Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 168 – 2011



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Cenibra, os melhores números do setor de papel e celulose em 2010


A Cenibra é a empresa que apresenta maior rentabilidade do setor, 22,2% e suas vendas alcançaram US$ 897,9 milhões no ano passado. A geração de caixa ebitda da empresa em 2010 foi de R$ 534 milhões, a Receita Líquida foi de R$ 1.410 milhões, resultado 35% superior ao ano passado, e o lucro líquido foi de R$ 335,2 milhões. A Cenibra ainda reduziu em 30% seu endividamento líquido e os investimentos da empresa em 2010 atingiram US$ 84 milhões porque houve investimentos na qualidade, na garantia operacional e na redução da estrutura de custos das áreas industrial e florestal, para obter a máxima eficiência dos processos, agregando valor em toda a cadeia produtiva. Num cenário menos conturbado como foi 2010, a Cenibra produziu 1.178.386 toneladas de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto, superando o volume esperado para o ano.

O desempenho econômico refletiu a performance operacional, com indicadores positivos, demonstrando sólidos fundamentos estratégicos, operacionais e financeiros. E, além dos bons resultados econômicos, a empresa também é referência em ações socioambientais que garantem a sustentabilidade. Há algum tempo a Cenibra tem planos para crescer o mercado chegou a aventar que já se faziam duedilligences com investimentos aprovados pelos acionistas que somavam US$2 bilhões e duplicariam sua capacidade de produção. Mas, segundo Naohiro Dói, diretor financeiro da empresa, o câmbio torna muito caro fazer qualquer aporte no país agora. Some-se a isso que será difícil convencer sua controladora, a japonesa Oji Paper, a liberar qualquer quantia depois do terremoto do início do ano.

O projeto de ampliação da Cenibra foi definido antes da crise de 2008 e só os investimentos industriais chegariam a US$ 1 bilhão. Mas a empresa teve que priorizar manter nível de florestas próprias dos 130 mil hectares de florestas de eucalipto usadas pela Cenibra, 20 mil são de terceiros as florestas plantadas poderiam garantir um aumento de até 15% na produção. Essa é uma parte sensível não só para a Cenibra, mas para o mercado de maneira geral e a oferta de celulose no mercado internacional pode se tornar restrita em 2011 e 2012, ainda que haja tendência de crescimento a partir de 2013, gerando um movimento de redução de preços. E a equipe da Cenibra apóia a cautela pois sabe que investimentos feitos no passado, em muitos casos, somente surtem o efeito desejado anos depois, mas é necessário conscientizar que os investimentos nas inovações e na tecnologia, proporcionam resultados com limites mais ousados.

Os investimentos em tecnologia não podem ser isolados, devem ser uma sequência de eventos para um objetivo maior, às vezes é necessários adequar a infraestrutura em uma etapa e somente nos próximos passos fazer o fechamento do projeto na busca da otimização máxima dos processos, estas divisões se fazem necessárias em função da limitação dos recursos de cada corporação. Contudo, Paulo Eduardo Rocha Brant, presidente da Cenibra, não descarta parcerias, seja para uma fábrica de celulose ou uma unidade de produção de papel integrada à Cenibra.

E enquanto decisão não é tomada, cabe à equipe da empresa mantê-la na melhor posição do ranking... De uma forma geral, a Tecnologia de Automação e a Tecnologia de Informação são ferramentas para elaboração dos KPIs dos processos. A TA é responsável por oferecer os dados e transformá-los em informação e a TI responsável por oferecer recursos de integração destes aos diversos setores da empresa. Atualmente a Cenibra possui indicadores on line para os operadores dos processos industriais, os quais foram criados e parametrizados utilizando os conceitos do CEP controle estatístico de processos e servem como ferramenta de gestão dos processos para os operadores, bem como de gestão da produção para os gestores.

O principal desafio é, então, manter a empresa atualizada tecnologicamente, ou seja, manter o parque de TA e TI compatíveis com as versões atualizadas da tecnologia sem sucumbir aos modismos desta. Para isto, é necessário ter um planejamento de curto, médio e longo prazos bem estruturados de forma a garantir a operação segura dos sistemas de toda a corporação. Uma equipe bem treinada também é vital, pois a disponibilidade dos sistemas e equipamentos depende muito deste quesito e ainda para atender às demandas do dia a dia por toda a vida útil da planta.

A Cenibra iniciou suas operações em 1977, com uma linha em operação e produção diária aproximada de 1.000tSA/d. Naquela época, todos os sistemas de controles eram eletropneumáticos. Essa linha operou com a mesma tecnologia por mais de 20 anos, até a substituição completa por sistemas digitais de última geração. Em 1995, a fábrica foi duplicada com o start-up da Linha 2, operando com tecnologia de ponta sistemas de controles digitais SDCDs e CLPs, além da instrumentação híbrida analógico + HART. “As demandas por aumentos constantes de produção, redução nos custos de produção, necessidade de melhoria da qualidade, otimizações dos processos e excelência operacional, impulsionaram a aprovação de investimentos de modernização da unidade antiga.

A partir de 1997, iniciouse um processo de modernização, no qual muitos equipamentos de processos foram melhorados, além da completa substituição dos sistemas de controle eletropneumáticos por sistemas digitais. Em 2001, a Linha 1 concluiu o processo de modernização que também contemplou sistemas de controle e de automação de última geração”, lembra Ronaldo Ribeiro, hoje gerente de TI e Telecom que por muitos anos esteve à frente da equipe de instrumentação e automação.

A Linha 2 nasceu com instrumentação e sistemas de controle digitais, porém com a tecnologia daquela época e durante a modernização da Linha 1, todos os sistemas passaram para controle digital, porém com tecnologias mais recentes. Após as melhorias nos níveis de chão de fábrica e camada de controle, investimentos nas camadas superiores também se fizeram necessários: implantação de sistemas de gerenciamento de processos (PIMS/ MES), gerenciamento de ativos, controle avançado de processos (APCs) e conectividade com os sistemas de gestão do negócio (ERP).

Essa fase de modernização e aumento da eficiência teve uma trajetória longa, de 2001 a 2010, pois além de grandes investimentos, foi preciso um planejamento estruturado, desenvolvido por uma equipe muito bem treinada, que permitiu que os projetos se encaixassem dentro do plano anual de produção. Ronaldo lembra que aprovar investimentos de tecnologia sempre foi um desafio muito grande, pois na maioria dos casos, não é possível obter um ROI e isto dificulta para os analistas financeiros que fazem parte dos comitês de aprovação dos investimentos.

Para minimizar esse impacto, ele aponta justificativas como: impossibilidade de aumentar a produção com os sistemas desatualizados tecnologicamente; dificuldade de cumprir legislação com as limitações dos equipamentos mais antigos; dificuldade de fazer uma melhor gestão da manutenção, e obtenção de menores índices de quebras; falta de informações dos processos por equipamentos com limitações tecnológicas; dificuldades de reposição de peças sobressalentes; altos riscos de paradas de planta por equipamentos em final de vida útil; dificuldade de redução dos custos operacionais e ainda de melhorias na qualidade do produto acabado.

Dentre outros fatores, foram argumentações utilizadas para suportar as decisões de investir em novas tecnologias. E, em qualquer projeto, ter bons fornecedores é tão importante quanto um bom projeto. “As parcerias foram fundamentais para elevar o patamar da Cenibra. Como a empresa está localizada no interior de Minas Gerais, distante dos grandes centros, os contratos de manutenção devem ser bem firmados, pois é necessário atendimento remoto e na modalidade 24x7.

Em muitas situações, até a chegada de um fornecedor de São Paulo, por exemplo, para solucionar um problema, se gasta mais de 12h! Isto é crucial para a produção. Além disso, uma equipe bem treinada possui muito valor”, frisa Ronaldo. A relação de confiança nos processos de compra é muito importante. Não raro há demanda por serviços ou equipamentos em caráter emergencial nesse caso é imprescindível a cooperação mútua, fruto da evolução das relações com os fornecedores que levam à confiança no processo e na qualidade. Outro fator importante citado pela equipe da Cenibra é o bom relacionamento entre os pares das indústrias do setor e aí se destaca a ABTCP Associação Brasileira técnica de Celulose e Papel que mantém comissões técnicas que permitem esse intercâmbio e o estabelecimento de parcerias.

O bom relacionamento entre pares pode ser decisivo, por exemplo, num caso de solicitação de empréstimo de bem ou equipamento até a solução definitiva de um problema. As indústrias de Celulose e Papel são conservadoras na utilização de protocolos digitais e somente aqueles muito bem consolidados têm espaço no setor. A Cenibra utiliza vários protocolos para comunicação entre sistemas Profibus, Ethernet, Profinet, Fieldbus Foundation... No nível de chão de fábrica todos os dispositivos de instrumentação são com protocolo Hart, embora nem todos estejam ligados à gerenciamento de ativos. Desde 2004 investe-se em gerenciamento de ativos, inicialmente com foco nos elementos finais de controle e mais recentemente também estão para o monitoramento em máquinas rotativas e sistemas de tecnologia de informação.

A cada dia, aumenta o uso das informações HART dos dispositivos de campo para melhorias nas ações de manutenção. A Cenibra acredita que a utilização da comunicação digital é a alternativa mais adequada e que os benefícios são muitos, pois sem essas tecnologias é impossível a integração da camada de chão de fábrica com o topo da pirâmide de automação. Há uma boa integração do chão de fábrica com os sistemas de gestão do negócio, mas ainda são necessárias melhorias nas interfaces atuais.

A arquitetura está bem definida, até os sistemas de gerenciamento de processos (PIMS), gestão da produção (MES) e controles avançados (APC), mas ainda é necessário investimentos na integração total com o ERP. Naturalmente estas interfaces terão melhorias durante os projetos futuros de Otimização em Tempo Real (RTO). Hoje o conceito de automação enfatiza a participação da computação nos controles dos processos industriais, logo, os sistemas e dispositivos que utilizam estes conceitos passaram a ter uma forte dependência da Tecnologia de Informação.

Os dispositivos com tecnologias digitais possuem inteligência e uma quantidade de informações que podem ser aplicadas para melhorar sua gestão. “Mas, é necessária a conexão com os sistemas nas camadas superiores da pirâmide de automação e, assim sendo, a associação da Tecnologia da Automação à Tecnologia da Informação é inevitável e imprescindível, pois só será possível utilizar da inteligência dos dispositivos de campo por meio da inserção de sistemas especialistas de gestão, projetados para utilizar-se dessa inteligência para obter benefícios que melhorem os processos industriais no seu monitoramento, armazenamento de dados e melhorias nas ações de manutenção.

Os protocolos de comunicação foram as formas adequadas para promover esse intercâmbio de dados e informações para todos os níveis da pirâmide”, afirma Ronaldo. Gradativamente a Cenibra foi se inserindo num contexto de convergência de TA e TI, desde a aquisição dos instrumentos inteligentes até à implantação dos sistemas de gestão de processos, o que trouxe muitos benefícios e uma nova era na gestão dos processos.

Ferramentas como gestão de ativos, PIMS, MES, controle estatístico de processo hoje facilitam e melhoram as ações operacionais do dia a dia. Analisando o Benchmarking de 2010, a equipe da Cenibra percebeu que a comunicação é o terceiro item mais importante no gerenciamento de um projeto. Fazendo uma correlação entre os projetos e as atividades do dia a dia, percebeu-se a similaridade da importância da comunicação nas diversas áreas de uma corporação: atualmente, os rádios de comunicação ocupam um espaço de destaque entre as ferramentas mais importantes para uma boa operacionalidade de uma planta, pois dão mais agilidade à comunicação e segurança entre os usuários sejam operadores ou de manutenção, pois podem ser acionados no momento exato que são solicitados.

A Cenibra atualmente dispõe de aproximadamente 800 rádios de comunicação distribuídos entre a área fabril e florestal e seria impossível imaginar a operacionalização dos processos sem a utilização desse recurso. “A Cenibra atingiu em 2010 a excelência em vários quesitos e foi eleita a melhor empresa no setor de celulose e papel. Este é um trabalho coletivo de anos de planejamento, projetos focados na estratégia e no operacional, e muita dedicação das pessoas em atendimento às mudanças de mercado. Mas para uma empresa atingir este estágio é necessário que uma base tecnológica esteja operando bem próximo dos pontos ótimos requeridos, pois a competitividade é muito grande, pequenos desvios significam muitas perdas, para isto a tecnologia é um forte aliado para o alcance dos objetivos” finaliza Ronaldo Ribeiro.



 
 
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