Revista Controle & Instrumentação Edição nº 206 2015
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FIEE destaca tecnologias; Abineetec, oportunidades
e desafios |
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A 28ª Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrô-
nica, Energia e Automação – FIEE contou 52 mil visitantes
– em um ano reconhecidamente desafiador para os investimentos, uma média de público proporcional ao seu tamanho. Foram cerca de 623 expositores e mais de mil marcas
em 40 mil m². O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Humberto Barbato, considerou que “para muitos dos expositores, não foi uma
tarefa fácil chegar até a Feira. Boa parte, infelizmente, não conseguiu, em função de um fator muito
simples: a instabilidade econômica por que passa o
Brasil acabou por limitar seus investimentos”.
A entidade também organizou dentro do pavilhão o Seminário AbineeTec. Com excelente adesão
de um público formado por engenheiros, projetistas e profissionais de grandes empresas do setor, o
espaço reuniu 800 participantes e 44 palestrantes
que abordaram temas como a eficiência energética, a infraestrutura do setor energético brasileiro, smart grid e o que
deve ser a indústria do futuro, com base na Internet das
Coisas (IoT), e a sustentabilidade.
A FIEE possui duas áreas de interesse para a National Instruments, a de testes automatizados e eletrô-
nicos – onde as principais plataformas demonstradas
foram o VirtualBench, PXI e instrumentação modular
– e a de controle – onde se destacam o CompactRIO
e NI myRIO. A empresa apresentou pela primeira vez
em feiras no Brasil o VirtualBench, uma plataforma
multi instrumentos, cinco em um – osciloscópio de sinais mistos com análise de protocolos, multímetro digital, gerador de funções, fonte de alimentação CC
programável e E/S digitais, com interface toda em software que roda no PC ou no iPad, além de Apps para Windows PC e iPad e conectividade Wi-Fi ou USB.
“O Virtual Bench substitui uma bancada de teste simples, não é para calibração nem para emissão de certificados, mas para uma medição interativa. Uma das aplicações é para ensino mas é perfeito para laboratórios de
empresas que precisam de múltiplos instrumentos para
testes rápidos. Não é necessário conhecer o LabVIEW
para trabalhar com ele, além de possuir custo interessante”, comenta André Pereira, gerente de
marketing técnico para as Américas da NI, que
explica: qualquer laboratório tem uma bancada
cheia de instrumentos; o que a NI fez foi transferir tudo para o computador. Só não acontece
a interação física com o instrumento mas tudo
que o instrumento faria está disponível virtualmente e não é preciso estar conectado à internet para instalar o programa – todo o software
necessário já está carregado no próprio dispositivo, que
além de possuir uma interface pronta para todos os instrumentos, pode expandir suas funções com o LabVIEW.
Durante a feira a National Instruments também expôs a
nova linha de controladoras 9031 e 9034 baseadas em Intel Atom e programação gráfica LabVIEW, que roda Linux
RT Embedded – sistema operacional mais aberto, para ganhar mais velocidade, além de oferecer uma plataforma
expansível. André explica que, com know-how de sistema embarcado, o usuário pode mais facilmente programar algo específico que a biblioteca não possua. “Nosso
objetivo na área de automação e controle não é nos compararmos a um fabricante de PLC, mas oferecer uma plataforma diferenciada que faz tudo o que um controlador
faz, mas que pode ser reprogramado para outra atividade
e agregar várias aplicações na mesma plataforma, desde
processo contínuo lento e IO digital até monitoramento
de qualidade de energia e monitoramento de vibração.”
A ligação da National Instruments com TI é forte e seu
foco no início era mesmo instrumentação baseada em
software e instrumentação baseada em PC. O que a
empresa faz é juntar o que há de mais recente em sistema operacional, processador top de linha, FPGA reprogramável, etc. e entregar para o usuário final, que
então só precisa de treinamento na linguagem de programação, mas tudo é encapsulado de forma a acelerar o desenvolvimento de projetos de forma simples.
A National Instruments coloca 16% de seu faturamento
em pesquisa e desenvolvimento e vem lançando produtos e versões mais funcionais sistematicamente. É única
no mercado quando se pensa numa empresa que junta
um hardware modular (CompactRIO) com software de programação de linguagem gráfica (LabVIEW). Separados, hardware e software atuam em muitas áreas diferentes. “A National Instruments foca na visão que tem de
sua tecnologia e know how. O ano não está bom para
ninguém, mas para a empresa como um todo, atuando
em mercados diversos, o impacto é visto de forma bem
menor. Por ser visionária, a NI busca olhar pra frente. E
quando se mira lá na frente em vez de olhar para o amanhã imediato, para a semana que vem, as coisas ficam
um pouco mais amenas. Essa postura
fez com que a National Instruments tenha mantido crescimento, sem demissões, desde 2008. É uma empresa built
to last”, finaliza André Pereira.
Segundo o Diretor de Mercado da
Novus, Valério Galeazzi, a empresa vem
mantendo seus planos de investimento
porque eles são elaborados estudando
vários cenários. “O começo de 2015
está dentro das expectativas e estamos estruturando a equipe, inclusive com contratações. Estamos acompanhando o
mercado para ajustes, se necessários. E também apresentando novos produtos. A Novus é uma empresa inovadora,
isso está no nosso DNA e para competir internacionalmente, é preciso estar sempre inovando”.
Um dos lançamentos expostos durante a FIEE foi a
caixa térmica inteligente, que já vem com um data logger incorporado – um tag com sensor de temperatura
– ideal para transporte de órgãos, vacinas e outros itens
que demandem controle rigoroso de temperatura. A caixa está disponível em diversos tamanhos e acompanha
um aplicativo desenvolvido pela própria empresa que
permite a coleta dos dados só com a aproximação de
um smartphone, mostrando a temperatura atual, os registros existentes, gráficos de tendências, arquivos, etc. E
todas essas informações podem ser publicadas na nuvem
ou enviadas por e-mail, se necessário. O pequeno tag
não é descartável – sua bateria dura dois anos – mas
dependendo do valor do material, descartá-lo pode valer
a pena.
A Novus vem atuando forte há alguns na cadeia do
frio e como possui soluções para controlar e registrar temperaturas, a caixa térmica inteligente foi um desenvolvimento natural de trabalhar junto com os diversos atores
dessa cadeia e levantar suas demandas. Segundo Galeazzi, a cadeia do frio entre outras já reconhece a IoT (Internet das Coisas) como realidade, pois no momento em
que se coletam as informações já se pode disponibilizá-
las na nuvem, compartilhando dados com outras pessoas. Transporte de fármacos e perecíveis também estão se
beneficiando da IoT e da tecnologia da Novus, uma vez
que as caixas inteligentes informam temperatura da carga,
tempo, trajeto e o que mais for necessário.
Outros produtos expostos foram um medidor de
grandezas elétricas com saída RS-485 em Modbus, com
configuração por USB – DigiRail-VA – e o Novus Drive,
inversores para motores pequenos a médios, com funcionalidades de CLP integradas. A Novus também destacou seu laboratório de metrologia, que faz parte da Rede
Brasileira de Calibração – RBC, homologada pelo Inmetro. Valério conta que esse serviço da Novus – para temperatura, pressão, umidade e grandezas elétricas – está
disponível no laboratório, em Porto Alegre/RS e também
em campo, nas instalações do cliente, a partir de São
Paulo, com o mesmo certificado RBC. “Alguns clientes
têm que seguir a norma de aferir e calibrar seus instrumentos, de tempos em tempos. Uma grande vantagem
da Novus é a possibilidade de fazer o ajuste de off-set,
além da calibração, nos instrumentos de fabricação da
Novus”.
Também chamou a atenção durante a FIEE a área de
serviços de engenharia, onde a Novus desenvolve solu-
ções taylor made. Alguns cases de sucesso foram mostrados, como as ETAs de Guaraú e Salesópolis da SABESP,
onde a Novus ficou encarregada do projeto completo de
instrumentação.
A Flir, especializada em termovisores, apresentou a
Flir C2, uma câmera térmica portátil projetada para especialistas e prestadores de serviços do setor de constru-
ção. O equipamento tem capacidade de revelar padrões
de calor e diferenças de temperatura que evidenciam infiltrações, vazamentos, desperdício
de energia, obstruções em tubulações e
outros defeitos estruturais. “Essa câmera vai garantir que você não terá a sua
casa destruída antes de encontrar o vazamento”, ressalta o vice-presidente de
Vendas da Flir para a América Latina,
Fernando Lisboa.
A câmera possui uma tela touchscreen de três polegadas e micro detector térmico Lepton,
que captura e exibe padrões térmicos sutis e pequenas
diferenças de temperatura utilizando uma resolução de
até 4800 pixels, as mesmas dimensões de uma câmera
fotográfica (12,5 cm x 8 cm x 2,4 cm), captura temperaturas que variam de -10ºC a 150ºC, e custa até um ter-
ço das câmeras térmicas que não foram projetadas para
essa aplicação. Nos EUA e Europa, a principal utilidade
da Flir C2 é a inspeção de isolamento térmico em prédios
e residências. “Aquecer um ambiente custa caro, por isso
a inspeção predial é o mercado que mais cresce nesses
países”, destaca Lisboa.
A FIEE é um dos poucos eventos selecionados pela
Flir – e essa edição ganhou uma boa nota, tanto pela
quantidade de pessoas que visitaram o estante como
pela prospecção de negócios. “Vimos para esse tipo de
evento não só para atender ao público, mas também
para visitar outras empresas que são clientes nossos”.
Os principais clientes da Flir estão concentrados na
área de manutenção elétrica e mecânica dos setores de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,
petróleo e gás, mineração e manufatura. Para todos eles,
a empresa vem demonstrando o uso da tecnologia como
fator de aumento de produtividade e manutenção de receitas. “Monitorar os equipamentos e intervir antes que
eles quebrem evita uma parada da produção, que pode
ter um custo muito maior”, finaliza o executivo.
AbineeTec discute desafios e oportunidades
A AbineeTec, que aconteceu em
paralelo à FIEE, contou com a presença
de especialistas, membros dos poderes
executivo, representantes de indústrias,
de universidades e de institutos de pesquisa. Na cerimônia de abertura, o presidente da Abinee, Humberto Barbato,
destacou o atual cenário de dificuldades por que passa a indústria, exacerbado pelas medidas
de ajuste macroeconômico adotadas pelo governo.
Segundo Barbato, ao onerar ainda mais o setor industrial, como está sendo proposto nas alterações da desonera-
ção da folha de pagamentos e do Reintegra, o governo está
abrindo espaço para o contínuo processo de desindustrialização, ceifando um dos elos essenciais para a recuperação
do desenvolvimento do país.
Presente na cerimônia de abertura, o secretário do
Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Carlos Gadelha, destacou que, para além da questão conjuntural, é preciso
atacar os problemas estruturais que afetam a competitividade. Gadelha, que na ocasião representou o ministro Armando Monteiro Netto, afirmou que esta deve ser a base
de uma nova política, que não pode se limitar a ações
fragmentadas e destacou a necessidade da realização de
um amplo diálogo para encontrar soluções conjuntas que
preparem o país para um novo momento que priorize a
inovação e a competitividade.
O secretário de Energia de São Paulo, João Carlos
Meirelles, salientou a necessidade de se fazer uma reflexão sobre as fontes de energia, principalmente na região
Sudeste diante da crise hídrica que afeta a região. “É
indispensável, neste momento, fazemos esforços conjugados para criarmos soluções que gerem oportunidades
para máquinas equipamentos elétricos e eletrônicos”.
Neste rol de oportunidades, elencou o potencial de geração de energia a partir do bagaço da cana de açúcar,
da fonte solar, além do gás de lixo. Ele lembrou que o governo está incentivando uma iniciativa privada na construção de um gasoduto para transportar o gás do pré-sal
até São Paulo, conhecido como Rota 4.
Representando o ministro da Ciência, tecnologia e
Inovação, Aldo Rebelo, o secretário de Política de Informá-
tica da pasta, Virgílio Almeida, destacou que, este momento de ajustes também pode representar um momento de
oportunidades. Segundo ele, o setor eletroeletrônico, por
seu efeito transversal em toda economia, é elemento chave
para superar esta situação.
Os principais pontos abordados pelos especialistas
que participaram do workshop sobre o Aperfeiçoamento
do Setor Elétrico Brasileiro foram: a revisão do atual modelo pós MP 579/2012, maior incentivo à eficiência energética; a diversificação da matriz aproveitando o potencial
das diferentes fontes; e, principalmente, assumir que o
país passa por um momento crítico no abastecimento de
energia elétrica.
O mediador do evento, o diretor da área de GTD da
Abinee, Newton Duarte, afirmou que o modelo do setor
elétrico implementado a partir de 2004,
que tem como base a modicidade tarifá-
ria, segurança do atendimento e universalização, trouxe avanços como a cria-
ção do Programa Luz para Todos, o que
motivou um grande desenvolvimento
no setor. “Entretanto, após a MP 579, o
governo, numa tentativa sem sucesso de
diminuir o preço da energia, trouxe uma
série de dificuldades para todos os atores do setor, o que
culminou num grave endividamento das distribuidoras”,
disse. Ele acrescentou que, concomitante a isto, a situação
climática adicionou um novo componente, ocasionando o
aumento das tarifas.
O professor José Goldemberg, da USP, traçou uma revisão histórica sobre o setor elétrico e destacou o modelo
criado a partir de 2004, que trouxe a modicidade tarifária
e a compra de energia a partir de leilões. “É um procedi mento curioso, que prioriza o menor custo e com todas as
fontes concorrendo entre si, o que não estimulou a diversificação da matriz”. Segundo ele, somente após constantes
demandas dos atores, o governo começou a fazer leilões
dedicados por fonte. Ao mesmo tempo, Goldemberg afirmou que os reservatórios foram mal geridos.
O presidente da Siemens, Paulo Stark, afirmou que é
um absurdo que em um momento em que o país passa por
uma série de ajustes na economia, ainda tem que enfrentar
o fantasma da falta de eletricidade. “Se inaugurarmos um
cenário de recuperação a partir de 2016, podemos ter a
atividade refreada por conta disso”, observou.
Segundo Rafael Lazzaretti, gerente de Inovação da
CPFL Energia, o setor elétrico hoje possui uma base definida construída nos últimos 10 anos, mas que, olhando para
o futuro, carece de melhorias e aperfeiçoamento, tornando-o mais robusto. Ele apontou a necessidade de aprimoramento da matriz e o incentivo da eficiência energética. E
ressaltou que o surgimento das cidades inteligentes demandará cada vez mais energia.
O presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello,
salientou que, ao fazer uma reflexão do momento, é preciso admitir que o país passa por uma crise no setor elétrico.
Também salientou a necessidade de se rever o modelo setorial pós MP 579, que representou um desastre para todos
os atores do segmento.
A indústria do futuro e as redes inteligentes foram
destaque de um painel da AbineeTec, que recebeu especialistas internacionais da International Electrotechnical
Commission – IEC que falaram sobre Smart Manufacturing,
Internet das Coisas e Redes Inteligentes. O evento teve
como mediador José Antônio Scodiero, diretor da ARM
South America.
O coordenador do Grupo Estratégico 8 da IEC, Ludwig Winkel, falou sobre Smart Manufacturing – Industry 4.0 e Internet das Coisas (IoT). Segundo ele, existem
requisitos gerais para automação industrial que fazem
a diferença para outros domínios de aplicação: tempo
real, segurança funcional, redundância, eficiência energética e substituição rápida de dispositivo. “Os principais objetivos da indústria quando se utiliza deste tipo
de processo é ter lucro, ter eficiência, reduzir tempo de
colocação no mercado e reduzir a flexibilidade”, disse.
Segundo ele, este conceito pode ser aplicado na Internet
das Coisas, que requer uma semântica para a interconexão dos dispositivos. Neste contexto ele afirmou que
grande parte das normas internacionais está baseada na
automação industrial.
O secretário dos Grupos de Redes e Cidades Inteligentes da IEC, Peter Lanctot, falou sobre a Abordagem de
Sistema da IEC em Cidades e Redes Inteligentes, partindo
do princípio de que hoje existe a necessidade da criação
de sistemas que falem entre si, sendo a abordagem de sistemas importante devido às complexidades das tecnologias e
um novo nível de colaboração. Sobre as Smart Cities, Peter declarou que “acreditamos que uma cidade inteligente é
eficiente, habitável e sustentável”. Ele mostrou que se uma
cidade melhora a eficiência de suas infraestruturas, e, com
isso, será capaz de melhorar os serviços públicos por ela
prestados, o que irá torná-la um lugar melhor, melhorar a
sua atratividade, ajudar a criar postos de trabalho, aumentar a sua competitividade e assim tornar-se inteligente.
O coordenador do Grupo Estratégico 8 da IEC, Alexander McMillan, apresentou as Iniciativas do governo dos
EUA e dos consórcios e os trabalhos do Grupo Estratégico
de Smart Manufacturing da IEC. Segundo ele, a manufatura
inteligente é uma das poucas oportunidades para qualquer
nação que gera novas oportunidades, novos empregos e
um mundo novo. O desafio é ter dados precisos para serem
entregues no momento certo e utilizar as tecnologias existentes e as que surgirem para fazer as coisas de forma mais
rápida e mais inteligente, ressaltou.
Para falar sobre redes inteligentes e a estratégia brasileira para acelerar a implantação nas cidades, esteve presente o Especialista em Projetos da ABDI, Carlos Frees. Segundo ele, a criação de projetos sistêmicos deve privilegiar
inicialmente o desenvolvimento de soluções integradas em
energia, água, gás, saneamento, mobilidade com tecnologias de informação e comunicação, bem como a integração
de áreas nas quais as cidades carecem de soluções sociais
onde a indústria tem condições de criar a aplicar soluções
tecnológicas inovadoras.
“No Brasil, existem mais de 15 milhões de pontos de
iluminação pública, desta forma, surge a demanda das prefeituras por projetos que viabilizem investimentos”, enfatizou. Carlos Frees apresentou, também, o Programa Brasileiro para Desenvolvimento da Indústria Fornecedora de
TIC para Redes Elétricas Inteligentes Cidades Inteligentes,
que tem como objetivo desenvolver a indústria nacional de
Tecnologias de Informação e Comunicação para Cidades
Inteligentes, alavancada pelo mercado interno e com competitividade internacional.
Durante o Innovation Day, os Institutos de Pesquisa,
associados do IPD Eletron apresentaram seus trabalhos desenvolvidos, suas áreas de competência e oportunidades de
parceria com a indústria. Antes do evento, foi realizada a
primeira reunião dos institutos associados do IPDe, com a
participação do presidente da Abinee, Humberto Barbato.
Na ocasião, ele ressaltou a importância da interação entre os ICTs e a indústria para a realização de parcerias no
sentido de promover inovação tecnológica como forma de
estimular a competitividade das empresas do setor eletroeletrônico, em especial as empresas de pequeno e médio
porte, que não possuem estruturas para este fim.
Estiveram presentes no evento, o gerente de P&D do
CITS – Centro Internacional de Tecnologia de Software,
Felipe Grando Sória; o CEO do CESAR – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, Sérgio Vanderlei
Cavalcante; o Diretor de P&D do FIT – Flextronics Instituto de Tecnologia, Luiz Fernando Guerra; o presidente executivo da FITec – Fundação para Inovações Tecnológicas, José Luis de Souza; o executivo de Desenvolvimento
de Negócios do Instituto Eldorado, Paulo Ivo; o diretor
do Instituto de Pesquisa e Estudos Avançados Sorocabano
– IPEAS, Paulo Roberto F. Carvalho; o presidente do ITS
– Instituto de Tecnologia de Software, Descartes de Souza
Teixeira, o diretor presidente do Softex Recife, José Claudio de Oliveira, e o coordenador técnico do Itt Fuse da
Unisinos, Edilar Predabon.
A diretora de inovação do Instituto Euvaldo Lodi (IELCNI), Gianna Cardoso Sagazio, falou sobre o MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação), movimento de líderes
empresariais que visa incorporar a inovação na estratégia
das empresas e ampliar a efetividade das políticas de apoio
à inovação no país. Salientando que o Brasil está atrás dos
países mais desenvolvidos em relação aos investimentos
em inovação, a diretora do IEL enumerou dez propostas de
políticas para inovação que são prioridades da agenda MEI
2015, como a modernização do marco legal, a melhoria do
sistema de financiamento e projetos estruturantes de PD&I.
Ressaltou, também, a necessidade de atração, desenvolvimento e retenção de centros de PD&I e internacionaliza-
ção de empresas, além do investimento em PD&I para PME
de Base Tecnológica.
O presidente da Embrapii, João Fernando de Oliveira,
abordou os primeiros passos da entidade criada pelo governo brasileiro, em 2013, para incentivar e fomentar a inova-
ção no setor industrial. Explicou o processo de operação da
Embrapii e de credenciamento de ICTs. Para ser uma unidade Embrapii os institutos devem enviar um plano de ação
com prazo de 6 anos, contendo estratégia para captação e
execução de projetos de inovação para o setor industrial
na área de competência proposta. Hoje, estão cadastradas
13 unidades, num total de projetos em parceria com a iniciativa privada de R$1,4 bilhão. Um exemplo de unidade
Embrapii foi apresentado pelo Superintendente de Negó-
cios da Fundação Certi, Laércio Aniceto Silva. A instituição
foi selecionada para atuar na área de competência Sistemas
Inteligentes para Produtos Eletrônicos de Consumo e Produtos Eletromédicos, com a possibilidade de oferecer cerca
de R$ 36,6 milhões de subvenção a projetos de inovação.
A Certi pode oferecer até 33% de subvenção do valor total
do projeto ou pode usar ainda recursos incentivados de Lei
de Informática e Lei do Bem.
O gerente de P&D da Samsung, Antonio Marcon, falou de startups e seu papel no desenvolvimento tecnológico. Ele apresentou o Programa Samsung Startups, inaugurado no Brasil em 2014, uma iniciativa de inovação aberta
com o objetivo de estabelecer cooperação tecnológica entre a Samsung no Brasil e as redes nacionais de inovação,
como os parques tecnológicos, incubadoras, aceleradoras,
agências de fomento, fundações, associações, investidores,
startups e os demais participantes dos ecossistemas de inovação. Marcon destacou o Ocean, centro de capacitação
tecnológica idealizado pela empresa, com infraestrutura
voltada para treinamentos, palestras e atividades práticas
abertas a diversos públicos: estudantes, desenvolvedores e
interessados em geral.
O painel sobre a Avaliação da Conformidade analisou
as certificações compulsória que estão sendo realizados
para acompanhamento de produtos no mercado e apresentou sugestões de melhorias tanto no campo da implementação das normas técnicas, quanto no modo de opera-
ção das entidades de certificação e fiscalização.
Alfredo Carlos Lobo, diretor de Avaliação de Conformidade do Inmetro, apresentou os critérios para a
certificação compulsória e o acompanhamento no mercado. O coordenador geral de acreditação do Inmetro,
Marcos Aurélio Lima de Oliveira, apresentou os critérios
para acreditação e sanções de organismos de avaliação
da conformidade. Ele abordou a norma NIE-CGCRE-141,
que estabelece as sanções que devem ser aplicadas aos
organismos de avaliação da conformidade acreditados em
decorrência da atestação do não cumprimento dos requisitos de acreditação.
Apresentando a visão da indústria eletroeletrônica na
administração dos processos de certificação de produtos do
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC,
o diretor da Área de Material Elétrico da Abinee, Antonio
Eduardo de Souza, afirmou que a adoção de algumas soluções indesejadas têm sido praticadas no mercado e, por
isso, são necessários ajustes, tanto no campo da implementação das normas técnicas, quanto no modo de operação
das entidades de certificação e fiscalização. Ele afirmou,
ainda, que é preciso que seja feita uma revisão dos regulamentos técnicos compulsórios para torná-los mais eficazes, como exigir, na alfândega brasileira, o certificado de
conformidade do produto compulsório no desembaraço de
produtos importados e incluir a fiscalização nos canais de
distribuição de produtos.
A Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade
– ABRAC foi apresentada pelo seu vice-presidente Marcos
Roque. A entidade tem como objetivo atuar ativamente em
defesa dos interesses dos Organismos de Certificação de
Produtos, Sistemas e Pessoas e de Laboratórios de Ensaio e
Calibração de forma imparcial e independente.
O diretor de Laboratórios e Infraestrutura de Redes do
CPqD, Paulo Curado, falou sobre os critérios homogêneos dos ensaios realizados em laboratórios no Brasil e no
Exterior. Segundo ele, há vantagens na padronização das
políticas de certificação, como acompanhar o movimento
mundial de quebra de barreiras técnicas, diminuir pressão
por parte dos fabricantes internacionais, reduzir custos para
fabricantes internacionais. Por outro lado, existem desvantagens, como a incompatibilidade de requisitos técnicos
exigidos em cada país, resultando mudanças em ensaios
ou grandes discussões de revisões de requisitos, além das
diferenças de condições que criarão dificuldades para os
laboratórios instalados brasileiros.
O Painel sobre Sustentabilidade discutiu desafios para
a implementação do acordo setorial para logística reversa
de produtos eletroeletrônicos.
As principais questões tratam do acordo setorial com
caráter vinculante, da periculosidade dos resíduos, do
transporte fronteiriço e da titularidade do bem eletrônico.
Ainda carece de providência, o tópico que diz respeito à
definição de contribuição pecuniária, ou seja, uma taxa
visível embutida no valor do produto – ecovalor. “Por fazer parte da agenda fiscal, este único tema restante está no
Ministério da Fazenda, que já foi comunicado da demanda, mas, até o momento, não nos chamou para conversar. Não vamos descansar enquanto não atingirmos este
objetivo”, disse o diretor da área de sustentabilidade da
Abinee, André Saraiva, que foi o moderador do Painel.
Segundo diretor do Departamento de Consumo Sustentável da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ariel Pares, a
logística reversa é uma revolução que altera o padrão de
produção, introduzindo novos parâmetros de inovação,
voltados a processos e produtos verde, com menos consumo de energia e materiais. “A logística reversa é um dos
elementos da política industrial e competitividade e está
entre os mais altos níveis de prioridade nas ações de governo”, afirmou. |
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