Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 179 – 2011



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Cervejeiras investem

 

Transformar água e outras matérias primas em bebidas de qualidade é um desafio que exige padronização, tecnologia e compromisso. Cada parte dos processos precisa de cuidados e monitoração – cada vez mais precisa graças aos avanços das diversas tecnologias envolvidas. A cerveja, por exemplo, demanda rigorosos controles na fermentação e qualidade da água utilizada. O Brasil ocupa hoje a terceira posição mundial em produção de cerveja, 12,4 bilhões de litros, atrás apenas da China - 45 bilhões de litros - e EUA - 35 bilhões de litros. E o mercado cervejeiro brasileiro está em franca expansão, apresentando novidades em produtos e embalagens, nacionais ou importados. Isso porque o gosto do consumidor está se modificando pelo aumento do poder aquisitivo e pela busca de novos sabores: o setor Premium e Superpremium possui 4,5% do mercado brasileiro e o crescimento é da ordem de 15% ao ano. Os dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas - Sicobe da Receita Federal – que substituiu o controle por vazão e foi implantado em 2009 - mostram aumento de 3,37% no volume fabricado no país, em 2011.

Foi a primeira vez desde que o sistema foi implantado que se pode comparar a produção de um ano com o outro. Os números da Receita mostram que a produção alcançou 13,3 bilhões de litros – 433 milhões a mais que os 12,8 bilhões de litros de 2010. E as cervejas especiais foram as responsáveis por isso. As classes C e D estão consumindo mais cerveja, das marcas mais baratas e a classe B buscou um diferencial, as cervejas Premium – onde estão as cerveja artesanais de puro malte. Os produtos menos elaborados, com cereais não maltados, mas com preço acima das marcas populares como a Devassa, da Schincariol (Kirin) também fazem parte desse grupo. Com investimento de R$ 400 milhões, o Grupo Schincariol inaugurou a ampliação de sua unidade de Alagoinhas (BA) com a presença do presidente da Schincariol, Gino Di Domenico, do governador da Bahia, Jaques Wagner, e do CEO mundial do Grupo Kirin, Senji Miyake, que assumiu o controle da empresa brasileira em 2011, após comprar a parte de Alexandre e Adriano Schincariol, por R$ 3,95 bilhões. A Schincariol abriu a fábrica de Alagoinhas em 1997, com investimento de R$ 200 milhões. Foi a primeira unidade produtiva das marcas Nova Schin, Devassa, Glacial, Baden Baden e Eisenbahn fora do Estado de São Paulo. Homero Guercia, diretor industrial da Schincariol, comentou que empresa define uma diretriz corporativa que padroniza a tecnologia utilizada em suas Unidades Fabris.

Isso é importante porque é a tecnologia que garante que todas as etapas do processo de fabricação sejam desenvolvidas dentro de parâmetros previamente definidos. Como consequência, todas as especificações de qualidade são atendidas. Praticamente todos os processos podem ser automatizados dentro de uma cervejaria, desde o recebimento de matéria prima até a expedição de produto acabado, mas nossas principais variáveis são Temperatura, Pressão e Tempo. A limpeza, a fermentação, a filtração, o envase, a vibração e a temperatura ambiente são controladas através do uso de instrumentos de medição integrados ao sistema de automação, controlados através do supervisório. "Utilizamos sistemas supervisórios para realizar a interface dos instrumentos e equipamento instalados na planta.

O supervisório disponibiliza a operação todas as informações sobre o processo de fabricação em tempo real, além de consolidar informações que permitem a tomada de decisões estratégicas. E nossos principais KPIs são o número de falhas e MTBF do sistema de automação", diz o executivo. Homero ressalta que um sistema automatizado com alto grau de confiabilidade melhora sua eficiência energética, evita perdas de matérias primas e embalagens e monitora com mais precisão as especificações de emissões e lembra que todos os produtos da Schincariol são monitorados pelo SICOBE. É utilizada tecnologia de impressão e leitura de codificação associado ao monitoramento do volume produzido e envasado. Senji Miyake destacou que a base de consumidores no Brasil é muito sólida e deve ter um crescimento estável. Acrescentou que a ampliação da fábrica vai atender a demanda da Bahia e o forte crescimento da marca na região Nordeste, onde já tem 30% do mercado de cervejas.

O objetivo da Schincariol é dobrar a produção anual para nove milhões de hectolitros de cerveja e quatro milhões de hectolitros de refrigerantes. Depois dos resultados - aquém do esperado - de 2011, o objetivo é elevar a receita líquida de R$ 3 bilhões para R$ 3,5 bilhões. Existe a possibilidade de expansão do portfólio com itens da Kirin para os próximos três anos, depois de uma análise sobre o consumidor brasileiro. Fundada em 1939, a Schincariol possui um dos maiores e mais modernos parques de produção de bebidas da América do Sul e está entre as 15 maiores no mundo. Hoje, com 13 unidades fabris em 11 estados brasileiros, suas marcas estão em todo o território nacional. A aquisição pela Kirin Holdings Company Limited – grupo asiático com presença forte nos setores de bebidas, alimentício, bioquímico e farmacêutico – tornou a Schincariol uma nova multinacional, que está entre as 15 maiores do mundo.





Longa vida

 

Criada em 1951, a Tetra Pak mudou a forma com que os alimentos são processados, envasados e distribuídos em todo o mundo já que a ideai do fundador era uma embalagem prática, segura e econômica para o leite, que até então era comercializado em garrafas ou a granel no balcão do ponto de venda. A primeira embalagem cartonada foi lançada em 1952 e, em 1961, a empresa lançou sua primeira embalagem longa vida asséptica, feita de alumínio, polietileno e papelão e utilizando uma técnica de ultrapasteurização para esterilizar o produto. Essa tecnologia, que combina tratamento térmico e embalagem asséptica, permite que o leite e outros alimentos líquidos perecíveis permaneçam no ambiente sem refrigeração e livres de conservantes e bactérias nocivas.

O Institute of Food Technologists, órgão sediado nos Estados Unidos, reconheceu a tecnologia de processamento asséptico como o desenvolvimento científico em alimentos mais importante do século 20. No Brasil, a Tetra Pak iniciou suas atividades em 1957. A primeira fábrica foi estabelecida em 1978, na cidade de Monte Mor, no interior paulista, e a segunda, em 1999, na cidade de Ponta Grossa, na região central do Paraná. A Tetra Pak Brasil é a primeira indústria de embalagens da América Latina que teve suas duas fábricas certificadas pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador dos Estados Unidos, de importância mundial, que atesta as condições de exportação para países que reconhecem boas práticas de produção. Pedro Gonçalves, Líder Regional de Lácteos para as Américas Central e do Sul da Tetra Pack comenta que a empresa possui a mais alta tecnologia de automação do mercado para montagem e testes dos equipamentos, alguns deles montados e testados na Suécia, na Itália e no Brasil e todos já vêm preparados com um "core" da automação a ser fornecida ao cliente, solução denominada de Tetra PlantMaster.

Pedro explica que a solução de automação Tetra PlantMaster possui "Rastreabilidade Ativa" que permite o rastreio do produto desde a sua origem, passando pelos ingredientes adicionados até a paletização, e podendo ser apresentado ao consumidor final, garantindo assim qualidade, segurança e transparência do produto dos nossos clientes. Existe uma equipe Global que desenvolve e testa as bibliotecas de automação que a Tetra Pak usa para fornecer as soluções de automação, mas a solução final é sempre customizada para atender às necessidades de cada cliente. Como o segmento industrial atendido pela Tetra Pak é o de Bebidas e Alimentos, o sistema utiliza a arquitetura tradicional SCADA com PLCs e Sistemas Supervisórios.

As variáveis monitoradas são comuns ao segmento de bebidas e alimentos: temperatura, pressão, nível, volume, velocidade, nível etc. Toda a monitoração é online quando os sistemas são operados pelo Supervisório. "O que ocorre hoje cada vez mais frequentemente é a utilização de sistemas de historização de variáveis importantes, para serem rastreadas sob o ponto de vista da qualidade, bem como utilizadas para descobrir eventuais "regras" inteligentes, o chamado business intelligence para a manufatura. Esse talvez seja o próximo passo para os sistemas MES". O controle de qualidade é totalmente automatizado, na medida em que todas as variáveis necessárias para o controle da qualidade são coletas automaticamente e em tempo real, devido ao alto grau de compatibilidade dos processadores utilizados nas máquinas e processos da Tetra Pak.




 
 
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