Revista Controle & Instrumentação Edição nº 214 2015
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Cover Page
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Renováveis Crescem |
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Especialistas do serviço eólico da Siemens realizam análise e
monitoramento remotos na nova central de diagnóstico de
turbinas eólicas |
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Meio século depois de Thomas Edison patentear a lâmpada (1879), o presi- dente americano Franklin Roosevelt
declarou a eletricidade uma necessidade, não
um luxo. Mas, conseguir equilibrar preço e sustentabilidade com confiabilidade é desafio que
o setor elétrico tem perdido no Brasil. Dando suporte à recente inclusão de um mix mais amplo
de fontes sustentáveis na matriz, algumas inovações tecnológicas como a eficiência energética,
smart grid, novos sistemas de transmissão e adequações nos parques nuclear e fóssil começam
a virar o jogo para um futuro do fornecimento
de eletricidade mais equilibrado.
Até recentemente, apesar da rede elétrica
ter crescido em tamanho e complexidade, o
preço da eletricidade se manteve relativamente
estável. Mas as mudanças climáticas atingiram
o Brasil em sua priorização das hidrelétricas e
o encontraram mal preparado, tendo que utilizar gás para geração de energia – comum no
resto do mundo, mas com preços de assustar
o consumidor brasileiro. De alguns anos para
cá, contudo, o Brasil tem – ainda que tropegamente – incluído outras fontes de energia em
seu mix.
Em todo o mundo, as fontes renováveis de
energia ganham força, mesmo em países onde
o gás está barato porque é necessário um fornecimento confiável, ambientalmente correto,
e a preços razoáveis, mesmo sob a incerteza e
flutuação dos preços dos combustíveis fósseis.
Ano passado, Adnan Z. Amin, diretor general da Agência Internacional de Energia Renová-
vel, e Fatih Birol, diretor executivo da Agência
Internacional de Energia afirmaram, em documento conjunto, que o mundo chegou a um
ponto de inflexão: a eficiência energética e as
tecnologias de energias renováveis devem ser
agora a escolha energética. Pelo menos 164 países fixaram metas para a energia renovável e pa-
íses que representam mais de 90% da economia
global se comprometeram a reduzir as emissões
de gases de efeito estufa antes da cúpula do clima COP-21, em Paris.
Depois do encontro de Copenhagen em
2009, a geração de eletricidade a partir de fontes
renováveis aumentou mais de 40% e a implantação continua a se deslocar em mercados emergentes de elevado consumo energético. China e
Índia elevaram suas metas em renováveis. E, claro que não é só pelo clima. Como os próprios diretores das agências afirmaram, muito disso tem
a ver com o custo porque as energias renováveis
estão se tornando cada vez mais competitivas
com as fontes tradicionais, atingindo níveis comparáveis ou abaixo de combustíveis fósseis para
muitas tecnologias em diversas partes do mundo.
E quanto mais esse mercado se expandir, mais
melhorias tecnológicas aumentarão essa posição.
Bom exemplo é o fato de a capacidade solar fotovoltaica aumentar mais de oito vezes desde
2009 e os custos para a construção de novas usinas caírem cerca de dois terços.
Além de financiamento, as regras dos mercados devem evoluir e dar os sinais certos para
atrair o investimento em tecnologias renováveis
de capital intensivo e de outras tecnologias que
integram energia renováveis nos sistemas energéticos atuais.
A tecnologia – inclua-se aí a automação e a
instrumentação - é parte fundamental desse contexto já que, além de suportar os diversos sistemas produtores, deve estar presente nos sistemas
de distribuição interligados e flexíveis o suficiente
para acomodar de forma eficiente uma geração
variável, atender veículos elétricos e outras formas
de transporte, lidando com a geração não apenas
de grandes produtores como também com a geração distribuída de milhares ou milhões de nós
(consumidores/produtores).
Com o aumento de energia distribuída na
rede elétrica, os inversores, por exemplo, devem ganhar um papel mais ativo no apoio à estabilidade da rede já que podem ser utilizados
para a regulação de tensão e otimização. Outro
desafio é integrar o enorme número de conversores de diversos fabricantes na mesma rede de
utilidade e operá-los de uma forma harmonizada. E lidar com o volume de dados circulando
na geração, transmissão e distribuição. Há mercado e oportunidade à frente. |
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Central de monitoramento
de turbinas eólicas |
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Um bom exemplo de como há trabalho a ser
feito e mercado para a automação e instrumentação
nas energias renováveis é a central de diagnóstico
remoto de turbinas eólicas da Siemens, situada na
sede mundial de serviços eólicos, em Brande, na Dinamarca. A central de monitoramento e diagnóstico
remoto de turbinas e foi concebida para acompanhar o rápido crescimento dos equipamentos e serviços eólicos fornecidos pela companhia em diversos
países. Atualmente, a central abriga operações de
diagnóstico e serviços de monitoramento de mais
de 7.500 turbinas eólicas da Siemens instaladas no
mundo todo com o objetivo de manter, de maneira
proativa, as unidades operando em seu melhor nível
de desempenho.
Mais de 130 especialistas monitoram atentamente todo o parque mundial da Siemens 24 horas por dia, sete dias por semana, e são capazes de
detectar e solucionar possíveis problemas antes que
ocorram, se necessário. Esse enfoque proativo pode
levar a intervalos de manutenção mais longos e tempo de funcionamento maior, o que contribui para
reduzir os custos da energia eólica.
Desde 1998, a equipe de diagnóstico remoto
da Siemens monitora um número sempre crescente de usinas eólicas. A cada dia, mais de 200 gigabytes de dados novos são coletados de mais de
7.500 turbinas ao redor do mundo. Vinte e quatro
milhões de parâmetros de turbina são monitorados
no parque e gerenciados constantemente para proporcionar uma otimização dinâmica das operações
das turbinas, sendo que mais de 300 milhões de resultados de cálculos de diagnósticos são realizados
a cada semana.
“Esta nova central avançada de diagnóstico remoto reforça ainda mais o nosso compromisso de oferecer
aos nossos clientes o que há de melhor em diagnóstico
e monitoramento remotos”, afirmou Tim Holt, executivo-chefe da Siemens Service Renewables. “Somos pioneiros neste tipo de monitorando e seguimos transformando os dados em ferramentas de tomada de decisões
de valor agregado, que ajudam nossos clientes a operar
com máxima eficiência.”
A equipe de especialistas da empresa em Brande desenvolve e aprimora continuamente a tecnologia há 16 anos. O “Identificador Automático de
Causas Básicas” é um programa que detecta de maneira automática e indica qual é o parâmetro que
está causando desvio no desempenho de um sistema
de turbina com mais precisão. A “Vigilância Automatizada”, baseada em “Modelos Lineares Dinâmicos”, é um sistema que compara o desempenho dos
sistemas de turbina com os aprendizados e previsões de procedimento normal. Estes são apenas dois
exemplos de tecnologias patenteadas pela Siemens
e fazem parte do portfólio de diagnóstico remoto da
empresa, destinado a detectar desvios e a reagir de
maneira rápida e proativa para evitar paralisações e
perda de produção.
O diagnóstico remoto é parte importante do
portfólio de serviços de valor agregado da Siemens.
Os especialistas em monitoramento estão aptos a esclarecer e solucionar remotamente mais de 85% dos
alarmes sem que haja uma equipe de atendimento
resolvendo problemas no local. A redução das paralisações e o menor número de visitas às turbinas
resultam em uma maior produção de energia. Com
o diagnóstico de vibrações, a Siemens é capaz de
detectar a menor indicação de que algo talvez não
esteja funcionando bem e de fazer o acompanhamento, recomendando soluções proativas antes que
o problema se agrave.
Além disso, a companhia está apta a analisar os
dados coletados para detectar tendências de turbinas
individuais, bem como dos parques em geral. Os especialistas podem observar como certas localidades,
condições operacionais e tempos de funcionamento
estão afetando as turbinas e podem indicar melhorias nos processos. Os resultados contribuem para um
melhor desempenho das turbinas no longo prazo, reduzindo, assim, o custo da energia. |
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Considerando que a energia é parte relevante dos
mais variados processos industriais, consumo residencial,
iluminação pública, transportes, é possível afirmar que
energia é sempre um bom negócio porque seu consumo
é certo. Por este motivo e considerando ainda o crescente
consumo energético mundial ao longo dos anos, é razoável
imaginar a necessidade em se instalar novas usinas para
produção de energia elétrica, além da pesquisa por novas
soluções para o aproveitamento energético, como eficiência energética e outras maneiras de uso dos recursos naturais renováveis, como água, vento, sol e biomassa.
O Plano Decenal de Energia Elétrica – PDE, publicado anualmente pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE
tem por objetivo apresentar à sociedade uma previsão de
crescimento e configuração da matriz elétrica nacional
para os próximos dez anos e contempla todas as fontes de
energia, mesmo fontes renováveis complementares (solar,
eólica, biomassa e PCH).
Eólica
O último PDE disponível prevê, para a fonte eólica,
uma participação expressiva para 2024, com 24 GW instalados, contra os atuais 8,9 GW. Para até 2020 há uma
linha de investimentos programada devido aos projetos
já comercializados nos leilões ocorridos até o momento envolvendo todos os tipos de fontes. Isso porque os
empreendimentos são contratados em um determinado
ano para que sejam entregues funcionando em outro ano
mais a frente, o que provoca investimentos garantidos até
a entrega.
“Com relação aos vetos feitos recentemente pela
Presidente Dilma às fontes renováveis (exceto as hidrelétricas) no Plano Plurianual, o posicionamento da ABEEólica é que estes não prejudicarão o desenvolvimento
(já em curso) da fonte eólica no Brasil, visto que já foi
alcançado o patamar de maturidade competitiva de toda
a indústria eólica. Ademais, o sistema brasileiro de contratação de potência, que prioriza a competitividade entre
os projetos apresentados nos leilões e as diversas fontes
de geração, é o mecanismo mais adequado para o alcance efetivo e desejável para o desenvolvimento destas
fontes. Também é importante considerar que os apoios
recebidos atualmente são adequados para tal desenvolvimento. A Abeeólica e os investidores que representa
consideram o maior e melhor apoio possível a ser dado
por parte do governo federal aos investidores, é mesmo a
manutenção da sinalização de contratar as fontes renováveis complementares (solar, eólica, biomassa e
PCH), por meio dos leilões regulados e competitivos, conforme ocorre atualmente com enorme sucesso
no Brasil e com reconhecimento
internacional”, afirma Elbia Melo,
presidente da Abeeólica.
Segundo a apuração da Bloomberg New Energy Finance – BNEF, fornecida para a ABEEólica, a energia eó-
lica foi responsável por cerca de 80% dos investimentos
em todas as renováveis no Brasil em 2014.
Quanto ao sinal de novos investimentos para o setor eólico, a tendência se mantém positiva. Isso porque,
principalmente, há uma sinalização do governo através
de seu planejamento decenal que indica uma participa-
ção significativa da fonte eólica até 2024, ano final de
análises.
Sobre os investimentos já programados para eólica,
estima-se que o Capex do projeto, em valores atuais,
seja de R$ 5 milhões à R$ 6 milhões por MW instalado.
Adotando o valor R$ 6 milhões por MW como estimativa
e aplicando o investimento para o ano de instalação do
projeto alcançamos um volume total superior a R$ 100
bilhões. |
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O que se observa no mundo e possivelmente no
Brasil é a diversificação de atuação das empresas que
tradicionalmente trabalhavam no segmento de petróleo
e gás, para o segmento de renováveis, como eólica, solar e biomassa, especialmente. Este é o movimento de
mercado, justificado pela queda nos preços do petróleo e derivados. Porém, sob o ponto de vista da contratação
das fontes por leilões regulados de energia, é vital para o
desenvolvimento destas indústrias que o governo federal
siga sinalizando o seu interesse em contratar estas fontes,
por esta via. Este é o principal passo para estimular o interesse dos investidores para o mercado das renováveis.
“O Brasil é um país extremamente rico em recursos
de todas as naturezas. Entre as fontes de energia, o mais
adequado é que aproveite a complementariedade entre
elas para garantir assim, a segurança no abastecimento
de energia elétrica e o desenvolvimento conjugado de
todas estas indústrias. Destaque, principalmente, para
os setores eólico e solar, os quais estão com nova tecnologia e se tornando mais competitivos. O Brasil é um
dos poucos países no mundo que produz energias renováveis complementares de forma abundante e competitiva, podendo garantir uma matriz futura segura, limpa,
renovável e barata. Por isso, é de altíssima relevância
entender a importância do Brasil na esfera global ao ser
um dos maiores detentores de recursos renováveis para
a produção de energia elétrica, sendo esses recursos renováveis que trazem grandes benefícios socioeconômicos na medida em que aumentam a renda e a riqueza
regiões menos favorecidas no país, como é o caso do
semiárido nordestino”, diz Elbia.
Assim, entendemos que o Brasil deve permanecer
cultivando um mix geral de fontes para que a matriz se mantenha a melhor possível. A matriz elétrica hoje já contempla uma participação interessante da fonte eólica. |
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Considerando as fontes renováveis, as condições ambientais no Brasil são ainda mais interessantes por haver um descompasso positivo entre o período de geração
eólica e da geração hídrica. Assim, o período em que menos chove é o período de melhores ventos. O período
de entressafra da biomassa compõe o cenário renovável
complementar. |
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Os projetos eólicos são concebidos e construídos
em áreas onde sejam observados potenciais eólicos
de melhor qualidade, que conferem aos projetos e
consequentemente às usinas maior competitividade.
Antes da concepção do projeto eólico, o potencial
de vento de uma região é medido por até três anos
para que tenha uma amostra estatística que seja representativa e confiável, para garantir o investimento
pretendido.
Os parques instalados e em construção estão predominantemente nas regiões Nordeste e Sul do Brasil - onde
estão os melhores potenciais do país, sendo também encontrados os melhores ventos do mundo. |
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Atualmente, o Brasil conta com oito fabricantes de
aerogeradores instalados e desenvolvendo as máquinas
em território nacional. Cada investidor pesquisa no mercado, o fabricante que pode realizar parceria em seus
projetos, fornecendo as máquinas e contribuindo com
a equipe de manutenção. E é simulado o desempenho
teórico do parque eólico utilizando diferentes máquinas para verificar a viabilidade em se colocar uma máquina ou outra no parque: a escolha é feita a partir deste momento, e segue-se o caminho financeiro para a compra
das máquinas.
As parecerias são realizadas entre investidores por meio da contratação mais competitiva e atualmente é possível afirmar que o Brasil dispõe de empresas bem preparadas para oferecer produtos e serviços para atender às necessidades do setor eólico, uma vez que a indústria está bem consolidada.
Devido ao Finame – Financiamento de Máquinas e Equipamentos do BNDES, a indústria eólica teve que adequar sua linha de produção aumentando o nível de nacionalização gradualmente e, por isso, dispõe hoje de uma cadeia produtiva sustentável e em grande parte nacional com qualidade de excelência.
A energia eólica é atualmente, no Brasil, a segunda fonte mais competitiva, perdendo apenas para as grandes usinas hidrelétricas. A excepcional qualidade dos ventos brasileiros, somado à expertise das empresas que atuam no setor eólico nacional e ao sistema de contratação de potência que prioriza a competividade, são as justificativas para o sucesso da indústria eólica em nosso país, o que demostra a viabilidade comprovada dessa fonte. |
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Como o produto das usinas eólicas é o mesmo – eletricidade -, poucas alterações são necessárias na rede
para a transmissão deste aporte elétrico. Em termos legais, algumas alterações pontuais foram necessárias para
alavancar o desenvolvimento destas fontes, do ponto de
vista regulatório/comercialização, tributário, ambiental e
logístico para que fossem respeitadas as características de
cada fonte.
Deste modo, a energia elétrica proveniente de usinas
de qualquer uma destas fontes pode ser conectada a uma
rede inteligente. Tanto que já é realidade no Brasil usinas
eólicas de pequeno porte conectadas diretamente a rede
de distribuição ou pequenas residências.
É importante mencionar que o ano de 2014 foi marcante para o setor, tendo em vista que foram adicionados ao sistema 2,5 GW de potência instalada, recorde brasileiro, o que fez do Brasil o 10o país do mundo em capacidade instalada e o 4o que mais acrescentou potência no ano.
No entanto, em 2015, o recorde brasileiro foi quebrado. Além de termos instalado um volume maior de potência – 2.750,2 MW – foi a primeira vez que colocamos de pé mais de 100 usinas – ao todo foram 111 parques. A capacidade instalada de 2,75 GW representa um investimento superior a R$ 16 bilhões e, em índices sustentáveis, 41 mil empregos gerados, cerca de 5 milhões de residências sendo abastecidas e 5 milhões de toneladas de CO2 evitadas para a atmosfera. |
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Sendo um dos países que mais investe em energia
eólica no mundo, o Brasil também foi considerado em
2014 e em 2015 como um dos países mais atrativos
para investimentos em energia renovável, com destaque para o Relatório da Bloomberg New Energy Finance chamado “Climatescope” que classificou o Brasil
como o 2o país mais atrativo mundialmente e o 1o colocado neste ranking para a América Latina e Caribe.
Apesar de ser um país historicamente conhecido por
ter uma matriz elétrica tradicionalmente renovável, o
desenvolvimento expressivo e ordenado da fonte eó-
lica, sem dúvida, vem impulsionando ainda mais este
reconhecimento.
“Ressalto que a contribuição da fonte eólica para o Brasil não fica restrita à esfera energética. Os ganhos sociais para a comunidade são significativos e também devem ser mencionados. Auxílio para a fixação do homem no campo, aumento da oferta de emprego e renda por meio dos arrendamentos de terras e capacitação da população local são alguns dos benefícios sociais transversais à fonte eólica. O desenvolvimento e gestão de programas ambientais são também atividades desenvolvidas pelos empreendedores que merecem destaque”, finaliza Elbia.
Solar
A energia solar começou sua história no Brasil com
o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e
Municípios (Prodeem), criado em 1994, que promoveu a
aquisição de sistemas fotovoltaicos por meio de licitações
internacionais. Foi instalado o equivalente a 5 MWp em
aproximadamente sete mil comunidades em todo Brasil.
O Prodeem foi incorporado ao Programa Luz para Todos com o intuito de atender localidades remotas, para
as quais a extensão da rede de distribuição trazia custos
proibitivos. E, de acordo com o Relatório da Administração da Eletrobras de 2009, ao todo foram instalados
2.046 sistemas fotovoltaicos desde 2004. Hoje, a energia
solar faz parte da matriz energética brasileira e tem crescido em várias frentes.
A Absolar, Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, fundada em 2013, é uma entidade sem fins
lucrativos que congrega empresas e profissionais de toda
a cadeia produtiva do setor solar fotovoltaico. “ Coordenamos e defendemos os interesses comuns de nossos
associados em prol do desenvolvimento da energia solar fotovoltaica no país”, diz Rodrigo Lopes
Sauaia, presidente executivo da
associação, que já possui mais
de 110 associados e se prepara
para receber pequenas e médias
empresas do setor, atuando no
segmento de geração distribuída.
Rodrigo ressalta que o tamanho
das empresas não impede que se
encontrem os objetivos comuns
do segmento e se trabalhe por eles com sucesso.
Para entender melhor o alcance da energia solar, é
preciso lembrar que ela é composta por diferentes tecnologias: (i) a energia heliotérmica, ainda sem projetos
comerciais no Brasil, opera pelo aquecimento de um fluido para gerar energia através de turbinas a vapor, uma
verdadeira termelétrica movida a sol; (ii) há também o
aquecimento de água, utilizada em chuveiros e piscinas e
com segmento já consolidado no país; e (iii) a energia fotovoltaica, a conversão direta da radiação solar em energia elétrica através de materiais semicondutores como
o silício, operando sem partes móveis e sem ruídos, em
franca expansão no Brasil. |
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Historicamente, a inserção lenta da energia solar fotovoltaica na matriz brasileira deveu-se ao seu alto custo,
mas, nos últimos anos, com melhorias na tecnologia e o
aumento da utilização da fonte em todo o planeta, houve
redução de 70% a 80% nos preços de sistemas fotovoltaicos, tornando-os cada vez mais competitivos, em especial
na chamada geração distribuída.
Em 2015, o Ministério de Minas e Energia criou o
Programa de Desenvolvimento de Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) para estimular a geração de energia a partir de sistemas solares fotovoltaicos instalados em residências, empresas e prédios
públicos. E, ao contrário do modelo alemão – onde o
governo comprava a energia gerada do consumidor
a um preço até 4 vezes maior que a sua tarifa -, o
Brasil está seguindo um caminho mais parecido com
o modelo norte americano, que incentiva de maneira
não-onerosa quem utiliza a energia solar fotovoltaica
através da compensação entre a energia consumida
e a energia gerada e injetada na rede. “ É o que se
denomina de medição líquida, um mecanismo muito
mais sustentável no longo prazo e adaptado à realidade brasileira”.
Mas, para chegar até o ponto atual, foi preciso a criação de uma regulamentação capaz de permitir ao consumidor injetar a sua energia na rede elétrica. O avanço veio em 2012, através da Resolução Normativa 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica, estabelecendo a microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica. Em seguida, vieram os leilões de energia solar fotovoltaica no Brasil: o primeiro foi realizado em 2013 – o leilão estadual solar de Pernambuco.
Em 2014, o Governo Federal realizou o primeiro leilão nacional de energia solar fotovoltaica, seguido por dois leilões em 2015, o que levou a um total de 3.300 MW contratados até 2018, representando mais de R$ 12,5 bilhões de investimentos privados no segmento.
Apesar de notícias recentes sobre vetos presidenciais
ao Plano Plurianual às energias renováveis, Sauaia afirma
que o Governo brasileiro está de fato comprometido com
todas as renováveis e já tem planejamento para mantê-
las fortes na matriz.
O próprio BNDES vem financiando
parques eólicos e indústrias de equipamentos fotovoltaicos – módulos, inversores e estruturas de suporte já são
produzidos localmente.
“O Plano Decenal de Energia Elétrica representou
uma mudança positiva a favor da energia solar fotovoltaica,
ampliando sua meta de 3.500 MW em projetos de energia
solar fotovoltaica operacionais até 2023 para 8.700 MW
até 2024. Quanto aos fabricantes o Padis – Plano de Apoio
ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays é essencial para trazer competitividade
à produção de módulos fotovoltaicos no país. Para isso,
ainda falta a inclusão de insumos e maquinários do setor
nos anexos do PADIS, ação de responsabilidade do governo federal. A vinda de inúmeros fabricantes de módulos
fotovoltaicos depende dessa medida urgente”.
Segundo a Absolar o Brasil está diante de uma grande oportunidade de incluir a energia solar fotovoltaica na
matriz elétrica, trazendo maior segurança energética ao
país, reduzindo e poluição provenientes de termelétricas
movidas a combustíveis fósseis, criando empregos locais
de qualidade e desenvolvendo um novo setor de alta tecnologia no país. Para a Absolar, o setor solar fotovoltaico
será parte integrante dos esforços e as metas anunciadas
pelo governo brasileiro na COP 21 para a de redução de
emissões de gases de efeito estufa e combate às mudanças climáticas. |
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A Absolar tem ainda auxiliado as prefeituras e os
estados a estabelecer políticas de incentivo à energia solar fotovoltaica. Quinze estados brasileiros já
aderiram à isenção de ICMS na energia da micro e
minigeração, o que representa 75% da população
beneficiada pela medida (mais de 154 milhões de
brasileiros. Um bom exemplo é a iniciativa desenvolvida pela prefeitura de Palmas, capital do Tocantins,
que estabeleceu o Programa Palmas Solar, que incentiva a população e os empresários da região a utilizarem energia solar fotovoltaica em seus edifícios.
Outra ação positiva acontece em Pernambuco, através do Programa PE Solar, que disponibiliza financiamento diferenciado para empresas instalarem geração distribuída solar fotovoltaica em seus prédios.
O Distrito Federal, por sua vez, está estruturando o
Programa Brasília Solar, de estímulo à energia solar
fotovoltaica – levantamentos iniciais apontam que
os telhados do Plano Piloto, Lago Sul e Lago Norte
têm capacidade para suprir a demanda de energia
de todo o DF.
“São várias iniciativas promissoras e continuamos
trabalhando para mobilizar novos estados e municípios
a fazer parte destas ações em prol da energia solar fotovoltaica. Inclua-se aí o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), uma linha de
crédito especial que permite que agricultores familiares
e cooperativas financiem os equipamentos para produzir energia solar e eólica em suas propriedades”, comenta Rodrigo Sauaia.
O retorno sobre o investimento na implantação
de um sistema de energia solar fotovoltaica varia de
acordo com o perfil do usuário, sendo especialmente
atrativo para consumidores residenciais e pequenas
empresas. Em média, são necessários seis a doze anos
para recuperar o investimento nos equipamentos que
têm vida útil de 25 anos. Também é um bom negócio
em usinas de geração de energia, tanto que já estão
nesse negócio empresas como Cemig, Renova, Casa
dos Ventos, CPFL e Enel Green Power.
As energias solar/fotovoltaica e eólica estão inseridas nas chamadas fontes de energia renováveis, que
representaram no ano passado 41% da matriz energé-
tica brasileira. Mesmo em um ano de economia difícil
para o país, a geração distribuída solar fotovoltaica
teve um crescimento de 308% em 2015 e a Absolar
prevê uma aceleração deste segmento em 2016. Segundo Rodrigo Sauaia, já são ao todo 99 usinas solares
fotovoltaicas contratadas em leilões, representando
3.300 MW a serem inseridos no Sistema Interligado
Nacional. |
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Energia está ligada a visão de futuro, afirma
Roberto Barbieri, assessor da área de
GTD da Abinee |
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A matriz energética brasileira, considerando todas as fontes de
energia, é bastante renovável. Seja
por causa das hidrelétricas na gera-
ção de energia elétrica, seja com a
entrada das renováveis alternativas
como eólica, solar e biogás, seja nos
outros consumos de energia no Brasil,
com a lenha, o etanol e a biomassa.
Energia é e será sempre um bom negócio. Mas devemos ter em mente o
conceito correto de energia. Ou seja,
não devemos confundir energia com
o caso específico da energia elétrica.
Energia pode ser a energia para os sistemas de transporte, de aquecimentos, de refrigeração,
de saneamento, de saúde, de produção ou mesmo de
sobrevivência e de vida. Portanto, quando tratamos de
energia, tratamos de todas as possíveis fontes: petróleo,
gás, alimentos, lenha, hidráulica, eólica, solar, maremotriz, nuclear, química e outras. Como a população mundial cresce e como utiliza cada vez mais energia, é um
bom negócio.
A queda do petróleo afeta a matriz energética na
medida em que muda os preços relativos das diversas
soluções para o uso final da energia. Mas a tendência de
uso de fontes renováveis e alternativas está ligada a uma
visão de futuro e ambiental.
O Brasil já tem um mix
de energias bastante variado, pois temos a benção de
contar com diversas fontes e
quase todas com viabilidade
técnica e econômica. O mix
perfeito seria a otimização
do uso destas variadas fontes
possibilitando a existência
das diversas cadeias produtivas, bem como o desenvolvimento de tecnologias e o
aproveitamento das potencialidades regionais e locais.
Nessa linha, também as tecnologias são escolhidas pela
maior eficiência na produção de energia, o que reduz
o custo por energia gerada
e a escolha dos parceiros
segue a lógica comercial de
melhores condições de preço, prazo e
qualidade. No Brasil já temos a maioria
dos produtos das cadeias energéticas
com fornecedores locais com qualidade
equivalente aos produtos mundiais.
A geração de energia elétrica a
partir da fonte fotovoltaica é viável
do ponto de vista econômico, ou seja,
o retorno do investimento realizado
existirá e haverá um ganho econômico futuro. O que precisa ser analisado é se o prazo em que ocorrerá este
retorno é interessante frente a outras
alternativas para o mesmo investimento. Mas, como as eólicas, também é
um caso de sucesso no Brasil, que já realizou as mudanças pertinentes na lei. Agora, precisa-se de ganho
de escala e do adensamento das cadeias produtivas
para viabilizar e tornar mais competitivas algumas
tecnologias.
E as redes inteligentes serão realidade no Brasil nos
próximos anos - vários são os fatores que demandarão
a sua implementação. A geração distribuída é um deles,
mas não é o único nem é suficiente para que as redes
sejam amplamente instaladas. Porém, redes inteligentes
e geração distribuída (incluindo-se nela a microgeração)
são alavancadas uma pela outra de tal forma que tendem a acontecer juntas. |
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