Revista Controle & Instrumentação Edição nº 217 2016
|
|
¤
Cover Page
|
Eficiência energética
na indústria, mais
que competitividade,
sustentabilidade |
|
|
|
|
O Plano Decenal de Energia 2024 mostra que o setor
elétrico, sem contar com os sistemas isolados,
representou 17% das emissões de GEE (gases do
efeito estufa) brasileiras em 2014 e esse é um dos setores
prioritários do governo para o alcance da meta de redução
de emissões estabelecida. Entre as ações planejadas,
pretende-se aumentar a participação das fontes não fósseis
para 23% da matriz elétrica pelo menos e aumentar
os ganhos de eficiência energética em 10%. Segundo a
Agência Internacional de Energia, os investimentos em
eficiência energética evitaram, desde 1990, mais de 870
MtCO2eq em 2014, podendo ser considerada então o
combustível número um no contexto da descarbonização.
Isso torna ainda mais clara a importância de investimentos
em eficiência energética, mas ela ainda encontra
muitas barreiras financeiras ou técnicas como inadequação
de linhas de financiamento, aversão ao risco, desinformação
e desinteresse.
Se definirmos eficiência energética como o conjunto
de medidas que reduzem a quantidade de energia utilizada
para entregar produtos e serviços, medidas para
implementá-la são aquelas capazes de reduzir a produção,
transporte e transformação de energia para atender
a mesma demanda por produtos e serviços. Mas a eficiência
energética não reduz o consumo de energia necessariamente
já que seu efeito é permitir fazer mais com
o mesmo, e esse mais pode beneficiar a economia com
expansão de uma indústria ou o bem-estar com lâmpadas
mais eficientes, tornando as casas melhor iluminadas.
Então, existe um paradoxo articulado há 130 anos
pelo economista britânico William Jevons de que aumentar
a eficiência pode incrementar o consumo: “Se a
quantidade de carvão usada num alto-forno puder ser reduzida
pelo aumento de eficiência, os lucros do comércio
aumentarão, novo capital será atraído e o preço do ferrogusa
diminuirá. Sua demanda aumentará e, eventualmente, um maior número de fornos
mais do que compensarão a
diminuição de consumo individual.
” Esse paradoxo incomoda
quem vê a redução absoluta
do consumo de energia
como o objetivo da sociedade.
E mesmo que os produtos de
hoje sejam mais eficientes do
que os equivalentes da década
de 1970, o consumo de energia
aumentou. Mesmo assim,
a eficiência energética deve
ser uma busca constante para
a sustentabilidade. E de fato,
muitos vem fazendo sua parte,
se não por sustentabilidade,
pela produtividade e competitividade
que a eficiência traz.
Cerca de um terço da
energia produzida no Brasil
é consumida pelo segmento
industrial – algo em torno
de 35% entre 1990 e 2012,
segundo dados da EPE – Empresa
de Pesquisa Energética.
Desse total, 47% era consumido
pela siderurgia em 1990 -
montante que tem caído desde
então para 39% em 2010
e 38% em 2012. O segundo
maior consumidor (23%) é
o setor de papel & celulose,
que há 22 anos consumia significativamente
menos (15%).
O terceiro colocado é o segmento
de não ferrosos e metalurgia,
com um perfil bem
estável – em 1990 consumia
14% e hoje está em torno de
16%.
Na sequência, a indústria
do cimento, que demandava
10% da energia destinada à
indústria de 1990 a 2010 e foi
para 12% em 2012. O setor de
mineração & pelotização oscilou
entre 5% no início e 8%
em 2010, registrando 7% em
2012. E o segmento ferroligas,
permanece estável no período
estudado, com 4% do consumo
industrial.
A questão da intensidade
energética é sintetizada no Gráfico,
que mostra seis segmentos
da indústria brasileira nos anos
2000 e 2012: Alimentos & Bebidas, Têxtil, Papel & Celulose, Química, Minerais Não-
Metálicos (majoritariamente cimento) e Metais Primários. |
|
|
|
Os últimos levantamentos da EPE mostravam que o
consumo industrial caiu 5,3% em 2015 em decorrência
do desaquecimento econômico e, por conta dos indicadores
não apresentarem sinais claros de recuperação, a
queda no primeiro trimestre de 2016 foi de 7,5%. Mas,
pelo que se acompanha nos eventos e nos mercados, uma
parte dessa queda deve-se as ações de busca de eficiência
energética nos processos, seja com a troca de motores
antigos por novos comprovadamente mais eficientes, seja
pelo uso de softwares gerenciadores de energia.
Padrões mínimos obrigatórios de eficiência energética
para alguns equipamentos já são realidade em diversos países
como EUA, China e México e entre membros da União
Europeia. No Brasil, isso já começou a se tornar realidade
através Lei de Eficiência Energética, que permite a fixação
de níveis mínimos obrigatórios de eficiência, ou consumos
energéticos específicos máximos. O
CGIEE – Comitê Gestor de Indicadores e Níveis
de Eficiência Energética, responsável pela
implementação da lei, já regulamentou níveis
mínimos de eficiência para motores elétricos
de indução trifásicos, transformadores de distribuição,
lâmpadas fluorescentes compactas,
reatores eletromagnéticos para lâmpadas a
vapor de sódio e metálico, lâmpadas incandescentes,
e alguns eletrodomésticos e estuda-se a expansão dessa regulamentação para
ventiladores de teto, lâmpadas de vapor de
sódio, além de novos índices para motores
de indução trifásicos já que as tabelas vigentes foram estabelecidas
em 2005. No exterior, diversos equipamentos,
como bombas, compressores e caldeiras possuem padrões
mínimos obrigatórios de eficiência energética.
Vale destacar que a energia no Brasil é das mais caras
para a indústria, cerca de 11% acima da média mundial,
o que compromete a competitividade e aumenta a urgência
das ações de eficiência energética.
As certificações são também um bom instrumento de
padronização de desempenho energético e a ISO 50.001
é a mais reconhecida internacionalmente pois seu objetivo
é permitir que as organizações estabeleçam os sistemas
e processos necessários para melhorar seu desempenho
energético. A implantação dessa norma se destina à
redução nas emissões de gases de efeito estufa e outros
impactos ambientais relacionados à energia, os custos e a
economia que esse sistema vai gerar. Essa Norma é aplicável
a todos os tipos e tamanhos de organizações, e sua
implementação precisa do comprometimento de todos
os níveis da organização em especial do topo.
Um ponto importante da ISO 50.001 é a elaboração
de planos de medição e verificação que tornam possível
o acompanhamento dos resultados e permitem mudanças
para aprimoramento de ações e melhor dimensionamento
de medidas futuras. Para padronizar a medição e verificação
existe o Protocolo Internacional de Medição e Verificação
de Performance (PIMVP). A Abrinstal - Associação Brasileira
pela Conformidade e Eficiência das Instalações, em
parceria com a ABNT, criou o Comitê Brasileiro de Gestão
e Economia da Energia, ABNT/CB-116, para tratar dessas
questões no âmbito da normalização.
Elmer Rocha, desenvolvedor de negócios da Aquarius,
lembra que nas indústrias de processos contínuos, cujos
processos são maduros e tipicamente bem documentados,
soluções como gerenciamento e sintonia de malhas de
controle podem apresentar bons resultados em curto prazo,
assim como a substituição de equipamentos elétricos
por outros mais modernos e eficientes. Para ilustrar este
fato, a experiência mostra que a otimização de malhas de
controle e a aplicação de controle avançado pode resultar
em uma redução no consumo de energia de 5% a 15%.
Outras estratégias podem ser adotadas, como a implementação
de controles inteligentes que permitam a operação
mais estável de equipamentos, dentro de limites seguros.
Mas nem tudo se resume a monitoração e gerenciamento
de energia. Ronaldo Neves Ribeiro,
gerente do Detin - Departamento de Tecnologia
da Informação e Telecom da Cenibra
- Celulose Nipo-Brasileira S.A., ressalta que,
além destas duas questões, existem também
a pesquisa e o desenvolvimento de diversas
empresas na busca de energias renováveis
e outras formas, de tal forma que monitorar
e gerenciar são ações importantes, entretanto,
a busca de novas formas de energia
limpa e sustentável tornou-se imperativa
para a nossa sobrevivência e também para as
demais espécies do planeta. “Não devemos
esquecer que fazer o ‘dever de casa’ tem muita relevância.
Nos projetos novos devemos buscar sempre equipamentos
com menor consumo de energia e ainda rever
os processos existentes afim de melhorá-los neste quesito
também”.
As empresas fornecedoras de tecnologias têm investido
em pesquisas e desenvolvimentos de novos produtos
continuamente e em materiais mais eficientes, econômicos
e sustentáveis, como por exemplo, a Weg, reconhecida
por sua postura pró ativa em eficiência energética.
Ronaldo lembra que a ABNT, por meio do CB-116 fez
consulta pública nacional para a avaliação de duas normas
internacionais voltadas para essa área. As normas
ISO 50.004 e ISO 50.006 já foram traduzidas para o
português, o texto esteve aberto para consulta e sugestões
da sociedade antes da aprovação da redação final
de cada norma até o dia 12 de janeiro deste ano. Agora a
ABNT vai avaliar a pertinência de cada sugestão e, se ela
for acatada, será incluída no texto final.
“A responsabilidade de uma boa gestão e da redução
do consumo de energia não deve ser atribuída somente
aos órgãos públicos e às grandes empresas. As boas práticas
devem ser uma rotina de cada condomínio, escritório,
pequeno negócio, e de cada cidadão. Enfim, reduzir
custos e otimizar processos é tarefa contínua para todos.
Todas estas iniciativas além de minimizarem os prejuízos
ambientais trazem a oportunidade para as empresas se manterem mais competitivas no mercado”.
Fabrício Victor de Assis, gerente de produção
de energia, concorda e ressalta que a
eficiência energética faz parte de um projeto
integrado com ações desenvolvidas por diversas
pessoas. O processo de produção de
aço demanda grande quantidade de energia.
Ciente desta característica, a ArcelorMittal
Tubarão, mantendo sua visão de sustentabilidade,
aproveita ao máximo toda a energia
disponível no seu fluxo produtivo.
“Cerca de 99% da energia utilizada na usina
é proveniente do carvão utilizado ao longo
do seu processo produtivo, praticamente eliminando de sua
matriz energética a necessidade de utilização de insumos
derivados do petróleo. Nosso modelo, desde sua concepção,
baseia-se na produção de aço associado à cogeração da
energia, através da recuperação dos gases que seriam descartadas
nos processos. Isso garante a autossuficiência em
energia elétrica, além de ofertar ao mercado a parcela não
utilizada internamente, colaborando para uma maior disponibilização
de energia elétrica no mercado brasileiro”.
Em 2015, reforçando sua política energética, a empresa
implantou na usina um Plano Diretor de Energia
focado na utilização consciente dos insumos energéticos
de forma geral - energia elétrica, vapor, gás natural, gases
siderúrgicos (gás de coqueria, gás de alto forno e gás de
aciaria), oxigênio, nitrogênio, argônio e ar comprimido.
O objetivo é otimizar o consumo, melhorando sua gestão
energética, favorecendo sua competitividade e colaborando
para a sustentabilidade do negócio.
Fabrício conta que o plano em implantação trabalha
em quatro vertentes diferentes: Gestão, ou seja, controlar
melhor o consumo, fazer mais com menos; um adequado
nível de automação das unidades, principalmente relacionado
às medições de consumo dos insumos, é primordial
para o sucesso neste foco de gestão; Benchmarking – buscar
dentro do grupo melhores índices de utilização
de insumos, conhecer suas aplicações e
buscar atingir internamente estes KPIs; Novas
tecnologias – estudar a viabilidade de implantação
de novas tecnologias para a substituição
de equipamentos energeticamente menos
eficientes, ferramentas de automação para
melhoria da gestão energética, para otimização
da distribuição dos insumos, etc; Novos
projetos – estudar a viabilidade de implantação
de novos processos de reaproveitamentos
internos de energia, a fim de aumentar a geração
de energia elétrica interna.
E abrangendo estas quatro vertentes, já existe uma
série de trabalhos em desenvolvimento, como a criação
de KPIs estratégicos para melhor gestão dos processos,
baseados na instrumentação atualmente existente; o desenvolvimento
de projeto de avaliação de aplicabilidade
de inversores, visando substituir válvulas de controle por
compressores, bombas e boosters com controle de velocidade
variável; a atualização de projetos de iluminação,
já tendo sido finalizada a implantação de iluminação LED
em um dos prédios da usina e começando um segundo;
a realização de campanhas internas de conscientização
no consumo de insumos; a redução de consumo de gás
natural através de melhor controle de consumo do gás; o
desenvolvimento interno, com apoio de instituições de
pesquisa, de um software de otimização de geração de
energia elétrica através do melhor uso dos combustíveis
disponíveis; o desenvolvimento de estudos para aprovação
de investimentos em novos equipamentos, dentre os
quais uma nova termelétrica, uma nova turbina de recuperação
de pressão de topo do Alto Forno e uma pequena
central hidrelétrica, entre outros.
“Enfim, o Plano Diretor de Energia em implantação
na ArcelorMittal vem ao encontro de uma cultura
já existente de busca contínua por uma maior eficiência energética, por meio da aplicação de novas tecnologias,
da utilização de soluções de automação de ponta e da
disseminação de boas práticas entre os consumidores internos”.
A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira
e segunda geração de resinas termoplásticas no Brasil, o
que traz vantagens competitivas, como escala de produção e
eficiência operacional. A primeira geração produz os petroquímicos
básicos como eteno e propeno a partir da nafta e
do etano, compostos fundamentais para a segunda geração,
que envolve a fabricação de resinas termoplásticas (PE, PP e
PVC), utilizadas posteriormente pela terceira geração, as empresas
de transformação. Além do benefício logístico, a concepção
de encadeamento destas empresas em polos petroquímicos
favorece a integração energética e confiabilidade
no suprimento de energéticos. Sendo assim, na sua concepção
as plantas da Braskem já foram projetadas considerando
os benefícios da eficiência energética em seu arranjo.
Em 2009 a Braskem lançou o Manifesto de Mudanças
Climáticas, com objetivos claros para reduzir as emissões
de carbono pela empresa. O primeiro dentre sete compromissos
assumidos neste documento associa a
melhoria contínua de emissões de gases de
efeito estufa ao aumento da eficiência energética
e identificação de novas oportunidades
tecnológicas. “E, dentro da Estratégia de
Desenvolvimento Sustentável da Braskem, a
eficiência energética é um dos macro-objetivos
que suportam tanto o desenvolvimento
de produtos e soluções sustentáveis quanto a
busca por melhores resultados operacionais”,
ressalta Eduardo Guimarães de Magalhães,
engenheiro de Processos da Braskem.
A partir de 2009 a empresa inicia uma gestão integrada da eficiência energética, através da confecção do primeiro
Plano Diretor de Eficiência Energética, que define
a importância da eficiência energética para as operações
da empresa, expõe o perfil energético de cada empresa,
estabelece as métricas para construção dos indicadores
de consumo de energia e integra as medidas de eficiência
energética das empresas de primeira e segunda geração
do grupo.
Figura 1: Macro-objetivos da estratégia de Desenvolvimento
Sustentável da Braskem
Fonte: catálogo de Sustentabilidade, www.braskem.com.br
Figura 2: Evolução do indicador de consumo específi co de energia
da Braskem.
Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Braskem/2014
da da eficiência energética, através da confecção do primeiro
Plano Diretor de Eficiência Energética, que define
a importância da eficiência energética para as operações
da empresa, expõe o perfil energético de cada empresa,
estabelece as métricas para construção dos indicadores
de consumo de energia e integra as medidas de eficiência
energética das empresas de primeira e segunda geração
do grupo.
Já em 2010, houve redução de 5,5% na intensidade
de seu consumo de energia, em relação a 2009. Deste
então, as ações conduzidas por cada empresa dentro de
sua gestão vêm reduzindo consistentemente o consumo
energético, sendo que em 2015 atingiu-se o menor valor
da série histórica: 10,49 GJ/t.
Já em 2010, houve redução de 5,5% na intensidade
de seu consumo de energia, em relação a 2009. Deste
então, as ações conduzidas por cada empresa dentro de
sua gestão vêm reduzindo consistentemente o consumo
energético, sendo que em 2015 atingiu-se o menor valor
da série histórica: 10,49 GJ/t.
Magalhães frisa que cada Unidade de Negócios possui
seu modelo de gestão de energia. Na Unidade de Insumos
Básicos (UNIB), os quatro sites de primeira geração têm seu
respectivo Plano Diretor de Eficiência Energética - atualizados
em 2014. O Programa de Eficiência Energética é coordenado
atualmente pela Diretoria de Excelência Operacional
e inserido no contexto dos grupos multidisciplinares de
acompanhamento do consumo energético de
cada site. A análise e implantação de estudos,
projetos, procedimentos e práticas que constituem
o plano de ação do Programa de Eficiência
Energética de cada site vem sendo o grande
beneficiador da queda do consumo energético
nos últimos anos. Com uma demanda energética
da ordem de 181.000.000 GJ por ano
no Brasil, a Braskem tem 66% de sua matriz
energética suprida por combustíveis residuais
de seus processos e complementa a demanda
restante com gás natural, energia elétrica do
sistema interligado nacional, carvão e óleo combustível de
refinaria. Esta demanda energética é influenciada por três
principais fatores: o uso da capacidade instalada, a confiabilidade
das plantas e a gestão da eficiência energética, que
trabalha tanto em melhorias para reduzir o consumo quanto eliminar perdas em energia. |
|
|
Na Braskem a gestão da eficiência energética é conduzida
por um grupo multidisciplinar de integrantes, que
participa da geração, acompanhamento e análise de variações
dos indicadores de energia até a gestão de ações
para manutenção ou melhoria destes indicadores. Neste
processo, os engenheiros contam com várias ferramentas,
como banco de dados do balanço material com reconciliador
de dados para garantir o uso de informações consistentes,
confiáveis e oficiais, simuladores de sistemas de
energia modelados a partir da configuração real das plantas
e plataformas de otimização construídas a partir das redes
de geração e distribuição de vapor e energia elétrica existentes
e que a cada cenário de demanda de energia e preços
de energéticos fornecem a configuração de operação
recomendada para minimizar o custo total de energia.
Vale lembrar que estas ações de otimização são em
geral conduzidas apenas com alterações operacionais, sem
necessitar investimentos. A análise dos indicadores realizada
pelo grupo multidisciplinar permite aprofundar as causas
e trabalhar com medidas específicas em equipamentos,
que geralmente necessitam de investimentos, como
melhorias em queimadores de fornos de craqueamento,
recuperação de equipamentos de troca térmica de caldeiras,
como pré-aquecedores de ar regenerativos, reaproveitamento
de correntes de alto conteúdo energético, como
purga do sistema de geração de vapor de fornos, limpezas
em permutadores de calor aumento as transferências de
energia, programa para substituição de motores obsoletos
por novos acionadores de maior eficiência, etc. O processo
de gestão de investimentos permite priorizar os projetos de
acordo com sua relação custo / benefício.
E os sistemas de automação e controle são fundamentais
para garantia da eficiência energética adequada
com a manutenção dos parâmetros de processo estáveis,
evitando perdas por alívios de vapor ou descargas
para sistemas de queima em emergência. Além disso, a
qualidade e a manutenção nos elementos das malhas de
controle são fundamentais para garantir a confiabilidade
dos sistemas e evitar perdas energéticas contínuas, como
problemas de estanqueidade em válvulas de controle de
pressão de vapor ou perdas energéticas intermitentes, mas
de maior abrangência, como em emergências operacionais
causada por falhas em circuitos de painéis de controle
ou mesmo em lógicas mal sintonizadas. É importante
citar também que a aplicação de controle avançado, com
algoritmos tipo DMC, tem participação importante na otimização
de processos em diversas plantas da Braskem,
reduzindo custos de forma contínua.
E todo o aprendizado vai sendo acumulado, tanto que
o novo complexo petroquímico da Braskem Idesa, em Veracruz,
no México, foi concebido com os melhores critérios
de integração energética, unindo unidades de cogeração e
ciclo combinado para geração de vapor e energia elétrica
aos processos do complexo, com venda de excedente de
energia elétrica para a rede externa. Como o Complexo
ainda se encontra em condição de partida de unidades e
estabilização dos processos, ainda não há espaço para rotinas
de otimização da eficiência energética, que devem
ser aplicadas assim que as operações atingirem um cenário
“normal” em termos de cargas de processo.
Assim que a unidade mexicana estiver trabalhando rotinas
de eficiência energética esses dados vão se juntar aos
de outras unidades. Os principais KPIs monitorados para
mensurar a eficiência energética são os consumos específicos
de energia da Braskem ([total de energia consumida]/
[total de petroquímicos produzidos]), das Unidades de Negócios
e de cada um de seus sites. E dentro de cada site,
as plantas de processo também possuem seus indicadores
de consumo específico, permitindo rastrear variações ou
potenciais de melhoria de eficiência. Mas eficiência é uma
busca contínua e novas iniciativas (projetos, práticas, processos,
etc) implantadas são quantificadas tanto pelo conteúdo
energético quanto pelo benefício financeiro e seu
resultado acompanhado no mínimo por um período de
um ano. A tabela 1 apresenta alguns exemplos de tipos de
projetos e seus ganhos apontados durante 2014. |
|
|
|
Os resultados da busca pela eficiência energética
consideram a existência de um progresso tendencial, que
corresponde ao aumento da eficiência numa trajetória
que inclui a reposição tecnológica pelo término da vida
útil de equipamentos e os efeitos de programas e ações de
conservação já em execução no país; e um outro, denominado
progresso induzido, que se refere à implementação
de programas e ações orientados para determinados
setores, refletindo políticas públicas. O Brasil parece estar
no caminho certo, mas aquém do seu potencial. Contribuem
para aumentar a eficiência e consequentemente
otimizar o uso da energia, o trabalho que vem sendo feito
nas indústrias, o incentivo aos motores elétricos mais eficientes,
o fomento às lâmpadas LED, e a regulamentação
da Tarifa Branca ou tarifa diferenciada - ferramenta que
permitiria a gestão da tarifa da maior parte dos consumidores
industriais e residenciais, que representaram 47%
do consumo de energia elétrica do país em 2014. |
|
|
|
|
LEIA MAIS
NA EDIÇÃO IMPRESSA |
|
DESEJANDO
MAIS INFORMAÇÕES: redacao@editoravalete.com.br
|
|
|
Clique na capa da revista para
ler a edição na íntegra |
|
|