eficiência
Energética, Plano Decenal de Expansão de Energia
2026, Plano Nacional de Energia 2030, e o Plano Nacional
de Energia 2050. Em termos de financiamento, há algumas
linhas de crédito do BNDES, e a obrigatoriedade de
as concessionárias de distribuição investirem parte da ROL
(Receita Operacional Líquida) no PEE (Programa de Eficiência
Energética)”. |
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São Paulo tem um programa chamado Desenvolve
SP, voltado para pequenos e médios empresários; o
BNDES tem várias linhas de financiamento para empresários
de diferentes portes; as distribuidoras de energia
investem um percentual da sua receita em projetos de
eficiência energética na sua área de concessão; e existem
alguns bancos privados, que também têm linhas de financiamento
para projetos de eficiência energética.
Mas, energia é uma questão de Estado, e o Brasil
possui uma política consolidada, que segue um planejamento,
há décadas, que tem se mostrado eficiente, e vem
adequando-se, com o tempo, às inovações tecnológicas,
mudanças sociais, econômicas e políticas. Existem iniciativas
em esferas municipais, estaduais e federais, linhas de
incentivo, entre elas o Programa de Eficiência Energética
da Aneel – que determina o investimento de 0,5% da
Receita Operacional Líquida das distribuidoras de energia
elétrica em projetos de eficiência energética. Este programa
gera chamadas públicas anuais, não tem juros, e pode
ser amortizado com a energia economizada.
O desenvolvimento de projetos para as Chamadas
Públicas do Programa de Eficiência Energética da Aneel é
uma das formas que Senai, CPFL e outras empresas têm,
de auxiliar a indústria na implementação de ações que
busquem a eficiência.
“As distribuidoras de energia da CPFL mantêm um
programa, voltado para eficiência energética financiado
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); nós, da
CPFL Soluções, fazemos parte do mesmo Grupo e, às vezes,
realizamos parte desses projetos. Mas não nos limitamos
à área de concessão da CPFL, atuamos em todo o Brasil.
Nós avaliamos o potencial do cliente, identificando os investimentos
que podem ser feitos – investimento que
podem até ser feito por nós! Podemos, por exemplo,
trocar todo o sistema de refrigeração para consumir
menos energia, e continuamos responsáveis pela
operação e manutenção desse sistema. Podemos
ainda fazer a gestão do consumo do cliente, para
ver se ele está sobre ou sub contratado, para que seu
consumo seja otimizado”, conta Flávio.
Marco Antonio, do Senai, conta que, para as indústrias
que não possuem um Gestor de Energia, o Senai
oferece toda sua expertise e estrutura para realizar esse
trabalho. Ressalte-se que o Senai, por meio do Instituto
Senai de Tecnologia em Energia, é uma referência nacional
na implantação de Sistemas de Gestão da Energia
(SGE), com base na ISO 50.001, sendo responsável pela
implantação do SGE em, aproximadamente, 30% de todas
as empresas certificadas no Brasil.
O executivo do SiDi lembra que todo consumidor
pode ser mais eficiente do ponto de vista energético, e
as indústrias – pequenas, médias ou grandes – precisam
começar revendo seus processos, pois, nos processos
produtivos, existem várias falhas e oportunidades de melhoria.
“Mas, isso não significa, necessariamente, investimentos
em novas instalações, máquinas e equipamentos
tecnologicamente mais avançados. Muitas vezes, uma
simples mudança de layout, ou horário de funcionamento,
pode acarretar drástica redução de desperdício de energia.
Obviamente, depois da revisão de cada processo e da
otimização dos recursos, cada tipo de indústria, com suas
peculiaridades, pode receber investimentos em modernização,
que podem aumentar ainda mais o potencial dessa
eficiência. Por exemplo, uma metalúrgica pode investir na
revisão de seus fornos; uma fábrica de alimentos processados,
na atualização de suas máquinas de empacotamento.
Outro exemplo está na quantidade de escritórios comerciais
de uma metrópole, como São Paulo, que permanecem
com todas as suas luzes acesas, mesmo depois do
término do expediente normal”.
“As indústrias possuem diferentes approachs para
essa questão. As pequenas estão mais focadas em ações
imediatas, com pequenos investimentos, como a troca de
lâmpadas. As maiores possuem uma visão holística, e já
olham de forma mais estratégica os diversos processos e
equipamentos, e as mais ‘sábias’ adotam a gestão de energia,
o que vai muito além da eficiência energética. A transferência
de conhecimento, a disseminação dos conceitos,
a realização de workshops e a exposição de estudos de
caso são meios de promoção do debate, que favorecem e
estimulam uma indústria mais eficiente, competitiva e sustentável.
O Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre, por
exemplo, cumpre esse papel, liderando estudos, como a
Pesquisa Mercadológica Sobre Motores Recondicionados,
executada pela PUC-Rio e a publicação dos Estudos em
Eficiência Energética – Recomendações para Políticas Públicas,
levado a cabo pelo Excen – Centro de Excelência
em Eficiência Energética –, da Unifei – Universidade Federal de Itajubá – e com apoio do MME”, comenta Marisa
Zampolli. |
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Desarticulação é principal entrave para sucesso da efi ciência energética no Brasil |
O que as instituições públicas e as associações de
classe podem fazer para que as metas previstas de economia
de energia, e redução de demanda, se realizem
e envolvam agentes privados, ainda pouco empenhados
em investir em eficiência energética, são algumas das
questões, abordadas em um estudo pioneiro liderado
pelo Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), e pelo Excen
(Centro de Excelência em Eficiência Energética), da
Unifei (Universidade Federal de Itajubá), com o apoio do
MME (Ministério das Minas e Energia).
A pesquisa revela, não só as iniciativas e possibilidades
de cooperação e sinergia em eficiência energética
conduzidas por diferentes instituições no país – atualmente,
de cerca de 80 ações –, mas, também, a oportunidade
de uma maior articulação dos organismos, na
hora de desenvolver atividades de consumo consciente
do insumo energético, o que é tido como principal obstáculo
para que a eficiência energética entre na agenda do
setor produtivo.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores do
Excen, professores Jamil Haddad e Luiz Augusto Horta
Nogueira, contam que foi necessário elaborar uma lista
das atividades em eficiência energética, associadas a uma
ou mais instituições pesquisadas, relacionando essas iniciativas
quanto aos usos finais, à existência de atividades
transversais de treinamento ou capacitação, gestão energética
e às ações de marketing, entre outros parâmetros
considerados.
“Nos últimos anos, construímos uma boa estrutura
de ações e programas de eficiência energética, e definimos
alguns instrumentos legais e regulatórios – etiquetagem,
programas nacionais de conservação, como o Procel, o
PEE (Programa de Eficiência Energética) das distribuidoras,
programa de índices mínimos de eficiência energética, Plano
Decenal de Expansão de Energia 2026, Plano Nacional
de Energia 2030, e o Plano Nacional de Energia 2050, mas
o país ainda é carente, entre outras ações, de uma base de
dados compartilhada, alimentada sistematicamente com
informações confiáveis, para avaliação dos progressos alcançados,
e ajuste do potencial de conservação de energia”,
alerta Haddad.
Para o diretor executivo do Procobre, Glycon Garcia,
as iniciativas de eficiência energética também não podem
renunciar aos mecanismos de gestão, à troca de informações,
articulação e coordenação. “Deve-se buscar sinergia
nas iniciativas de eficiência energética, que apresentam semelhanças
e complementariedades. A execução das ações
pode ser desempenhada de forma descentralizada, e por
vários agentes, mas os resultados precisam ser mensurados
e monitorados periodicamente, para que sua permanência
seja justificada e isso resulte em uma base de dados legítima”,
salienta Garcia.
O estudo, em sua primeira etapa, revisita todas as
iniciativas de eficiência energética em curso, desenvolvidas no país por ministérios e instituições públicas, um
tema essencial para a competitividade e sustentabilidade
do Brasil.
A partir das atividades identificadas, são propostas
1) ações de caráter compulsório e abrangente; e 2)
ações de caráter voluntário e restritivo, sugerindo algumas
diretrizes, como a manutenção e integração dos atuais
programas e ações de eficiência energética, e o desenvolvimento
de uma base de dados compartilhada. A isso, são
apresentados nove projetos para o avanço da eficiência
energética no Brasil.
Nesse sentido, o estudo propõe a elaboração de um
projeto piloto em algum setor industrial, que possibilite
reunir e analisar os dados e informações possíveis de serem
disponibilizados para, em seguida, compartilhá-los.
Em uma etapa posterior, haveria separação das iniciativas,
sob o ponto de vista setorial, possibilitando estudos
específicos, perspectivas tecnológicas, e subsídios à
estimativa do potencial de eficiência do uso da energia
em segmentos industriais, como a cadeia do alumínio
(bauxita, alumina e alumínio); celulose e papel; cadeia
siderúrgica; cerâmica; alimentos e bebidas; e química
(petroquímica, gás-química, alcoolquímica, fertilizantes
e sodacloro).
A etapa seguinte trata de uma modelagem de um sistema
de informações com indicadores para o setor industrial,
com detalhamento das informações disponibilizadas
anualmente pelo Balanço Energético Nacional, com estatísticas
que permitam comparações – benchmarking – entre
as empresas, e frente ao contexto internacional, e a
avaliação de consumos específicos de referência, como a
“Best Available Technology”, e a inferência de potenciais
de economia de energia.
As recomendações também abrangem a permanência
das principais fontes de financiamento dos projetos
de eficiência energética já existentes; a expansão da geração
distribuída, sem prescindir das mudanças de natureza
tecnológica, como a forma de contratação de energia, e a
continuidade de programas de conscientização das pessoas
sobre o uso racional do insumo energético.
“A eficiência energética em indústrias, mediante tecnologias
e práticas operacionais corretas, incrementa sua
competitividade e atenua impactos ambientais. Observando
a experiência dos países industrializados, é possível
reforçar as ações governamentais de fomento à eficiência
energética, coletando e difundindo informações que indiquem
potenciais e prioridades, e estimulem a redução das
perdas de energia”, afirma Horta.
Os resultados obtidos com a experimentação dos
projetos em subsetores poderão subsidiar medidas similares,
a serem adotadas progressivamente em toda
a indústria brasileira, permitindo efetuar comparações
consistentes no setor produtivo, definir metas de desempenho
energético, e implantar o monitoramento dos resultados. |
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Em todo o mundo, a distribuição de energia enfrenta,
anualmente, prejuízos da ordem de bilhões de dólares,
em virtude de perdas comerciais, também chamadas
de não técnicas, provenientes, em grande parte, de furtos
ou fraudes nos sistemas de medição de energia elétrica,
instalados nas unidades consumidoras.
No Brasil, tais perdas equivalem, segundo a Aneel
– Agência Nacional de Energia Elétrica –, a 6,7% da energia
injetada no sistema elétrico, correspondendo a aproximadamente
R$ 4,5 bilhões.
O Cepel vem buscando desenvolver soluções, para
auxiliar as concessionárias a lidarem com esse problema,
e uma destas soluções busca monitorar, alertar e
atuar, quando campos magnéticos de alta intensidade
são posicionados próximos a medidores de consumo.
“O Cepel trabalha nessa iniciativa, desde 2017, a pedido
de uma distribuidora que possuía índice de perdas
comerciais bastante elevado. As equipes da distribuidora
descobriram fraudes produzidas por aplicação de
campos magnéticos intensos, que produziam redução
do registro do consumo real das unidades consumidoras.
Desenvolvemos, então, uma solução que engloba
um dispositivo modular, sistema e método para o monitoramento
desses campos magnéticos de alta intensidade,
explica o pesquisador do Cepel, Luiz Carlos
Grillo de Brito, acrescentando que o invento teve seu
pedido de patente solicitado junto ao Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI) no final de junho.
A redução de perdas não técnicas também produz outros
ganhos econômicos, uma vez que possibilita maior
margem operacional das redes elétricas, considerandose
que regiões de perdas elevadas são mais suscetíveis a
acidentes e desligamentos, provocados por aumentos de
cargas desconhecidas e subfaturadas. |
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Um dos estudos traz um panorama do parque de
motores brasileiro, estimando perdas de energia (algo
equivalente ao consumo de 4,5 milhões de residências
brasileiras), em razão da baixa qualidade do motor reformado.
Para as concessionárias, cada 1% de perda de
energia, se evitada, geraria uma economia de R$ 16,2
milhões de investimentos na expansão de rede. E, para
a indústria, ao custo total das tarifas das distribuidoras,
a perda energética equivaleria ao prejuízo de R$ 4,5 bilhões
no bolso da classe empresarial. Esses números são
uma oportunidade para o empreendedor avaliar o custo
x benefício de aquisição de equipamentos, reformados x
novos, considerando o gasto energético dos equipamentos,
muitas vezes negligenciado.
Marisa explica que, em linhas gerais, o escopo da
pesquisa foi entender, de maneira mais aprofundada,
os mercados de serviços de reparo de motores, e o de
motores reformados que voltam à atividade nas indústrias.
Seus resultados vieram ao encontro dos interesses
do MME – Ministério das Minas e Energia – e do grupo
de trabalho no âmbito do Comitê Gestor de Indicadores
de Eficiência Energética (CGIEE) – do qual o Procobre faz
parte–, cujo objetivo de melhorar a eficiência de motores
recondicionados no Brasil ganha um impulso extra, com a
Portaria Interministerial que entra em vigor em agosto de
2019, e determina o IR3 Premium como o nível mínimo
de eficiência aceitável para motores elétricos trifásicos,
novos ou recondicionados.
Com o Excen, o Procobre identificou os principais
entraves do consumo consciente do insumo energético
pelo setor produtivo. Ao revisitar todas as iniciativas de
eficiência energética em curso no país por ministérios e
instituições públicas, a conclusão foi de que a desarticulação
é o principal entrave para o sucesso da eficiência
energética no Brasil. Então, o trabalho busca subsidiar
políticas públicas, que possam favorecer a integração dos
atuais programas e ações de eficiência energética, e o
desenvolvimento de uma base de dados compartilhada,
para incentivar investimentos privados na área.
Nesse cenário de evolução contínua, a indústria pode
utilizar os dados abundantes, coletados por diferentes sensores,
para compor uma gestão eficiente de energia, otimizando
seus processos continuamente e em tempo real,
utilizando novas metodologias e tecnologias, como Inteligência
Artificial, Big Data, Internet das Coisas, Equipamentos
Autônomos, Visão Computacional, Processamento de Linguagem Natural, etc., dentro do conceito da Indústria
4.0. O segredo está em identificar onde investir de forma
assertiva (e não se há necessidade de investir), o que deve
ser avaliado atentamente pelos gestores de cada indústria,
e com o suporte de especialistas em tecnologia aplicada
a resultados. Um ponto importante, para o sucesso desse
trabalho, é a retenção do conhecimento tácito, e a disseminação
desse conhecimento por meio de plataformas de
engajamento profissional, que vão muito além dos padrões
de ensino tradicionais adotados nas corporações – caso,
por exemplo, da Plataforma de Treinamento e Simulação
de SE (subestações), da ISA CTEEP (Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista).
Davi Hoffmann ressalta que, do ponto de vista de
tecnologia, é importante manter, no parque, equipamentos
modernos e racionalmente dimensionados para
a capacidade produtiva atual. “Uma tendência crescente
é a de soluções integradas, que utilizam os dados dos
processos em tempo real e os traduzem em informações,
indicadores e modelos que suportam processos de tomada
de decisão dos responsáveis, suportando também os
processos de melhoria contínua no contexto da Gestão
Energética. É importante também manter pessoas responsáveis
por acompanhar o fluxo energético dentro de sua
unidade, definir e acompanhar KPIs de custo energético
por unidade produzida, garantir que as atividades de manutenção
sejam executadas de forma adequada, e manter
uma rotina de melhoria contínua. E as pessoas devem entender
os processos, saber operar os sistemas/equipamentos,
e estar motivadas a identificar oportunidades, e fazer
mais com menos, de forma confiável e segura”.
O executivo da Chemtech ressalta que o approach
dependerá do conhecimento que a empresa tem do seu
processo produtivo e da disponibilidade de recursos para
os investimentos. “Como, na maioria dos casos, os recursos
financeiros são escassos, a estratégia e a sequência de
ações são fatores críticos de sucesso. O ideal é garantir
que se está colocando esforço e recurso nas oportunidades
com maior potencial de retorno, mesclando com as de
retornos de curto prazo (cujos resultados de curto prazo
ajudarão a financiar as ações de médio e longo prazo),
extraindo o máximo de valor dos investimentos já realizados,
e definindo estratégias de sustentabilidade desse
investimento e melhorias contínuas ao longo do tempo.
Essa abordagem é a base da nossa metodologia de Plano
Diretor de Digitalização”, afirma Hoffmann. |
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A Braskem, por exemplo, tem realizado um excelente
trabalho de identificação de melhorias de processo
nas suas plantas. Uma delas é a troca de turbinas, à base
de vapor, por motores elétricos de alto rendimento, e
a utilização de gás residual na geração de energia. Ela
uniu esforços com a Chemtech e a Siemens, para chegar
a uma solução de ciclo combinado, que aumenta a
sustentabilidade e confiabilidade operacional do fornecimento
de eletricidade e vapor. A Chemtech participou
do processo de co-criação da solução, e é a atual responsável
pela execução do projeto construtivo. Estimase
uma redução de 11,4% no consumo de água, e de
6,3% nas emissões de gás carbônico da unidade. Além
disso, o modelo Build, Own & Operate (BOO) assegura
que a Braskem foque seus recursos no negócio, deixando
sob nossa responsabilidade os investimentos necessários
à engenharia, implantação, operação e manutenção
da Usina de Cogeração.
Existem inúmeros cases de Eficiência Energética no
Brasil, como o clássico trabalho da multinacional brasileira
Weg, que, em 2008, implantou um projeto de eficiência
energética em seu parque fabril,
que passou a ter os resultados mensurados
desde 2012. Desde então,
a empresa Weg já percebeu uma
economia de aproximadamente 13
GWh por ano, o que é equivalente
ao consumo de aproximadamente
6.800 residências.
E o projeto CasaE da Basf – que
tem como parceiro o SiDi – demonstra
todo o potencial de ecoeficiência
disponível hoje para utilizar no
dia-a-dia – o que torna as indústrias
grandes players, nesse contexto de
eficiência energética.
A CPFL Soluções investiu R$
21,7 milhões, na implantação
da sua primeira fazenda solar,
a usina Capim Branco – localizada
em Uberlândia/MG, projeto
desenvolvido pela CPFL
Soluções, em parceria com a
Alsol, para fornecer energia
para 280 estações da Algar
Telecom, em Minas Gerais, e
a expectativa é de que a geração
de energia, proveniente
da usina fotovoltaica da Algar
Telecom, represente aproximadamente
18% do consumo
total de energia da companhia.
Um dos principais diferenciais
do projeto é o uso da tecnologia
solar tracker (seguidor
solar), que permite às placas
solares acompanharem o movimento
do sol, do leste para o oeste, ao longo do dia.
O uso desse dispositivo possibilita maior captação de luz
pelas placas, tornando o sistema mais eficiente e produzindo
mais energia.
“A redução no preço da energia solar, ao longo da
última década, o aumento das tarifas, e a crescente busca
por sustentabilidade estão estimulando os investimentos
de empresas na geração fotovoltaica. A CPFL Soluções tem
atuado para atender às necessidades dos seus clientes, de
forma customizada e integrada”, afirma o diretor Comercial
de Soluções Energéticas da CPFL Soluções.
A CPFL Soluções também desenvolveu projeto de
energia solar para o Cadeg / Mercado Municipal do Rio
de Janeiro, que prevê a instalação de 5.124 placas fotovoltaicas,
sobre a cobertura existente do mercado e as
docas, cobrindo uma área total de 10.248 m2. Isso possibilitará
a construção de uma usina de 1,8 MWpico de capacidade,
o maior projeto de energia solar para mercados
públicos do mundo, e o maior para um cliente comercial
no Brasil. Com a geração solar, a expectativa é de que o mercado municipal possa reduzir
em 39% a sua conta de
energia, economizando, em
média, R$ 140 mil por mês. |
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O contrato firmado entre as
partes prevê também a instalação
de seis motogeradores,
alimentados com gás natural,
gerando eletricidade para
o prédio, durante o horário
de ponta, das 17h30min às
20h30min. Além da economia
e da geração de energia
limpa, outro benefício está
na integração entre os dois
sistemas. Enquanto as placas
solares geram energia durante
o dia, a cogeração a gás
passa a funcionar, do pôr do
sol, até às 20h30min, substituindo
o consumo em horário de ponta, cuja tarifa é
mais cara. Faz parte do projeto, também, a realização de
obras para substituição de transformadores, e reforço da
rede elétrica que já atende o mercado. A CPFL Soluções
também será responsável pela operação e manutenção
dos ativos. O contrato entre as partes terá duração de 15
anos, e a CPFL Soluções será responsável por 100% do
investimento.
Com outro investimento, da ordem de R$ 10 milhões,
a CPFL Soluções construiu, em doze meses, uma
subestação com 138/11,4 kV de tensão, que conta com
doze alimentadores e um transformador de 6,25 MVA,
para a Syngenta. As obras contemplaram também cerca
de 200 m de linhas de transmissão, suportadas por uma
torre de transmissão e um poste, que ligam a subestação
ao Sistema Interligado Nacional (SIN), de onde
vem a energia para a fábrica. Com a nova subestação, a
Syngenta passa a ter condições de expandir sua planta,
sem que a segurança energética seja colocada em risco.
“Ao analisar a necessidade do cliente, constatamos
que uma simples oscilação no fornecimento de energia
pode colocar toda uma linha de produção em risco, o
que acarretaria prejuízos para a empresa. A construção
de uma subestação exclusiva para atender a fábrica elimina
essa possibilidade”, explica Flávio. Migrar a alimentação
da fábrica da Syngenta para o sistema que
opera em alta tensão deu mais robustez e segurança
para a energia. As tecnologias utilizadas no projeto geraram
segurança operacional e um sistema de controle
completo, que possibilita informações em tempo real
de toda subestação. |
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Paulo Silas Fernandes, do SiDi, lembra que não é de
hoje que a indústria tem utilizado as tecnologias da informação,
automação e comunicação; são décadas, evoluindo
e adotando novas tecnologias, de uma forma que
vem acelerando–se, muito rapidamente. “Nesse cenário
de evolução contínua, a indústria pode utilizar os dados
abundantes, coletados por diferentes sensores, para compor
uma gestão eficiente de energia, otimizando seus processos,
continuamente e em tempo real, utilizando novas
metodologias e tecnologias, como Inteligência Artificial,
Big Data, Internet das Coisas, Equipamentos Autônomos,
Visão Computacional, Processamento de Linguagem Natural,
etc., dentro do conceito da Indústria 4.0. O segredo
está em identificar onde investir de forma assertiva (e não
se há necessidade de investir), o que deve ser avaliado
atentamente pelos gestores de cada indústria, e com o suporte
de especialistas em tecnologia aplicada a resultados.
Um ponto importante para o sucesso desse trabalho é a
retenção do conhecimento tácito, e a disseminação desse
conhecimento por meio de plataformas de engajamento
profissional, que vão muito além dos padrões de ensino
tradicionais, adotados nas corporações – caso, por exemplo,
da Plataforma de Treinamento e Simulação de SE (subestações)
da ISA CTEEP – Companhia de Transmissão de
Energia Elétrica Paulista”, afirma o executivo do SiDi.
Em 2018, o Procobre mobilizou o setor hospitalar
para discutir novos conceitos, métodos e técnicas, relacionados
à gestão estratégica de ativos. As ações se estenderam
pelo primeiro trimestre de 2019, e, hoje, a gestão
de ativos é um meio de apoio para a tomada de decisão
em processos operacionais, com vistas à eficiência energética,
e ao ganho de produtividade, no edifício sede do
Hospital Israelense Albert Einstein – um case pioneiro,
que pode gerar oportunidades similares.
Outro setor que está movimentando-se fortemente
é o automotivo, já que o setor de transporte consome
a maior parte dos combustíveis derivados do petróleo,
gerando problemas ambientais. Com o propósito de
preservar a qualidade do ar e dos recursos naturais, o
governo brasileiro criou programas, que incentivam o
aumento de eficiência energética veicular, e a redução das emissões de poluentes, apostando cada
vez mais em novas tecnologias, em carros
híbridos e 100% elétricos – o que já está
transformando toda a cadeia de geração,
transmissão e distribuição de energia, bem
como a mobilidade.
A indústria tem investido em diversas
frentes para otimizar seus custos, de maneira
sustentável e certificada. E, nesse contexto,
ressalte-se que, em 2015, o Brasil contava
com apenas 30 empresas certificadas com
a ISO 50.001, normalização que estabelece
processos para melhoria do desempenho
energético, enquanto já eram quase 12 mil,
no mundo, segundo a ISO Survey of Certifications. Em
paralelo, a Firjan – Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro – classificava o Brasil como o 6º com a energia
elétrica mais cara do mundo, e o ACEEE – Conselho
Americano para Economia Energeticamente Eficiente –
afirma que a indústria brasileira e o Brasil são campeões
em desperdício de energia, dentre as 16 maiores economias
do planeta. Para a Bemis, maior fabricante mundial
de embalagens, a redução prevista, de 2010 a 2020, é de
10%, mesmo percentual de economia da Coca-Cola Femsa
para o período de 2016 a 2020, e para a L’Orèal, de
2016 a 2018. Na Baxter, a meta de redução a ser alcançada,
no intervalo de 2015 a 2020, é de 15% em consumo
de energia, e 10% em emissão de gases.
Em meio a esse cenário, o Procobre patrocinou um
programa de certificação, com a colaboração do Senai e
a auditoria da Eletrobras, oferecendo às indústrias a possibilidade
de candidatura para o processo de obtenção da
ISO: ao final de 2018, a maioria das indústrias – Baxter,
Bemis, Cecil, Coca-Cola Femsa, Ficosa, L’Oréal, Plastifluor,
Termomecanica e Thyssenkrupp – já estava certificada.
Para as empresas, a adoção das melhores práticas de
gestão de energia trouxe ganho de desempenho, redução
de custos relacionados ao consumo de energia, e mitigação
de impactos ambientais, a exemplo da emissão de
gases de efeito estufa.
Além de poderem atuar internamente na sua produção,
as indústrias podem e devem levar todo esse
aprendizado para o desenvolvimento de seus produtos
e serviços, criando assim um ciclo virtuoso viável e capaz
de transformar o cenário atual que, sem dúvida, levará
à exaustão dos recursos do planeta. Para facilitar, existe
o guia para aplicação da norma ABNT NBR ISO 50.001
– Gestão de Energia –, um material acessível, que aproxima
a teoria do dia-a-dia das empresas, contribuindo para
reduzir o consumo energético e aumentar o desempenho
de equipamentos e processos, qualquer que seja o porte
da organização. |
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Existe ainda outra frente para aumentar a implantação
de projetos de eficiência energética, os Leilões de Eficiência
Energética. Foi feita uma Consulta Pública (nº 7/2018)
pela Aneel, para debater com a sociedade a introdução
desses Leilões no Brasil, baseados em uma série de estudos
sobre a Análise de Impacto Regulatório. A consulta, no âmbito
do Programa de Eficiência Energética (PEE), propôs, a
partir das alternativas consideradas, um “leilão de geração
de energia às avessas”, algo inédito no Brasil.
No chamado leilão de eficiência energética, a Aneel
definiria o montante anual, cujo consumo se pretende
reduzir, ao longo do programa, e os empreendedores
competiriam pelo menor preço, para se comprometerem
com a redução de um percentual desse montante. Os
vencedores do leilão seriam uma nova espécie de agente
regulado, o Agente Redutor de Consumo (ARC). Em uma
segunda fase dessa Consulta Pública, o objetivo é obter
subsídios sobre o conceito de Leilão de Eficiência Energética,
e o conjunto de metodologias e premissas, utilizado
na Análise de Impacto Regulatório de projeto piloto de
Roraima.
Apesar de se tratar de uma grande oportunidade
para o setor no aproveitamento dos potenciais de economia,
os leilões de eficiência energética ainda não foram
implantados no país. Uma iniciativa piloto está em
estágio avançado de estudo e concepção pela Aneel, que
pretende lançar as regras e documentações referentes à
proposta, a ser implementada em Roraima, onde se espera
efetivar a economia de 4 MW médios, ao longo de cinco
anos, por meio de ações de eficiência energética e geração
distribuída, em pequenos e médios consumidores
residenciais e comerciais de Boa Vista, além de um lote
específico para eficientização do parque de iluminação
pública da cidade. A implementação dessas ações deverá
ser leiloada entre empresas de prestação de serviços de
eficiência energética – ESCOs, além de fabricantes e outros
possíveis interessados.
Segundo a Aneel, inicialmente, o leilão será realizado
em escala reduzida para testes de implantação da metodologia
e verificação de sua eficácia. Mas, vislumbra-se
a possibilidade de escalar o projeto para outras localidades,
e expandir para todos os setores, incluindo aqueles
com maiores potenciais técnicos e econômicos, passando
a concorrer futuramente com as demais fontes de energia,
já comercializados via leilão. |
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