Revista Controle & Instrumentação Edição nº 233 2017
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Cover Page
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Integração de protocolos na
construção da Indústria 4.0 |
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É impressionante o tanto de mudanças que a tecnologia
trouxe, nas últimas duas décadas, para o cotidiano
de indivíduos de todo o mundo e empresas de todos os
setores. E muito está por vir com a Indústria 4.0 – termo
já consagrado no Brasil para o ambiente industrial, criado
pelas novas e disruptivas tecnologias, que ganha espaço
principalmente na manufatura, enquanto que, no setor
de processos, outros termos são mais frequentes, como
smart industry, transformação digital (DX) e IIoT (Internet
Industrial das Coisas). De qualquer forma, o novo ambiente
produtivo tem, como um dos seus pilares, a interoperabilidade
– capacidade de comunicação entre vários
dispositivos por meio de mensagens trocadas entre eles
através dos mais diversos padrões de tecnologias. É um
ambiente em que os softwares ganham cada vez mais importância
e os protocolos de comunicação desempenham
papel-chave. |
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“Vejo grandes mudanças no mercado de
protocolos nos próximos anos – os baseados
em Ethernet terão a predominância de comunicação,
e aqueles com baixa velocidade
e confiabilidade vão desaparecer”, vislumbra
Cesar Roberto de Souza, professor do
Senai Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini
e membro da atual diretoria da ISA-Seção
Campinas. Por isso, segundo ele, no Brasil, o
grande desafio da Indústria 4.0 é nossa infraestrutura
de telecomunicação. “O tráfego de dados é importante,
pois estamos falando de milhões de dispositivos
interconectados trocando dados com a rede”, destaca. |
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Cesar Cassiolato, da Vivace Instruments,
alerta: “A indústria brasileira
pouco se utiliza dos benefícios das
tecnologias digitais e nossa inclusão
neste cenário é essencial para o
desenvolvimento e competitividade
do país. Estamos atrasados.” |
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Marcos Pelizzer, da Rockwell
Automation, endossa essa opinião:
“no Brasil, a primeira barreira à Indústria
4.0 é o fato de o país ter um dos
parques industriais tecnologicamente
mais atrasados do mundo, com
equipamentos automatizados que
têm, em média, de 15 a 20 anos de
funcionamento”. |
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É fato que há necessidade de
investir pesado para modernizar
a estrutura de telecom e o
parque industrial nacional; mas, essa
obsolescência que predomina internamente
também é fruto da cultura das empresas, na
avaliação de Thiago Gomides e Vinicius Ferraz,
da Endress + Hauser. Para eles, “o grande
desafio da Indústria
4.0
é cultural.
Mudar o mindset
é o primeiro
passo para
que possamos
pensar em um
conceito de digitalização.
A companhia
precisa ter
uma cultura de inovação”. |
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Ricado Azevedo, gerente de produto da
Phoenix Contact, lembra que “um ponto
chave para a evolução nacional no sentido
da Indústria 4.0 é a educação e a
responsabilidade institucional e social
das empresas na parceria com as instituições
de ensino e capacitação”. |
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A necessidade de adotar esse
novo paradigma é global, e traz outro grande desafio: o desenvolvimento de novas especialidades
e a formação de profissionais capacitados. E, enquanto
indústrias e governos mundo afora buscam formas de
atender a essas demandas estruturais, a vida na fábrica
segue lidando com as questões mais imediatas de produtividade,
segurança e disponibilidade, com as máquinas,
equipamentos e softwares em operação, geralmente de
múltiplos fornecedores e com tecnologias em diferentes
níveis. É nesse dia-a-dia que os protocolos já estão presentes,
há décadas, e agora cumprem o papel de integrar
a estrutura para a construção gradativa da Indústria 4.0. |
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Os especialistas elencam Profibus, Profinet,
Mosbus, OPC e Ethernet/IP como os protocolos
mais utilizados em ambiente industrial atualmente.
Bruno Balbi da Costa, supervisor de
eletrônica e analista de sistemas industriais
Etesco, divisão Oléo & Gás, destaca que “o
4-20mA e o HART não vão deixar de existir.
O sinal 4-20mA ainda é largamente utilizado
e o HART, além de ser digital, traz vantagem
para as organizações de pequeno porte, onde os
investimentos com novas tecnologias são reduzidos”. |
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Sabino Ferrero, da Emerson, reforça essa
opinião: “os instrumentos com protocolo HART
e diagnósticos avançados podem gerar um
conjunto maior de dados e de informações.
Indústria 4.0 é uma evolução na planta existente,
e não significa que todos os instrumentos
já em operação tenham de ser substituídos”,
opina. |
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“Acredito que o Profibus, Modbus, OPC e
Ethernet/IP sejam os principais padrões industriais
utilizados no momento, por serem nativamente baseados
em redes Ethernet; mas, o 4-20mA e o Hart devem ser
mantidos em conjunto com o gerenciamento
de ativos,” afirma o executivo da
Phoenix Contact.
Diante da diversidade de protocolos,
é natural se questionar a possibilidade de
desenvolvimento de um protocolo universal,
mas é unânime que se trata de algo
altamente improvável, mesmo no longo prazo. “Sempre
existe algum nível de incompatibilidade entre os diversos
fornecedores”, opina Pelizzer. |
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Na opinião de Jonas Berge, diretor de aplicações
da Emerson em Singapura, a multiplicidade
de protocolos é necessária para atender às
múltiplas demandas. Para ele, “OPC é o sonho
de uma única API (Application Programming
Interface) para software de automação”. Ele
afirma que, “à medida que softwares de aplicação
industrial ganham importância, o OPC
se torna, também, mais e mais importante, por
ser a interface-chave entre aplicações de software.
OPC permite que os dados passem de uma aplicação de
software para outra. Essas aplicações falam OPC e é assim
que se obtêm os dados”, destaca ele. |
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“O OPC permite transportar os dados de processo, independente
do protocolo industrial utilizado, e disponibilizá-
los para um sistema de supervisão e controle virtual”,
detalham os engenheiros da Endress + Hauser. Cassiolato
vê no OPC a “solução completa para as necessidades de
todas as camadas verticais de acesso em dispositivos remotos.
Ele fornece a semântica de interoperabilidade para
o mundo inteligente de sistemas conectados. A agregação
de informação sobre muitas camadas é crítica e de fundamental
importância e a adoção deste padrão aberto
é a oportunidade que gera valor para fornecedores
e usuários.”
O OPC é uma interface padrão para obter
dados no software de automação, permite
que o software obtenha dados de outros
softwares, sistemas e sensores subjacentes e
outros dispositivos. Por exemplo, um sensor
sem fio está conectado a um gateway wireless
com um servidor OPC, que permite que o
software-cliente obtenha os dados do sensor. Assim,
todos os gateways, PLCs e outros dispositivos já
vêm com um servidor OPC, nos últimos 20
anos, para permitir a sua integração com
qualquer tipo de software de automação.
Os DCSs também suportam OPC, para
que possam passar dados para sistemas de
nível superior – clientes OPC como historiadores
(PIMS), todos os tipos de softwares
analíticos, sistemas de execução de fabricação
(MES), controle de processo avançado (APC), otimização
em tempo real (RTO), ajuste de loop, controle
de processo estatístico, simulação de processo, simulação
de treinamento de operador (OTS),
Realidade Aumentada (AR), reconciliação
de dados e contabilidade de
produção, etc.
“O papel do OPC se torna
mais importante à medida que
mais e mais aplicações de software
são introduzidas para ajudar a melhorar o desempenho
da planta. Observe que o termo “analítica” é abrangente
para todos os tipos de análise, como análise
de processos, de lote, de monitoramento de
condições de equipamentos, de desempenho
de equipamentos e gerenciamento
de energia (EMIS), etc. Outro motivo
para o destaque do OPC é porque, com
as análises, você deseja agregar dados
de múltiplas fontes, como historiador,
DCS, PLC, sistema de proteção de turbomáquinas,
gateways wireless, etc. E o OPC
permite que você faça isso sem precisar de
um software intermediário” comenta Jonas Berge. |
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Bruno acha importante pontuar que “o OPC não é
um protocolo de rede industrial, mas, sim, um framework
operacional para manter comunicação de sistemas de
controle de processo baseados em Windows, usando o
protocolo Object Linking and Embedding (OLE). Diferentemente
de outros protocolos de comunicação de redes
industriais, sua principal função é interconectar sistemas
de controle distribuídos com Windows Hosts tipicamente
através de redes TCP/IP. O OPC funciona basicamente de
forma cliente/servidor, onde um aplicativo cliente chama
um processo local, mas, em vez de executar o processo
usando o código local, o processo é executado em um
servidor remoto.” Independentemente de como é chamado,
Sabino resume: “o OPC se integra bem com os
outros protocolos” e levanta uma questão da maior relevância:
“É fundamental ter em mente que a segurança
de informação e de dados é muito importante e que a
utilização de versões antigas de OPC pode ser um ponto
de vulnerabilidade”. De fato, versões antigas do OPC, que
ainda se utilizam de mecanismos DCOM para a proteção
da conexão, vão sempre gerar dificuldades na integração
com outros protocolos.
Desafios: segurança, custos, atualizações
As informações geradas pelo controle de processo
são utilizadas para nortear a organização no dia a dia, em
seu plano estratégico e, numa planta conectada, a segurança
da informação está no topo da lista de prioridades.
“Atualmente, isso é feito através da integração entre TA
(Tecnologia de Automação) e TI (Tecnologia da Informação).
Portanto, sabemos que, sem a devida proteção, se
pode ter um cenário catastrófico em caso de ataque cibernético
do tipo MITM (Man-in-the-Middle), que pode
interromper operações normais do protocolo, potencialmente
alterar ou manipular mensagens de protocolo para
roubar informações, cometer fraude ou causar uma falha
no próprio processo de controle”, avalia Balbi.
“Segurança é crítica, pois qualquer tipo de sabotagem
em operações automatizadas
gera transtornos e prejuízos
incalculáveis. A análise
de riscos, estratégias de
prevenção contra softwares
invasores, armas cibernéticas,
gestão de continuidade
de negócios, no caso
de incidentes no ambiente
de redes industriais, assim
como a implementação de
um ambiente de monitoramento
contínuo, em uma
rede de automação, são
obrigatórios para manter
um sistema seguro, confiável
e disponível”, pontua
Cassiolato.
Para a Endress + Hauser, o custo de implementação
de hardwares necessários para disponibilizar os dados é
outro grande desafio enfrentado pelo OPC. De tempos
em tempos, há uma atualização necessária da tecnologia
e, com isso, atualizações de padrões de comunicação do
hardware e do software de automação. Nem todos os fabricantes
mantêm o mesmo padrão, ou até mesmo criam
novas funcionalidades, o que torna necessário atualizar
os drives de comunicação do OPC. Uma padronização
mundial dos fabricantes na parte de comunicação seria
um grande avanço na área de automação, porém exige
um grande esforço e entendimento de todos os fabricantes
para criar este padrão.
Sobre a versão UA (Unified Architecture) do OPC, o
professor Cesar Roberto de Souza diz que ela “é definida
como um padrão aberto independente de uma determinada
plataforma, ou seja, podem ser utilizados Windows,
MAC, Android, Linux.” Jonas Berge explica que OPC UA é
o padrão OPC amigável a firewalls. “O OPC Classic, criado
há mais de 20 anos, tinha três ou mais partes (OPC-DA,
OPC-A e E e OPC-HDA, etc.) e ainda serve bem as indústrias,
porém, com limitações, sobretudo de segurança,
pois foi criado com base na tecnologia DCOM, da Microsoft,
o que significa dizer que o OPC Classic funciona bem
em um computador ou numa pequena rede LAN de uma
sala de controle usando DCOM (Distributed COM). Mas, as
plantas agora querem passar dados através do firewall, que
fica entre a infraestrutura operacional (sistema de controle
e historiador, etc.) e a infraestrutura de TI, de modo que os
gerentes e engenheiros possam obter dados de processos
e equipamentos onde estiverem. Algumas empresas querem
estabelecer um centro de gerenciamento a partir do
qual monitorem equipamentos em várias fábricas, ou um
centro de operações integradas (iOps) para supervisionar a
produção em locais remotos, como offshore. E isso o OPC
Classic não pode fazer. Existem várias soluções proprietárias
para “tunelar” OPC Classic, mas não é uma solução prática.
O OPC-UA é um padrão amigável. Como o OPC Classic original funcionou bem dentro da sala de controle, muitos
nem pensaram em atualizar para o OPC-UA, até tentarem
transferir dados para além da sala de controle.” Jonas Berge
lembra que muitos sistemas ainda não suportam OPC-UA.
“Sem problemas, porque você pode usar um Proxy OPC,
que é um tipo de gateway entre OPC Classic e OPC-UA”.
A crescente interação entre TI e TA vem desconstruindo
a tradicional pirâmide da automação, na qual a
relação cliente-servidor é vertical e de cima para baixo.
Na Indústria 4.0, os dispositivos ou serviços podem se
comunicar autonomamente com outros, independentemente
do nível que ocupam na pirâmide
de automação. O OPC UA viabiliza
que dispositivos compartilhem seus dados
diretamente ou em paralelo com CLPs, sistemas
MES, nuvem, ERP. Segundo a OPC
Foundation, “OPC UA, combinado com
comunicação TSN, é capaz de ser real-time.
A complexa configuração das redes TSN é um
desafio a ser vencido”, afirma seu presidente no
site da fundação.
E, como será que alguns players do mercado de automação
imaginam o futuro dos protocolos de comunicação
daqui a cinco, dez anos? A Endress + Hauser estima que,
em 2025, 43% da economia mundial estarão baseados em
IoT. “Na indústria, tendemos a utilizar ainda mais protocolos
baseados em Ethernet para facilitar a troca de dados. Em
dez anos, acredita-se que a IA (inteligência artificial) tenda a
nos ajudar em relação a toda a cadeia produtiva, em todo o
monitoramento do ciclo de vida do ativo, tornando efetivo
o conceito de manutenção prescritiva, integrando-se com
sistemas de ERP, logística, compras e fornecedor”, vislumbram
Thiago Gomides e Vinicius Ferraz.
“Em cinco anos, muitas das tentativas atuais de implementação
de redes para a Indústria 4.0 não vão estar
trabalhando conforme planejamento original, seja pelo uso
de tecnologias não maduras, ou pelo desenho de topologia
excessivamente complexo. As que passarem por estas
falhas de desenho, já em cinco anos, vão estar mostrando
o valor de retorno do investimento. Em dez anos, acredito
que o número de protocolos utilizados vai ser menor, com
os clientes procurando por soluções consolidadas”, opina
Sabino.
Cassiolato percebe duas realidades: “nos países mais
desenvolvidos, acredito que o nível de evolução será enorme,
o que facilitará mais ainda a eles um maior grau de competitividade.
No Brasil, como o ritmo é outro, para se pensar cinco
ou dez anos à frente, precisamos começar hoje”. Pelizzer
acredita que, “em cinco anos, a tecnologia de OPC-UA será a
mais utilizada e, em 10 anos, novas tecnologias surgirão com
impacto ainda maior na automação.”
“Os protocolos estão convergindo para tecnologias
baseadas em redes ethernet e computação em nuvem.
Pode-se dizer que o Brasil está na fase da indústria 2.5,
com a força de trabalho voltada para este cenário, e o
futuro é a digitalização, onde os processos deverão ser
mais descentralizados, com uma maior integração de TI
e nuvem. Muitos já estão buscando atualização,” pontua
Ricardo.
O professor Cesar repete o alerta: “As empresas que
não investirem nessas tecnologias estão fadadas a ficar em
segundo plano, pois seus custos serão maiores que as empresas
que investirem agora”. Ele arremata com a questão
estrutural das competências, ao prever que “os empregos
com baixa qualificação sofrerão uma diminuição drástica,
porém, os com alta qualificação irão aumentar”. |
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Diz mestre Marcos Peluso, distinguished technologist
da Emerson: “ainda que eu concorde
que esta é a arquitetura que melhor pode servir
à indústria e que, sem dúvidas, será o que
veremos no futuro, tenho de lembrar que é a
mesma ideia básica que propusemos há 20
anos. Inteligência em todos os níveis, total
comunicação e comunicação entre pares, uso
de soluções abertas, etc. |
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É claro que a tecnologia evoluiu e a capacidade
de transferir dados de maneira mais rápida e
eficiente aumentou exponencialmente nesses 20 anos. E a
disponibilidade de equipamentos e ferramentas inteligentes
abriu as portas para o aumento de produtividade. Mas
a indústria de processos, não só a brasileira, é de uma inércia
enorme. O pessoal tem medo de novas tecnologias. A
maioria das pessoas se sente mais à vontade com velhos
problemas do que com novas soluções. Para piorar as coisas,
a segurança cibernética tem feito todo mundo tremer
e está colocando um bocado de pedras nos caminhos das
empresas e dos cidadãos. O engenheiro que tem sua conta
bancária pessoal hackeada vai pensar dez vezes antes
de colocar a segurança de sua empresa em perigo.
Já estive em muitas indústrias nos Estados Unidos que
praticamente não utilizam comunicação digital em suas
plantas. Em algumas, nem mesmo 4-20 mA! O Hart está
disponível há séculos, praticamente todos os instrumentos
de campo e sistemas o suportam, e são poucos os que tiram
vantagem da tecnologia. A aceitação da comunicação
digital tem sido muito lenta, com raras e honrosas exceções.
Ironicamente, ela é mais popular em países não tão
desenvolvidos. Visitei refinarias mais modernas no Brasil
e na Índia do que nos Estados Unidos. É claro que a base
instalada americana é muito antiga e ninguém troca toda
a instrumentação de campo sem uma justificativa muito
forte.
No chão de fábrica, o pessoal está preocupado em
fazer a fábrica rodar; no nível corporativo, existe a vontade
de aplicar soluções de IIoT e Indústria 4.0 – isso já
vem ocorrendo pontualmente. Para os puristas: eu sei
que existem mais níveis e que temos que buscar uma
horizontalização, só estou tentado simplificar. Mas isso
mostra a necessidade de buscar uma boa, eficiente e segura
interface entre estes dois níveis. Por um bom tempo,
a base instalada só vai poder prover dados através dos
protocolos de comunicação existentes. Mesmo que tivéssemos hoje um protocolo aberto baseado em Ethernet e
que fosse intrinsecamente seguro para áreas classificadas,
teríamos de esperar vários anos para que uma migração
significativa para a nova tecnologia ocorra no campo. Enquanto
isso, OPC UA pode transferir os dados de protocolos
tradicionais para edge computers, diodos de dados,
nuvem, etc. com toda segurança necessária. OPC UA traz
grandes vantagens e está fazendo da integração algo mais
fácil. O velho OPC já causou muita dor de cabeça, a ponto
de ter sido chamado “Oh Please, Communicate”. |
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Breve história
Atualmente, OPC significa Open
Platform Communications. Mas, em
seus primórdios, nos anos 90, OPC
era o acrônimo para OLE for Process
Control, em que OLE significa Object
Linking and Embedding. Nessa época,
formou-se uma força-tarefa composta
por empresas interessadas em
criar um padrão para acesso a dados em COM e DCOM,
da Microsoft. Esse grupo se autonomeou OPC e logo ficou
clara a necessidade de formalização, o que ocorreu
no ISA Show de 1998, em Chicago, com a OPC Foundation.
Contínuos desenvolvimentos culminaram no que
temos hoje: uma plataforma que extrapolou o nicho de
indústrias de processo, uma camada de software responsável
por traduzir as informações de diversos protocolos
através de drives desenvolvidos para cada fabricante de
automação. |
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Como integrar protocolos com OPC? |
Jonas Berge aponta quatro regras básicas:
# 1: use OPC e não mais APIs personalizadas entre
aplicativos; se o software de automação não suportar
OPC, não compre.
# 2: use o protocolo “nativo” o mais possível e converta
com OPC apenas no último momento antes
de os dados entrarem no software. Ou seja, se os
transmissores usam Foundation Fieldbus H1, use
FF-HSE através da rede Ethernet antes de converter
para OPC no servidor. Se os acionamentos do
motor usam o Profibus-DP, use o Profinet através
do cabo Ethernet e converta para OPC no servidor.
A razão para isso é que, sempre que você
converte o protocolo, alguns dados e significados
(metadados) se perdem. Parte da razão pela qual
o OPC tem tido tanto sucesso é que inclui um
modelo de informação que aceita metadados.
O modelo de informação torna muito fácil o software-
cliente encontrar a informação certa no
servidor OPC. Metadados permitem que o aplicativo-
cliente OPC use os dados da maneira correta
sem configuração adicional. E ainda, manter
o protocolo nativo até o último momento ainda é
melhor porque o OPC faz um excelente trabalho
com variáveis de processo (PV), e os protocolos
fazem um trabalho melhor com a configuração do
dispositivo, os dados de diagnóstico, etc. preservando
o DD.
# 3: use um servidor OPC feito pelo fabricante do
hardware, não um servidor OPC genérico para o
protocolo. Ou seja, se você tiver um PLC, compre
o servidor OPC do fabricante do PLC. Mesmo se
o PLC suportar a comunicação Modbus e você
comprar um servidor genérico Modbus OPC, esse
servidor nunca será tão bom quanto o servidor
OPC criado especificamente para o PLC. É por
isso que Modbus é baseado em dados alocados
em registros numerados. Se você usar um servidor
genérico Modbus OPC, você deve configurar manualmente
os números de registro nesse servidor
OPC que corresponda aos números de registro no
PLC. Você também deve cuidar dos tipos de dados
e do mapeamento de bits, etc. Se a configuração
do PLC for alterada, o servidor OPC também
deve ser alterado. Isso é muito trabalhoso e propenso
a erros. Se você comprar um servidor OPC
com o PLC, o software de configuração do PLC
também configurará automaticamente o servidor
OPC, economizando toneladas de trabalho.
# 4: evite o software “intermediário” da plataforma
para agregação de dados. Use o software-cliente
OPC e deixe esse software obter os dados diretamente
de um ou mais servidores OPC; da mesma
forma com o historiador, DCS, PLC ou gateway
wireless, etc. O motivo é que as plataformas de
middleware e os corretores convertem os dados
do OPC em formatos proprietários que causam
a perda da capacidade de navegar no modelo
de informação do OPC e nos metadados, e aí
os dados devem ser mapeados novamente para
os clientes do OPC, o que custa para comprar e
manter. Lembre-se que o OPC já é uma “plataforma
virtual” para hardware e software trocarem
dados. |
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