Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 199 – 2014



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Redes Elétricas Inteligentes saem do papel

 
 

O conceito de Redes Elétricas Inteligentes, ou smart grid, possui muitas definições mas, em termos gerais, é a aplicação de tecnologia da informação para o sistema elétrico de potência, integrada aos sistemas de comunicação e infraestrutura de uma rede automatizada.
A realidade do smart grid deve transformar o sistema elétrico em uma moderna rede, que permitirá às concessionárias de energia e aos consumidores mudar a forma como disponibilizam e consomem energia, respectivamente. A parte mais visível dessa evolução, atualmente, está no uso, em larga escala, dos medidores eletrônicos de energia, que permitirão, em curto prazo, exercitar novas modalidades tarifárias e novos comportamentos de consumo. Telecomunicações, sensoriamento, sistemas de informação e computação, combinados com a infraestrutura já existente, passam a constituir cada vez mais um arsenal poderoso que pode fazer a diferença.
Os investimentos das distribuidoras de energia do Brasil estão assim distribuídos, segundo a ABDI: 27,11% em geração distribuída, 20,51%em Automação da Distribuição (AD) e 9,52% em Sistemas de Medição Inteligente (MI).
Os projetos de Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC para Redes Elétricas Inteligentes - REI estão distribuídos por todas as regiões do país, contudo os investimentos na Região Sudeste concentram mais de 66% do total do país. O Sudeste, por ser o centro de consumo de energia do Brasil, por possuir grande quantidade de concessionárias de energia e por sediar as grandes empresas de serviços e fabricantes de equipamentos, é a região de maior destaque.
Assim, percebe-se que há uma forte tendência das distribuidoras buscarem conhecimento em “cases” de geração distribuída, por meio de projetos nessa área, quebrando o paradigma da rede convencional com fluxo único de energia, gerando novos cenários de operação e planejamento da rede.
Observou-se que os projetos demonstração das concessionárias têm funcionado como “prova de conceito”, envolvendo diversas sub áreas de TIC-REI, somando investimentos atuais da ordem de R$ 1 bilhão exclusivos em P&D. Ressalta-se que há a previsão de inserção de aproximadamente R$ 3 bilhões com os investimentos do programa Inova Energia.
O especialista da ABDI e líder do Projeto Smart Grid/Smart City, coordenador do grupo de trabalho do Governo para Smart Grid, Carlos Venicius Frees, lembra que, o que de fato está acontecendo é uma evolução – do modelo tradicional de controle, geração e uso da energia elétrica – que está incluindo na rede convencional certa inteligência, que torna o sistema mais efetivo para responder aos desafios atuais de produção e consumo energético.
Envolve a instalação de sensores nas linhas da rede de energia elétrica, o estabelecimento de um sistema de comunicação confiável em duas vias com ampla cobertura com os diversos dispositivos e a automação dos ativos.
Esses sensores possuem chips que detectam informações sobre a operação e desempenho da rede – parâmetros como tensão e corrente. Quando os sensores detectam informações significativas ocorre a comunicação dos dados de volta para um sistema central que vai analisar os dados e determinar o que está errado e o que deve ser feito para melhorar o desempenho da rede.
Os benefícios podem ser identificados como maior eficiência – já que implica em consumir menos energia da concessionária para fornecer o mesmo nível ou melhoria da qualidade do serviço aos seus clientes; redução de custos e de emissões de carbono; aumento da confiabilidade – já que a rede inteligente irá detectar quando os ativos estão começando a falhar ou estão com desempenho em declínio de forma que a concessionária possa repará-los ou substituí-los antes que haja uma interrupção de energia real. A rede inteligente também irá detectar uma falha e localizá-la com precisão, permitindo a concessionária responder a ela com muita rapidez. A rede inteligente permitirá isolar o impacto de uma falha aos clientes e maior integração de qualquer equipamento da rede, desde a leitura de um medidor inteligente para interagir com o sistema de gestão do cliente em casa, com painéis solares e com veículos elétricos, resultando em processos bem sucedidos na rede.
O setor industrial já trabalha com um medidor com funcionalidades semelhantes ao que está sendo implantado nos consumidores residenciais. A maioria dos novos medidores está em processo de homologação junto ao Inmetro para verificar as funcionalidades que a Aneel estipulou. A ideia é que o padrão seja aberto e qualquer fabricante possa produzir, mas também que as distribuidoras possam adquirir de qualquer fornecedor.
E é bom entender que a Aneel estipulou funcionalidades básicas mas existem algumas necessidades específicas para atender diferentes regiões, como por exemplo, à Eletropaulo cujo projeto, pela forma de atuação definiu medidores com modulo de comunicação em multimeios. Os critérios para definição do tipo de medidor a ser instalado no consumidor são definidos por cada concessionária de energia, algumas funcionalidades avançadas podem ser instaladas pela solicitação do consumidor e critérios definidos com a concessionaria, porém a maioria das instalações residenciais terão medidores com funcionalidades básicas. Medidores da ELO, ECIL, Landys+Gyr, entre outros, seguem o padrão estabelecido e também disponibilizam funcionalidades além da básica e já estão sendo utilizados em projetos demonstração no Brasil.
O que a Aneel faz é estabelecer as funcionalidades mínimas para atender a conformidade de regulação de mercado. Aí o Inmetro tem um papel extremamente relevante: faz a homologação segundo critérios de segurança e de metrologia legal segundo as funcionalidades definidas pela Aneel, e tem um prazo para isso. Algumas empresas já estão avançadas na homologação. Se acontece alguma não conformidade, o Inmetro retorna o equipamento para a empresa e o processo deve recomeçar. A qualificação metrológica precisa ser bem feita e os testes levam algum tempo porque os equipamentos precisam garantir funcionamento perfeito em uma série de condições, incluindo suporte a condições climáticas extremas e o teste de tempo de vida esperado para cada um.
“A coexistência de diversas tecnologias para smart grid é salutar e temos observado alguns casos que requerem atenção, como por exemplo certos países que começaram com a implantação de milhões de medidores e os produtos não atendiam as características esperadas (tempo de vida e falhas); sendo preciso recolher os medidores e perdeu-se um enorme investimento. Estamos evitando situações como esta, com os cuidados do Inmetro e com as diferentes tecnologias nos diversos pilotos. Por exemplo um medidor inteligente que vai para região costeira sofre com a maresia, com altas temperaturas, e a comunicação direcional dentro de uma caixa metálica é diferente de uma comunicação fora de uma caixa metálica, etc, então tudo tem que ser analisado”, explica Frees.
E existem várias formas de se implantar uma rede inteligente, que inclui diferentes eixos tecnológicos para sua implantação. A automação está presente em quase todas as etapas da implantação da rede inteligente, retirando a ação humana em atividades consideradas perigosas ou que requeiram uma ação imediata para correção de problemas e até mesmo para a resposta imediata a demandas de consumo energético. Um mapeamento realizado pela ABDI da rede elétrica inteligente no Brasil considerou a seguinte estrutura tecnológica: geração distribuída, micro e mini geração (GD); automação da distribuição (AD); sistemas de medição inteligente de energia elétrica (AMI); telecomunicações (TELCOM); Tecnologias de Informação (TI); prédios e residências inteligentes (EI); sistemas de armazenamento distribuído e baterias (ARM);
infraestrutura para veículos elétricos e híbridos incluindo sistemas de carregamento (VEH); serviços ao consumidor (CSM); e outros, incluindo projetos de demonstração.
Já são consideradas de domínio tecnológico pelas empresas instaladas no Brasil as áreas de Infraestrutura de Medição Avançada (IMA) e Medição Inteligente (MI), Automação da Distribuição (AD) e Automação da Subestação (AS), Despacho de Serviço Móvel (DSM) e Gestão da Operação/Comercial (software), onde há indicadores de produção nacional superiores a 60%.
Na Geração Distribuída, a maioria os projetos são voltados para o desenvolvimento dos elementos da sua cadeia produtiva como por exemplo os módulos fotovoltaicos, novas fontes renováveis, etc. Também são considerados os projetos sistêmicos dentro da linha de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR) elétrica, seguindo a RN 482 Aneel – resolução normativa que estabelece os critérios de micro e minigeração distribuída e a compensação de créditos de energia injetada via sistema de “Net Metering”. O desenvolvimento de inversores interativos é um dos elementos mais importantes da cadeia de GD e o domínio dessa tecnologia, bem como o da fabricação do Si em grau fotovoltaico, é de fundamental importância para o desenvolvimento do mercado de GD. A GD pode integrar e inserir outros conceitos mais abrangentes, como o de “Recursos Energéticos Distribuídos (RED)” incorporando “Sistemas de Armazenamento de Energia (SAE)”, “Infraestrutura de Veículos Elétricos (IVE)” e outros de controle e gestão da demanda e da carga energética.
As inovações tecnológicas concebidas podem ser identificadas de forma sucinta pelas seguintes definições:
- Na Automação da Distribuição está implícita a Automação da Subestação, e a maioria das empresas nesse setor atuam com sistemas Scada para monitoração e controle de subestações de grandes clientes industriais.
As empresas de automação industrial estão melhor preparadas para entrar nesse novo segmento de automação da distribuição de redes elétricas, adicionando comunicação e sistemas de gestão operacional. Dentro do moderno conceito de TIC-REI essa automação envolve controle, monitoramento e supervisão de elementos de rede externa situado nos alimentadores de distribuição das concessionárias, entre eles: religadores, seccionadores/ chaves automáticas, transformador de distribuição/trafo, sistema Volt/Var (automação de banco de capacitores), controle de inversores para GD, etc. Todos esses novos elementos contem TIC com funções e aplicações para atuar na melhoria da qualidade, disponibilidade e confiabilidade das redes e serviços, principalmente qualidade de serviço para atender as exigências do Prodist/Aneel e reduções de índices de indisponibilidade de rede DEC/FEC que implicam em perdas financeiras para as concessionárias através de aplicação de multas pela Aneel caso não se atinjam as metas acordadas.
- Já a Medição Inteligente inclui a infraestrutura básica, que combina fluxo bidirecional de dados, medidores inteligentes, comunicações e gestão de dados. A MI envolve medição inteligente, infraestrutura de rede para transmitir dados de medidores inteligentes para a concessionária (incluindo a telefonia celular) e softwares para compilar e gerenciar grandes volumes de dados. Os produtos são destinados para a Geração, Transmissão e Distribuição.
Mas a medição inteligente envolve muito mais do que o simples medidor inteligente; envolve toda uma cadeia de tecnologias e aplicações para suportar a infraestrutura de medição avançada (IMA). A maior parte dessa tecnologia já é madura principalmente nos grandes clientes, onde o modelo de negócios é justificável e a tecnologia já se encontra instalada na maioria das concessionárias brasileira.
Porém o desafio atual é o desenvolvimento de soluções para Infraestrutura de Medição Avançada para clientes residências e de pequeno porte. Aqui, além do desafio de justificar o custo através de novos modelos de negócios, a maturação tecnológica dessas soluções, principalmente as envolvendo as tecnologias de redes de comunicação que suportam a IMA. Requisitos de interoperabilidade e segurança cibernética, representam um grande desafio ainda sendo explorado pelas concessionárias e empresas fornecedoras.
- A aplicação de TI (software/serviços e aplicações) no contexto de Redes Elétricas Inteligentes pode ser dividida em Gestão da Tecnologia da Operação (sistemas Scada, OMS-Outage Management System, DMS-Distributed Management System, EMS – Energy Management System, DSM-Despacho de Serviço Móvel, ou seja, todos os processos de controle, monitoração e supervisão de sistemas de missão crítica ligados as áreas operacional, despacho, engenharia/planejamento, proteção de redes/elementos e centros de controle e operação das concessionárias de energia elétrica); Gestão da Medição Avançada para o Comércio (sistemas MDM-Meter Data Management, Aplicações de Perdas Comerciais, Data Analítico de Consumidores, Billing, ou seja, todos os sistemas de software/aplicações ligados a medição inteligente também denominados Sistemas Comerciais ou Enterprise, devido a sua área de gestão estar normalmente dentro da área comercial da concessionária); e Gestão de Enterprise/BI (ERP, Informações Gerenciais, e todos os processos envolvidos na camada superior de uma arquitetura de REI de gestão estratégica e corporativa da concessionária de energia).
É importante enfatizar que nem todas as aplicações e mercados para Redes Elétricas Inteligentes envolvem as concessionárias de energia elétrica como o principal agente do processo, principalmente aqueles voltados a gestão e controle energético do consumidor e geração distribuída, onde as concessionárias apenas fornecem a conexão, contudo toda a inteligência do processo pode ficar com serviços de terceiros.
Porém isso depende dos modelos de negócios para o setor elétrico de cada país onde novos serviços são extremamente regulados ou onde a inovação é estimulada num ambiente de TIC-REI.
Ícone do conceito de smart grid, a medição inteligente já está bem avançada em países como EUA, Espanha, Itália, Alemanha e Portugal. No Brasil, ainda não é uma realidade para todos os consumidores, e deve acontecer de forma gradativa, dependendo das motivações das distribuidoras. E a motivação se dá em diferentes aspectos, de forma diferenciada para cada distribuidora, e pode ser maior eficiência sistêmica, o aumento da qualidade do serviço prestado, a redução de perdas comerciais e técnicas, a redução de custos operacionais, a otimização do uso dos ativos, a melhoria do controle da demanda energética, ou a possibilidade de manter um fluxo de informações mais efetivo com seus clientes.
Os motivadores também buscam disponibilizar para os consumidores um melhor controle sobre o uso da energia, novas formas de tarifação (pré-pago ou por diferenciação em períodos do consumo (horária), diminuição de gastos com energia, além de possibilitar novos serviços, dependendo da evolução dos modelos de negócio associados a rede elétrica.
Outro motivador pode ser a possibilidade de implantação da geração distribuída, com as fontes renováveis – como painéis fotovoltaicos, geração eólica e biomassa, diretamente pelas unidades consumidoras. Esta ação provoca uma otimização para construção de novas usinas e pode reduzir a necessidade de geração energética por térmicas (fontes de carvão e combustíveis fósseis) e consequentemente pode reduzir a emissão de CO2. A motivação vai depender do quanto a distribuidora está envolvida nos amplos aspectos do smart grid.
O momento atual no Brasil ainda é de testes, demonstrações e aprovação de normas e regulamentação, com resultados positivos sendo apresentados pelos projetos das distribuidoras. A Aneel já definiu regulamentos para Medição Inteligente (Res 502), Tarifa Diferencia, Micro e Mini geração (Res 486). O período legal para início da implantação de medidores inteligentes não está definido e foi suspenso pelo Despacho N° 333, de 11 de fevereiro deste ano. Pode-se considerar, então, que a implantação de medidores inteligentes está ainda na fase de demonstração para a maioria dos projetos, mas já evoluindo para implantação em escala para algumas concessionárias, como a Light, por exemplo.

 

Na Light, a smart grid ou rede inteligente antecipa e cria um ambiente que facilita o uso mais intenso da tecnologia em todo o ciclo da energia. Trata-se de um conceito abrangente que pode se tornar um elemento fundamental de transformação.
A automação da rede pode ser entendida como a aplicação de equipamentos e softwares, com o objetivo de minimizar a necessidade de intervenção humana nos processos operacionais. No caso da distribuição de energia elétrica, os dados são trafegados entre os equipamentos instalados no campo e a Light através de uma rede de comunicação (nuvem), para os Centros de Operação e de Medição.
Essa tecnologia permite a operação remota dos equipamentos e uma maior velocidade de operação, que impacta diretamente na melhoria da qualidade do fornecimento de energia (DEC e FEC), evita deslocamentos desnecessários e aumenta a eficiência operacional da concessionária, que consegue, por exemplo, executar serviços de leitura, corte e religação de forma remota. A utilização dessa tecnologia traz também outros benefícios para o cliente, como a possibilidade de obter informações relacionadas ao seu consumo de energia através de site, smartphone e/ou redes sociais.
O Smart Metering já é uma realidade na Light desde 2003, tendo iniciada sua implantação no segmento dos grandes clientes (industrias e comércios). A partir de 2009, iniciou-se o processo de implantação nos clientes residenciais e a perspectiva é de atingirmos cerca de 40% dos clientes até 2018. Os dados de todos os novos medidores são tratados por um Centro de Controle da Medição – CCM, onde todas as operações comerciais são executadas de forma automática – leitura para faturamento, corte e religação, além da supervisão dos medidores.
A Light continua investindo e está num processo de contratação de uma rede de comunicação que permitirá a integração dos sistemas de medição e automação, trazendo uma maior eficiência operacional e a possibilidade de implementação do smart grid no seu conceito máximo. A implantação dessa rede de comunicação permitirá aumentar significativamente a quantidade de medidores eletrônicos, que são dotados de alarmes e balanço energético, que permite um melhor direcionamento na detecção de irregularidades. Com isso, em função do índice das perdas da Light, o projeto é totalmente viável.
A expectativa da Light é alcançar, até 2018, cerca de 40% de clientes telemedidos, com atuação, principalmente, nas regiões Leste, Oeste, Baixada e Comunidades pacificadas, onde o índice de perda não técnica é elevado.

 
A ABDI faz um acompanhamento do mercado com viés no desenvolvimento industrial em TIC e de equipamentos para energia renovável e formação de políticas industriais para o setor. Os projetos de smart grid no Brasil têm a característica de teste de tecnologias e identifica ção da viabilidade econômica - de acordo com os ob jetivos focados pelas distribuidoras de energia para uma oferta de serviços mais eficientes e melhor qualificados, bem como para reduzir perdas técnicas e não técnicas na distribuição energética. Alguns projetos já saem da esfera de demonstração. Um fator que corrobora para isto é a busca por financiamento, identificada no programa Inova Energia, que indica que há intenção por parte de algumas concessionárias em expandir seus projetos para horizon tes mais amplos.
Então, as perspectivas para a implantação no Brasil são positivas. Pelo mapeamento realizado pela ABDI, 62 concessionárias de energia elétrica têm projetos de Redes Elétricas Inteligentes (desde pequenos testes até demons trações mais complexas); o país tem boa capacidade (300 empresas) de oferta de soluções tecnológicas (produtos e serviços) e conta com a participação de 126 Centros de Pesquisa e Desenvolvimento com envolvimento no seg mento TIC-REI.
Toda esta avaliação e inserção tecnológica é positi va, porque o Smart Grid é a base para a cidade inteli gente, principalmente pela implantação de infraestrutura de telecomunicações e desenvolvimento de novos equi pamentos inteligentes com características de comunica ção autônoma que pode ser compartilhada inicialmente por diferentes concessionárias - água, gás, saneamento e energia. Além disso, muitos projetos já aplicam conceitos de Internet das Coisas quando implantam equipamentos inteligentes e autônomos, sem contar que alguns proje tos que incorporam cabeamentos de fibra-ótica e banda larga, promovem a condição para transformar positivamente uma cidade um bairro ou um local pela aplicação de “inteligência”. Alguns projetos no Brasil começam a dar os primeiros passos para a formação de cidades inteligentes, mas devemos considerar que outros investimentos e parcerias ainda precisam ser estabelecidas entre prefeituras, concessionarias de utilidades, fornecedores e pesquisadores. Nessa linha, destacam-se projetos como os da Cemig, em Sete Lagoas/MG, o Cidades do Futuro, ou o Cidade Inteligente da Ampla/Endesa Brasil, em Búzios/RJ; o InovCity da EDP Bandeirante na cidade de Aparecida/SP, o Smart Grid Light no Rio de Janeiro; o Eletropaulo Digital, da AES Eletropaulo, em Barueri/SP, o Paraná Smart Grid da Copel, em Curitiba/PR, e o Projeto Smart Grid da CPFL nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Os projetos comerciais ou de pesquisa e desenvolvimento (principalmente P&D Aneel), estão sendo importantes para futuras decisões em relação à legislação do setor elétrico, que deverão ser tomadas pelos órgãos governamentais responsáveis, assim como para o estabelecimento dos marcos e diretrizes para nortear os rumos da indústria brasileira no nicho das Tecnologias de Informação e Comunicação.
“Consideramos que o smart grid é necessário para que se desenvolva com eficiência a geração distribuída, sob o risco de ocorrência de sistemas isolados, ou seja sem distribuição. As formas de implantação de fontes renováveis consideradas são painéis fotovoltaicos, eólicas, biomassa, entre outras diretamente pelas unidades consumidoras ou em unidades de produção energética. A tecnologia aplicada à Rede Elétrica Inteligente é essencial para integrar as unidades de geração distribuída a rede, pela gestão e controle da produção e consumo energético de forma inteligente nos momentos de alto ou baixo consumo. E, uma vez integrados, permitem a economia de reservas de barragens e a redução de geração energética por térmicas”, ressalta Frees.
 
 

Segundo informações da Cepel e do ONS, a modernização do SIN com o projeto Reger apresenta uma melhoria na segurança operacional do sistema e a conti-nuidade da capacidade de supervisão e controle do sistema elétrico mesmo em situações extremas. Não existe ainda uma avaliação sobre facilidades de implantação do smart grid pela modernização do SIN, ou seja sua correlação com o mercado de distribuição, demanda e geração energética em edifícios, residenciais, comerciais e industriais. “O que se pode observar agora no Brasil é que, com a inserção de muitas fontes renováveis na micro e mini geração (eólicos, fotovoltaicos e biomassa), na medida em que essa energia chamada “intermitente” ou seja, não tem uma frequência clara, começa a entrar para a rede, o controle precisa ser mais amplo e efetivo. Muitos países começam a descobrir agora a complexidade para controlar carga intermitente de maneira que não cause interferência no sistema. Quando existem várias fontes de energia diferenciadas entrando no sistema é preciso que sejam equilibradas, é preciso coordenar a vazão do sistema hidráulico (considerada uma bateria natural no Brasil) com as novas fontes energéticas, para utilizar essa
energia de forma eficiente, que incluem a utilização de bancos de capacitores ou baterias externas que permitam esse equilíbrio energético. Mas isso ainda é muito novo no mundo todo”, pontua Frees.

 
“É uma nova forma de fazer gestão da rede elétrica e a grande diferença em relação à forma tradicional é a quantidade de informação que é coletada e processada
e o maior automatismo na rede elétrica”, resume Paulo Pimentel, gerente do projeto Smart Grid da AES Eletropaulo – que já está implantando a coleta massiva de dados, via medição eletrônica com comunicação wireless WiMax em comunidades regularizadas na área do projeto.
O grande projeto de smart grid da AES Eletropaulo é um demonstrativo que está sendo implantado no município de Barueri, na região metropolitana de São Paulo e na rede elétrica de Vargem Grande Paulista. Em Barueri, o piloto incluirá todas as funcionalidades do smart grid e em Vargem Grande o foco é uma solução de rede. Segundo Paulo, a cidade de Barueri foi escolhida por possuir características de metrópole e estar em franca expansão, ou seja, é um modelo em escala da área de concessão da AES Eletropaulo.
Além disso, a região também possui clientes com diferentes perfis: residências, comércios e indústrias – afinal era preciso validar as premissas colocadas de performance geral para preparar um plano de implantação maior.
No smart grid através das soluções avançadas de rede selfhealing e detecção de faltas – a inteligência é distribuída na rede elétrica, possibilitando em caso de problemas num determinado ponto, o sistema automaticamente detectar, identificar, isolar o ponto através de religadores automáticos e restabelecer o restante do trecho não atingido. Parte da carga não afetada é então, transferida para circuitos adjacentes de forma a minimizar o número de clientes sem energia. Além disso, com os novos medidores inteligentes informando a central de medição que a energia está faltando, aumenta a assertividade das turmas de manutenção
na identificação do local exato do problema – ou seja, não será necessário ficar procurando onde começa e termina a área com restrição, ela se auto delimita, facilitando o restabelecimento em menor tempo e com menores custos.
Outra funcionalidade de uma rede inteligente é o controle Volt/VAR – instrumentos para medição de compensação de reativos nas redes que hoje são estáticos, no smart grid serão dinâmicos: o nível de tensão, numa rede inteligente, sempre fica dentro dos parâmetros já que o novo equipamento compensa dinamicamente o fluxo de reativos automaticamente.
O smart grid usa automação em todo seu conceito, inclusive na medição que, mais que informar o consumo dos clientes à concessionária, dá ao consumidor informações detalhadas e a cada quinze minutos (por exemplo) do seu perfil de consumo o que permite que usuário faça a gestão dos seus gastos, migre serviços
que consomem mais energia para outros horários (quando houver tarifas diferenciadas por horário).
“Estamos em processo de implantação desse piloto já que seu start up aconteceu em janeiro de 2013 – fizemos toda a pesquisa de fornecedores, soluções, etc. O projeto que utiliza os recursos do Programa de P&D da Aneel traz muitas inovações,
envolve a USP, o centro de pesquisas Fitec e a Sinapis que junto com a AES Eletropaulo estão desenvolvendo / implantando todas as funcionalidades”.
Na medição, a novidade não é o medidor, mas a interoperabilidade, fundamental para não ficar na dependência de um fornecedor único. Então foi desenvolvido uma solução única de comunicação, que traz duas possibilidades de comunicação: via
cabo (tecnologia Power Line Communication) e via wireless (tecnologia wireless RF Mesh). Três fabricantes de medidores estão envolvidos nesse projeto, que vai gerar um chip com esta solução de comunicação que poderá estar dentro dos medidores de qualquer fornecedor daqui a alguns anos.
“Na parte de transmissão de dados também tivemos que buscar um fornecedor que estivesse disposto a desenvolver um roteador para estes dois meios de comunicação, e a Cisco se encaixava no perfil. Hoje estamos montando uma rede multisserviço que utiliza duas soluções, a cabeada Power Line Communication e a wireless RF Mesh. A solução de backhaul, ou seja, levar as informações desses roteadores para o Centro de Medição, é feita via uma rede de comunicação WiMax até a subestação e daí, via fibra óptica até o Central de Operações. A inovação é que toda a inteligência funciona localmente, nas subestações e no centro de operação”.
O projeto começou em 2013 e termina em 2017 e vai atender 64.100 clientes, 62 mil com medidores inteligentes com dupla comunicação e 2.100 com solução de medição exteriorizada para usuários de baixa renda - onde o medidor está no poste e na casa do cliente existe um display como a interface de leitura para os clientes monitorarem o seu consumo. As instalações começaram pelos usuários dos núcleos de baixa renda, separados em dez núcleos, seis dos quais já possuem a nova medição. Os medidores inteligentes para o restante do espaço delimitado para o projeto serão instalados a partir de agosto do próximo ano.
Quando se comparam os business cases dos EUA e Europa, onde não existem as perdas comerciais que temos aqui, faz sentido falar em retorno em função da redução do custo do leiturista, do aumento da eficiência e do aproveitamento dos dados. Aqui o retorno maior está mesmo na redução das perdas comerciais. Em Barueri a eliminação ou redução desse tipo de perda basicamente paga os custos do projeto – que é de R$75 milhões.
Nos EUA e Europa houve um grande incentivo governamen- tal para a implantação do smart grid, mas, no Brasil, existem muitas discussões e pequenos detalhes que entravam o processo, como a homologação dos medidores pelo Inmetro, o estabelecimento de uma tarifa diferenciada para todos os usuários, melhorias na regulamentação do pré-pagamento de consumo, e o maior entrave é sobre quem paga a troca de medidores. Apesar do recém lançado programa Inova Energia ajudar a financiar os pilotos de smart grid, ainda não existe uma política pública que viabilize esse upgrade de sistema. Por isso os projetos têm que se restringir a áreas pequenas – implantar o smart grid em cidades grandes como São Paulo, por exemplo, seria inviável utilizar o recurso de P&D.
É importante lembrar que a AES Eletropaulo sempre investiu muito em tecnologia e já tem uma boa base para a implantação de projetos smart grid. No projeto de Barueri, por exemplo, não estão incluídos parte dos investimentos já realizados na rede de comu- nicação WiMax, ou a modernização do centro de operação. Se
pensar em termos de Brasil, não é qualquer lugar que possui uma boa rede de telecom e infraestrutura de automação e medição para dar suporte à implantação de um projeto desta natureza– o que aumentaria mais os investimentos. Difícil prever quando será possível. Esse primeiro estágio, de pesquisa e desenvolvimento com apoio de programas de governo, Aneel, BNDES e Finep foi positivo. É hora de pensar no próximo passo: uma política pública que crie condições de todas as empresas investirem.
“Uma parte da solução para a questão energética que o país enfrenta hoje é apostar mais na rede inteligente, porque ela permite eliminar algumas ineficiências e reforçar a eficiência do sistema de distribuição de energia”, diz o diretor de De-
senvolvimento Estratégico e Organizacional da EDP, João Brito Martins.
Ao contrário de uma rede tradicional – que não possui nenhuma automação – uma rede que trabalha com conceitos de smart grid possui inteligência associada seja nos consumidores industriais, comerciais ou residenciais. A EDP é pioneira no Brasil na aplicação do conceito de redes inteligentes e, além da experiência europeia, agregou valor local aos projetos e hoje conta com instrumentos 100% brasileiros. “Apesar de nossa grande experiência adquirida por todo o mundo, não se pode fazer a transição de um modelo tradicional de distribuição para um modelo inteligente sem o engajamento local porque esse movimento envolve mais que energia, envolve uma mudança de postura frente ao consumo”, afirma João Brito.
O primeiro projeto da EDP no Brasil foi o InovCity em Aparecida/SP que, apesar de representar apenas 1% dos clientes da distribuidora, é um universo múltiplo, com clientes comerciais, residenciais e industriais, além de ter tamanho suficiente para incluir a mobilidade elétrica, a geração distribuída (pequenos painéis solares foram instalados em residências) e a iluminação pública com LED. Tudo isso com grande
visibilidade, já que é uma cidade turística.
Nesse projeto pode-se monitorar a gestão da rede, gestão de perdas, gestão de
alarmes, gestão de tarifas e a integração com o Centro de Operações e o Centro
de Medição.
A EDP também instalou medidores inteligentes em 100% do município de Aparecida, doou lâmpadas, chuveiros e geladeiras mais eficientes para a população de baixa renda, entregou veículos elétricos e montou uma rede de recarga na cidade, e testou a microgeração solar – como os medidores inteligentes foram desenvolvidos com medição em quatro quadrantes, já estão aderentes a essa funcionalidade também.
O projeto InovCity possibilitou também o desenvolvimento – dentro do programa da Aneel, em conjunto com a brasileira Ecil Energia – de instrumentos como medidores inteligentes mono, bi e trifásicos para baixa tensão.
Esses medidores possuem controle online de consumo de energia nas residências, possibilitam corte e religamento remotos, permitem alertas de fraude e possuem displays LCD com seis dígitos. Os modelos bi e trifásicos têm memória de massa de 37 dias, bateria e supercap internos para RTC, medições de corrente de neutro, e de energia ativa/reativa. E foram os primeiros homologados pelo Inmetro. Os concentradores/coordenadores também foram desenvolvidos pela Ecil e podem trabalhar com ethernet, bluetooth, wi-fi, zigbee e WiMAX.
João Brito lembra que, pelas características da rede elétrica brasileira, e após alguns testes realizados, não foi indicado, por questões de performance, utilizar a tecnologia powerline communications. “O projeto inicial seria para utilizar GPRS, mas não obtivemos um serviço com a confiabilidade e a disponibilidade pretendidas, por isso acabamos por migrar para uma solução WiMAX integrada no sistema de rádio frequência que comanda as subestações”.
A companhia possui dois centros de operações remotas, um em Mogi das Cruzes/SP, e outro no Espírito Santo, de onde consegue coordenar à distância as operações de suas duas distribuidoras no país. Segundo o executivo, o acompanhamento do projeto em Aparecida mostrou que é viável a aplicação das redes inteligentes.
“Um estudo econômico prova que, com alguns ajustes de regulamentação e incentivos, a aplicação é viável economicamente em toda a área da EDP, e devemos estender o conceito InovCity, reforçando os testes e a experiência nesta área. No
Espírito Santo, escolhemos os municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano para implantação das redes inteligentes de energia, com algumas variações de tecnologia para compararmos o desempenho de cada uma”.
Mas vão seguir, no geral, os mesmos procedimentos – o que inclui as doações de chuveiros, geladeiras, lâmpadas, veículos, etc. “O mais importante, contudo, nessa fase de implantação, como experienciamos em Aparecida, é o trabalho junto às comunidades para que entendam a importância e o objetivo do projeto, porque obriga a um maior contato com os clientes. Mudar a cultura é crucial, pois só assim a tecnologia demonstra o seu valor e benefício”.
O poder que as redes inteligentes dão ao consumidor é algo novo: por meio da observação do próprio consumo, transferir de horário atividades da vida diária para redução do consumo era uma manobra reservada aos grandes consumidores industriais. E com a aprovação pela Aneel da tarifa branca – que possibilita a cobrança diferenciada por horário de maior consumo – fica faltando apenas resolver os custos da implantação dos medidores.
 
 
Segundo informações da Aneel, este mercado atinge diretamente 73.499.996 unidades consumidoras no Brasil. Mas não se pode considerar apenas unidades consumidoras, pois os produtos para smart grid têm uma abrangência maior, já que incluem equipamentos inteligentes, sensores, dispositivos e softwares. Considerando que a automação da distribuição e a iluminação pública fazem parte deste mercado, cada poste, transformador, concentrador de dados e subestação em condomínios, ruas e bairros das cidades estão aí incluídos. Somando a isso os equipamentos para automação residencial e equipamentos inteligentes associados ao controle energético eficiente, o número de equipamentos conectados a rede energética se expande em múltiplos em relação ao número de unidades consumidoras. Tomando como base os aparelhos que podem assumir características de eficiência energética e dados do IBGE sobre equipamentos eletroeletrônicos nas residências, este mercado pode atingir mais de 500 milhões de equipamentos.
Um grupo de trabalho de governo coordenado pela ABDI com a participação de vários agentes governamentais, entre eles a ABDI, Aneel, Anatel, Inmetro, BNDES, Fnep, Apex, MDIC, MCTI, MME e Min. Comunicações, entre outros, tem procurado desenvolver ações para o desenvolvimento do smart grid no Brasil. Ações como Inova
Energia, REPNBL-Redes com foco no smart grid, fomento a laboratórios de tecnologia e de formação acadêmica, colaboração internacional, revisão da legislação e regulamentação aplicada ao smart grid e o mapeamento da cadeia são exemplos de atividades do Grupo. A ABDI apresentou uma proposta para um “Programa de Desenvolvimento da Indústria Fornecedora para Redes Elétricas Inteligentes” no âmbito do Plano Brasil Maior, identificando diretrizes e ações estratégicas que estão sendo desenvolvidas gradativamente pelos participantes do grupo de trabalho.
Tudo precisa ser bem estudado e o trabalho que a ABDI está fazendo hoje mostra que a indústria brasileira tem competência para desenvolver e fornecer muitas das tecnologias necessárias aqui mesmo no país. “Nosso objetivo é dar parâmetros para o governo tomar decisões mais estratégicas, mais assertivas de como promover o desenvolvimento da indústria nacional e como trabalhar com parceiras internacionais onde o país ainda não tem competência. Quando se percebe que o país não tem competências para fazer um determinado produto isso significa que é preciso criar esta competência, ou seja, desenvolver esta indústria, instalar centros de pesquisa
para desenvolver tecnologias, fazer parcerias com institutos e empresas que já estão trabalhando com o assunto de forma que o país assuma uma posição próativa para a competitividade, gerando, além das patentes e royalties, a capacitação profissional, empregos, desenvolvimento industrial e social. A fase atual de nosso levantamento é o mapeamento internacional, e em outubro devemos ter uma primeira visão sobre as expertises mundiais. Outras etapas seguiram com análises complexas e realização de
workshops para validação de resultados, culminando na preparação de um relatório final com “proposições para uma política industrial para o desenvolvimento das Redes
Elétricas Inteligentes no Brasil”. A ampla participação dos envolvidos é de suma importância, e para isso procuramos envolver e ouvir toda a cadeia, sejam fornecedores, pesquisadores, instituições ou governo. Estamos aos poucos, de forma gradativa, melhorando as condições para tornar o país mais competitivo”, finaliza Frees.
Carlos Frees mantém, na Internet, um mapa das redes elétricas inteligentes (https://mapsengine.google.com/map/viewer?mid=zbQAIRaVuEsc.kdvmyQXtgA8s) em permanente atualização, com as mais importantes atualizações a um click. Vale conferir!
 
 
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