Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 181 – 2012



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Informação útil

 

Crescimento na quantidade de dados leva indústria a adotar novos sistemas para armazená-los e transformá-los em informação

A indústria apresenta, há algum tempo, a necessidade de criar sistemas integrados que permitam o fluxo de informações do chão de fábrica aos sistemas corporativos – mas que também permitam que essas informações sejam acessadas por pessoas credenciadas em qualquer parte do planeta, assim que a internet passou a ser utilizada nas redes internas das empresas e mesmo na automação industrial. A possibilidade de acessar o chão de fabrica pela internet permite receber, monitorar e exibir parâmetros, além de transmitir sinais de controle a dispositivos instalados na planta – o que é característica de sistemas Supervisory Control and Data Acquisition Scada. Com isso, criou-se uma camada para extrair informações e disponibilizá-las na internet ou via OPC DA (através de atualizações automáticas regulares ou de atualizações por solicitações assíncronas de informações no servidor). Os softwares utilizados na indústria vêm se desenvolvendo em paralelo ao desenvolvimento da computação industrial – e gerando dados, guardados em sistemas de historiadores e bibliotecas. Esses sistemas documentam toda a informação digital ou analítica de controle e monitoração associada aos processos. Isso fica guardado e pode ser acessado quando necessário. Promover um olhar detalhado sobre o comportamento de um processo é o propósito de um historiador – que muitas vezes é apenas a extensão de um supervisório.

Aquisição de dados em tempo real, armazenamento de dados, acesso aos dados armazenados... Mas dependendo de onde se trabalha na planta, não se tem acesso a todo o potencial dos historiadores. Os dados normalmente são mais utilizados pelo pessoal da qualidade e da manutenção e ainda pouco utilizados pelas gerências. Os usuários de historiadores podem ser aqueles que compram um software pré-configurado para determinadas funções; aqueles que compram para resolver um problema regulatório ou de governança e os que compram um historiador apenas para ir juntando dados para quando e se forem demandados. Mas dados fora de um contexto e sem análise são apenas dados. Só se tornam informação útil quando processadas para responder a uma pergunta. Um historiador pode guardar diferentes tipos de dados – análogos, discretos, alarmes, eventos, de bateladas, de processos... E o historiador pode fornecer tendências, mas também podem ser um suporte para criar quadros comparativos, relatórios e muito mais.

Na opinião de Carlos Eugenio Iunes, da Braskem, "o historiador (PIMS) deve ser adquirido/negociado apenas com a participação dos dois principais fornecedores mundiais; qualquer outra opção pode ser arriscado. E considerar que, para sistemas PIMS com grande número de tags, o PI apresenta melhor desempenho com servidor centralizado e que o IP.21 que requer distribuição em múltiplos servidores. Outro ponto a considerar é o custo inicial e anual das licenças por quantidade de tags". Dentro das necessidades da planta de processo sempre é necessário ter em mente qual informação e de que forma esta informação será utilizada para servir como uma ferramenta de tomada de decisão. Neste processo também não podemos esquecer a necessidade de integrar informações de processo e saúde dos instrumentos inteligentes de campo, para que ao final do dia se tenha visibilidade da performance da planta de processo, custos, estabelecer métricas, ações, capacitação da equipe, etc. "Hoje possuímos soluções de mercado totalmente customizáveis onde o próprio fabricante entrega a solução customizada para a necessidade de cada processo produtivo.

O conceito de desenvolvimento de ferramentas para esta tarefa acredito não ser mais válida devido a não continuidade de atualização tecnológica em relação a solução desenvolvida (assim passando a não atender no futuro conforme as mudanças no processo)", comenta Abelar Vargas, da Bianchini S.A. A escolha do gerenciamento de ativos deve levar em conta a integração dos diagnósticos preditivos dos instrumentos inteligentes de campo em apenas uma tela - conseguir obter uma "fotografia" da saúde planta a qualquer momento necessário; a análise de criticidade dos instrumentos (Qual é o instrumento mais importante da planta? Quais alertas receber de cada ativo segundo a criticidade do ativo/malha? Qual o impacto deste ativo na malha? Quais são as ações recomendadas para sanar o desvio apresentado?); e o registro histórico para consultas e ações futuras. Ser uma ferramenta amigável e intuitiva, de fácil utilização na tomada de decisão é fundamental!

A escolha do ERP para gerenciamento dos custos, notas de manutenção, estoque, etc. deve ser baseado no fluxo das informações e ser de fácil integração com os outros sistemas de gestão da planta de processo produtivo. Mas, quanto mais? Começa a surgir uma preocupação... O volume de dados é enorme e não para de crescer. Imagine a quantidade gerada se a aquisição de dados acontecesse a cada cinco segundos... E esse volume de dados pode ser bom, demais ou não servir pra nada! Um historiador típico pode conter dados de centenas de pontos ou centenas de milhares. Os historiadores são pensados para aquisitar volumes massivos de dados em tempo real e alguns ainda guardam dados relacionados a seu foco. Na verdade, um historiador traz tantas possibilidades quanto dinheiro se tenha pra gastar – tudo vai depender da infra estrutura da planta, se essa estrutura está conectada, etc.

Esse ideal é difícil então, na maioria das vezes, o historiador vai coletar os dados disponíveis, com um orçamento apertado – o que leva a um uso parcial e incompleto de qualquer software. Abelar Vargas acredita que, no ramo industrial, o conceito cloud computing pode ser bem empregado no armazenamento de informações para futuras consultas. "A base de dados para o dia a dia deveria permanece dentro do processo produtivo - arquitetura física de automação e corporativa. A arquitetura de TI também deve permitir o fluxo de dados entre redes separadas – rede de automação e rede corporativa. Abelar ressalta que é necessário investir também na capacitação do usuário, pois a gestão só será válida se o sistema for bem implementado e utilizado por um time bem orientado. Então, é um assunto a se estudar. E saber exatamente com o quê se está lidando é sempre um bom começo.

O NIST - Instituto nacional de ciência e tecnologia dos EUA definiu três níveis para a nuvem – e olhe que alguns já são familiares: Software-como-um-Serviço (SaaS) é um modelo de prestação serviços e sua finalidade principal é reduzir o custo total do desenvolvimento da ferramenta, do software, da manutenção e de operação. A segurança é de responsabilidade do provedor. Plataforma-como-um-Serviço (PaaS) é fornecido como um serviço on-demand; também busca reduzir o custo e a complexidade da compra, de hospedagem e inclui desenvolvimento da base de dados. O consumidor tem o controle sobre aplicações e ajustes. A segurança é meio a meio.

Infraestrutura-como-um-Serviço (IaaS) o equipamento da rede é fornecido on-demand e sua finalidade principal é evitar a compra e a hospedagem; bem voltado para virtualização. Segurança geralmente de responsabilidade do consumidor. Que a nuvem não é para processos parece ser a opinião geral. Mas já se pode tirar proveito dela com a virtualização, por exemplo, que a maioria dos fornecedores de tecnologia começa a oferecer. A Elipse já estuda a fundo o assunto para poder orientar e quem sabe, prover uma solução segura para seus clientes. Se a empresa já possui uma boa infra estrutura e mantém seus dados a salvo "no chão", com certeza vai saber caminhar melhor pela nuvem. Lembrando que o vazamento de informação é algo que fica mais sério. O que se pode orientar é que o uso da nuvem deve estar claro num contrato, com regras claras e escritas na língua do pessoal que vai utilizar – nada de informatiquês!





 
 
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