A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas
das Américas, possui 31 plantas industriais distribuídas
pelo Brasil e Estados Unidos que produzem mais de 15
milhões de toneladas de resinas e outros produtos petroquímicos
anualmente. Controlada pelo grupo Odebrecht,
a Braskem adquiriu, em julho deste ano, o negócio de polipropileno
da Dow Chemical, operação que inclui quatro
plantas, duas na Alemanha e duas nos Estados Unidos a
planta da Dow de Cubatão/SP foi adquirida pela Quattor
e passou a ser da Braskem quando ela adquiriu a empresa,
antes pertencente à Unipar e Petrobras. A captura de
sinergias deve acontecer em alguns meses, depois de melhor
conhecer os ativos aquisitados. E há não somente um
cronograma de sinergias, bem como um sistema que foi
desenvolvido exclusivamente para o registro, cálculo do
retorno, acompanhamento, atualização dos cronogramas
e realização das referidas sinergias.
Com as aquisições, a Braskem deve ter dobrado sua
capacidade de produção de resinas na comparação com
janeiro de 2010 no começo de 2010 a capacidade era
de 3,5 milhões de toneladas; após a aquisição da Quattor,
ela ganhou mais dois milhões de toneladas; com a
Sunoco, mais 1 milhão e a compra dos ativos da Dow
acrescenta mais 1 milhão de toneladas a esse negócio.
A Braskem possui um bem elaborado sistema associado
ao acompanhamento, atualização e realização das
sinergias para a execução de projetos. Pôde-se ver isso
na planta de Cubatão que passa por melhorias há algum
tempo; e também em subsistemas nas plantas, como os
de segurança, por exemplo.
Analisando as plantas de resinas do Sudeste, a empresa
não parte do zero porque já existe uma lógica de
segurança com PLCs convencionais e redundância nos
sistemas legados; as plantas estão seguras, mas ainda não
exatamente com um SIS sistema instrumentado de segurança.
Em três casos especificamente duas plantas de resinas
em Mauá e uma em Cubatão a equipe de Rogério
Maesi, coordenador de Automação das plantas de polímeros
(polietileno e prolipropileno) da Braskem na região
Sudeste, está avaliando o SIL requerido dos respectivos
processos e, a partir daí, tendo esse SIL requerido, vai
avaliar o que está instalado, desde o elemento sensor até o atuador para então, em conjunto com a Manutenção
e a Produção, dimensionar o hardware necessário. “Em
alguns casos, tenho segurança em falar: vamos precisar
apenas trocar o PLC os PLCs que fazem a função de
emergency shutdown serão trocados porque não são SIL
-, em outros casos, será necessário apenas mexer na frequência
de testes da malha de segurança, em outros uma
simples redundância para atender o SIL segundo as normas.
As plantas estão se adequando à IEC 61511, atendendo
integralmente o nível exigido por norma”, comentou
Rogério.
Paulo Ermida Moretti, diretor de automação da
Braskem, reforça que a arquitetura dos sistemas de automação
atua na segurança de processo dos ativos por
camadas, ou seja, o SDCD controlando e monitorando
as variáveis de processo, alarmes para identificar desvios
a serem corrigidos e SIS para atuação imediata e trazer as
plantas para condição segura. “Além disto, hoje estamos implementando outros
sistemas e padrões que apóiam a operação com confiabilidade
e segurança, tais como gerenciamento de alarmes, ergonomia de telas e lay-out operacional, controle
de jumps, automatização de procedimentos e monitoramento
preditivo de equipamentos; assim como análises
de risco criteriosas nos novos projetos a serem implementados”.
Outro ponto de atenção da equipe de Moretti é a segurança e a proteção da informação,
pois cada vez mais as plantas
industriais se vêem sujeitas a invasões
externas aos seus sistemas de informação. “Na Braskem temos um Plano
Diretor de Automação, que busca não
só avaliar nossas tecnologias instaladas
e direcionar novos investimentos, mas
também alavancar a aplicação das melhores
práticas, procedimentos e sistemas
de automação; além de contribuir
para a confiabilidade humana na operação
das unidades industriais”, afirma
Moretti.
Quando o SIL é determinado, a
equipe normalmente deixa folgas entre
10% a 15% pois a modularidade dos sistemas
ajuda a ampliar esta folga se necessário;
assim, quando novas funções
tiverem que ser incluídas na arquitetura
de segurança não seria um investimento
vultoso e poderia ser feito com tranquilidade.
Mas como se chega ao SIL?
A análise de risco entra na avaliação
da arquitetura de segurança, ainda que seja considerada
muito subjetiva por alguns, mas a Braskem inclui ainda
duas metodologias: o cálculo de SIL requerido pelo Lopa
e pelo mapa de risco calibrado onde se utilizam os cenários
do Hazop de processo, atualizado periodicamente.
Na Braskem existe um plano quinquenal de atualização
de Hazop pois a segurança é um processo dinâmico. “Um sistema de segurança é fechado, mas precisa
antever pequenas expansões com novas funções ou funções
que hoje não são de segurança, mas que podem vir
a ser em função das atualizações de cenário que surgem
no Hazop.
É preciso flexibilidade”, comenta Rogério.
No Lopa se avaliam as probabilidades de falhas de
cada elemento em especial é preciso conhecer pelo fabricante
e por listas validadas internamente pela Braskem
qual a probabilidade de falha de cada um; no mapa de
risco as probabilidades de falhas estão pré determinadas
em função da classificação do risco no Hazop.
Rogério lembra que algumas coisas que foram previstas
nos mapas anteriores da Braskem ocorreram, outras
têm acompanhamento e pode-se dizer a verdadeira
severidade de alguns problemas e, apesar de os cenários
terem muito do felling das pessoas, eles estão bem estabelecidos
e os mais recentes, nas plantas mais novas, têm
muitos detalhes dos fornecedores das tecnologias. “Hoje,
as próprias tecnologias já trazem muita história, boa parte
dos cenários já foram definidos pelo licenciador”, acrescenta.
Outro fator que não se pode esquecer é a disponibilidade e os sistemas de segurança influenciam muito
esse dado. Na Braskem Sudeste, já existem alguns casos
em que os sistemas estão entrando na época de troca
por obsolescência ainda que não apresentem falhas e
o sistema esteja íntegro -, já que a obrigatoriedade de
suporte pelo fabricante já está expirando e isso gera risco
de indisponibilidade. Então, mesmo que o impacto da
automação não seja muito sentido no dia a dia, em casos
de falhas o impacto é bastante grande. Na Braskem, contudo,
esse tipo de impacto não existe em seu histórico. “Temos boas práticas na Braskem e mesmo outras
vindas das unidades adquiridas da Suzano e da PQU que foram incorporadas às da Braskem. E os sistemas
que não tinham contrato de suporte já o têm.
A manutenção
desses sistemas que nas empresas originárias eram
da equipe de manutenção estão passando para a equipe
de automação que responde pela disponibilidade
e desempenho desses sistemas como um todo”, explica Rogério.
A equipe de automação cuida dessa disponibilidade
muito através de contratos com os fornecedores os sistemas
chave têm contratos de suporte e manutenção com
residentes ou visitas periódicas, dependendo da criticidade
e do tamanho da base instalada. Mas mesmo os fornecedores
seguem os procedimentos da Braskem e suas
atividades nos sites da empresa estão bem amarradas nos
contratos o engenheiro de automação da unidade de
polímeros é a pessoa que zela pela boa condução desses
contratos.
Esse acompanhamento de contrato e tecnologias
acontece de forma permanente.
Na Braskem, a automação é uma área independente onde se pode fazer uma
carreira independente. A Braskem enxerga a automação
de forma estratégica e promove uma carreira específica,
não apenas uma expertise ou área de manutenção; é uma
carreira que tem desde engenheiros trainee, juniores, seniores,
coordenadores, especialistas técnicos, gerências
e diretoria. O diferencial é que a automação está muito
vinculada à tecnologia de processo utilizada. No caso da
Braskem Sudeste, à tecnologia de produção de polietileno
e polipropileno que são muito próximas, mas têm
suas particularidades que a automação deve cuidar de
encontrar soluções que podem ser adotadas em linhas
de diferentes produtos apesar das especificidades.
No Sudeste
a equipe trabalha com processos, mas nas plantas
de Alagoas existem linhas de PVC, que trabalham com
bateladas, linhas em suspensão.
Gostar do que faz, estar sempre se reciclando e
aprendo são disposições imprescindíveis na equipe da
empresa que reconhece que o fator
humano é um risco mas não só na
automação; em toda atividade humana.
Para todos existem procedimentos
diários que devem ser seguidos, mas
um dia pode acontecer um erro... “A
grande vantagem de um SIS é que se
evita o erro humano já que ninguém o
toca. Mas também não pode se errar na
concepção do projeto. “Nada é 100%
garantido, mas existem também para
a fase de projeto procedimentos, metodologias,
normas, homologações e a
experiência aprendemos e deixamos
registrado então esses procedimentos
já estão bastante maduros na Braskem;
as falhas que podem ocorrer hoje na
empresa são muito pequenas e com
impactos bem localizados.
Não se corre
o risco de explodir uma fábrica ou
acontecer um grande vazamento por falha no sistema de
segurança”, afirma Rogério.
Para ajudar a manter essa afirmação, a Braskem
conta também com bons gerenciadores de ativos, Nas
plantas de polímeros, 80% é DeltaV/Emerson e o restante
Yokogawa. E, se o gerenciamento de ativos é responsável
pelo diagnóstico preditivo dos instrumentos inteligentes,
a equipe de automação tem bastante trabalho à frente já que as plantas do Sudeste ainda estão numa
fase com muito Hart e pouco fieldbus apenas as linhas
3 e linha 7. De qualquer forma, a estrutura acima do
campo já permite absorver boas informações da instrumentação
disponível. “A idéia é subir com a informação
automaticamente através de um link com o Meridium,
por exemplo, para gerar uma ordem de serviço automática.
Ainda não é assim, mas a equipe caminha nesse
sentido”.
Assim, qualquer modificação no processo vai para
um sistema de gestão que funciona muito parecido com
um projeto: faz Hazop, avaliação de risco e envolve automação,
processo, elétrica, mecânica... e, como toda modificação
tem prós e contras, tudo é analisado. Segundo
Rogério, os contras são os mais importantes porque, para
cada contra é necessário encontrar uma solução, caso
contrário, não passa. Segurança em primeiro lugar!
Atualização Tecnológica
Esses cuidados todos puderam ser observados na
planta de Cubatão antiga planta da Dow comprada
pela Quattor na troca de um sistema Smar para Delta V. Essa migração está sendo feita, com toda a segurança,
em duas etapas: uma a frio que aproveitou uma
parada de 15 dias em março e a segunda fase, com
malhas menos críticas, que está em andamento.
A parada
de março foi curta, não associada à parada de
manutenção geral, que envolvia atividades de NR-13. “Selecionamos as malhas críticas com o pessoal do processo
para substituir o que ainda era Smarcom, alguns
sistemas e monitorações de compressores críticos e algumas
funções não críticas também, mas necessárias
para não deixar a operação espalhada um pedaço
no SDCD, outro no painel. Tudo foi feito para manter
a planta segura e operável, num projeto de migração
que, entre tempo de planejamento, desenvolvimento e
execução levou apenas seis meses! Agora, nas mudanças
a quente, a planta convive com um sistema Delta
V rodando a parte mais crítica do processo mas ainda
existem pontos no painel, até o final de novembro.
Nesse caso específico, a planta tem pouca inteligência pouco Hart inclusive, muito 4-20 e pneumática... O
que é Hart já está no AMS, mas são poucos pontos.
O que
existe no campo migrado está conversando, mas a planta
tem necessidade de mudar parte da instrumentação o
que não é um projeto conduzido pela equipe de automação,
mas pela Área de Confiabilidade!
A equipe de automação não tem informações sobre
se o padrão normativo de segurança da Braskem foi ou
não afetado pela nova Lei Previdenciária porque as práticas
da Política de Segurança da empresa já existem há bastante tempo. “A Braskem sempre foi pró ativa nesse
sentido e suas sistemáticas estão bem definidas. É bom
lembrar que os projetos se justificam basicamente por
dois motivos: diminuição do risco do processo ou retorno
financeiro. Os projetos de segurança na Braskem são
considerados compulsórios; a justificativa não depende
do retorno financeiro, não é isso que os qualifica melhor
ou não na eleição de investimentos” ressalta Rogério
Maesi.
De fato, os projetos de segurança operacional estão
no que se chama de cesta dos projetos compulsórios.
Uma forma comum de capitalizar esses projetos é a possibilidade
de redução do prêmio do seguro as seguradoras
não abrem o quanto se pode reduzir com cada prática
e tecnologia envolvida, mas afirmam que essa redução se
dá numa negociação contrato a contrato, com a empresa
mostrando que efetivamente reduziu riscos.
|