Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 159– 2010

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Novas fábricas até 2020



Somadas as fibras longas e curtas, os EUA são os maiores produtores mundiais de celulose (53 milhões de t / ano), e o Brasil encontra-se em quarto lugar com quase 14 milhões de t/a – e é o 11º em produção de papel – com 9,4 milhões t/a –, conforme os dados da Bracelpa. Mas, se considerarmos somente a fabricação de celulose de fibras curtas, o Brasil é o líder mundial. Após a paralisação dos projetos durante a crise financeira internacional que tornou obsoletas muitas fábricas no mundo, o mercado brasileiro passa por um bom mo- mento, com projetos que devem duplicar a produção de celulose até meados de 2020. "Hoje estão sendo planejadas cerca de sete novas fábricas ou novas linhas de produção de celulose de eucalipto para o mercado no Brasil, e uma no Uruguai. Estes empreendimentos apresentam diferentes graus de desenvolvimento na sua implementação.

Este total poderia, sim, atingir cerca de 10 milhões de toneladas se somarmos todas as capacidades de produção projetadas. Porém existe a possibilidade de que nem todos os projetos planejados sejam realizados, ou possam vir a ser postergados. Tudo dependerá da situação de mercado e das prioridades de investimento das empresas envolvidas. Por outro lado não será surpresa o aparecimento de novos interessados. A grande limitação será sempre a disponibilidade de madeira proveniente de plantações de alto rendimento, na data e local adequados", comenta Carlos A. Farinha e Silva, vice Presidente da Pöyry Tecnologia Ltda, um dos maiores especialistas do setor, e membro do conselho da entidade. E o BNDES já anunciou que irá financiar R$ 19 bilhões em projetos do setor até 2013.

Com a perspectiva de produção nacional – fruto de melhorias realizadas já este ano, o Brasil – que já ultra- passou a produção da Suécia e da Finlândia - pode suprir o aumento da demanda mundial, que está entre 3% e 4% ao ano. Além do aumento da demanda, o preço da celulose disparou depois que algumas fábricas no Chile fecharam por conta do terremoto de fevereiro deste ano e, mesmo com a retomada das unidades chilenas, os valores devem continuar altos.

E, se as empresas brasileiras estão de olho no mercado externo, as companhias estrangeiras chegam ao Brasil para instalarem suas fábricas como, por exemplo, a suíça SIG Combibloc, fabricante de em- balagens, que anunciou investimentos de US$ 107 milhões para a construção da sua primeira fábrica por aqui. A chinesa Asia Pulp & Paper (APP), uma das três maiores empresas do mundo no setor de papel e celulose, também estuda a construção de uma fábrica de celulose no Brasil – mas também negocia com empresas brasilei- ras a construção de uma unidade no Nordeste do Brasil e a aquisição de uma área de plantação de eucaliptos para posterior construção de uma fábrica de celulose.

A Klabin anunciou este ano que pretende investir cerca de R$ 400 milhões e, já no primeiro trimestre, esses investimentos atingiram R$ 46 milhões, dos quais 52% foram alocados na Unidade de Negócios Florestal para manutenção das florestas existentes. Mas a empresa prevê a instalação de uma nova planta de com capacidade entre 1,3 a 1,5 milhão t/ano. A Klabin deve investir também na sua área de papéis e embalagens. A Comissão de Automação da ABTCP também sofreu um período de recessão, com as atividades temporariamente paralisadas. Mas o programa anual manteve a mesa redonda que discute entre os usuários e fornecedores de tecnologias, um seminário técnico abordando novas tecnologias para o setor, o Congresso Anual da ABTCP - onde a Sessão Técnica de Automação ocupa um dia de apresentações - e junto a Feira Internacional da ISA, uma mesa redonda com assuntos comuns à Comunidade de Automação.

A Comissão de Automação tem promovido em cada encontro, apresentações de novas tecnologias para o setor, a formação de profissionais para atender estas demandas do mercado, e uma lista de temas para discussões técnicas que tem foco no atendimento ao crescimento do mercado. Após longos anos de investimentos na infra estrutura de automação, como nos CLPs, SDCDs, CCMIs, sistemas in- terligados via redes industriais, pelas diversas empresas do setor, agora ganham espaço os aplicativos que utilizam melhor estes recursos, os sistemas de gerenciamento de ativos, controles avançados de processos, sistemas de otimização em tempo real, simuladores virtuais de processos, entre outros. "Estes aplicativos têm conseguido melhores resultados operacionais, pois conseguem auxiliar a manu- tenção tornando-a mais preditiva, reduz a variabilidade e otimiza os processos, buscam otimização de setpoints tendo como função objetivos menor custo, simulam as diversas condições para identificar gargalos e melhorias operacionais.

E a TI tem sido um aliado importante, pois através de seu apoio, temos maior segurança nas redes, atualização dos softwares e hardwares atendendo aos constantes upgrades dos fornecedores, além de prestar manutenção e manter back ups atualizados automatica- mente, são importantes também durante a concepção dos projetos, pois facilitam a integração entre os sistemas e padronização destes. A TI deixou de ser um concorrente e passou a ser um forte aliado, pois entendeu a política operacional de uma linha produtiva e com isto agrega enorme valor aos sistemas de TA", comenta o coordenador da Comissão e gerente do Departamento Técnico e Manutenção da Cenibra, Ronaldo Ribeiro.

Em 2009, a Comissão de Automação da ABTCP apresentou os números finais do seu primeiro levantamento setorial In- dicadores de Automação na Indústria de Celulose, realizado em parceria com a Bachmann & Associados que mostrou o Grau de Utilização do Modo Automático do setor; Grau de Atualização Tecnológica; Grau de Obsolescência e Índice de Instrumentação Analítica. Os projetos conce- bidos até os anos 1990 ainda tinham baixa utilização da instrumentação analítica, pois as tecnologias eram ca- ras e com baixa performance. "Na atualidade, a analítica dentro das fábricas de celulose e papel possui muitas alternativas técnicas com um bom desempenho em suas funções específicas, além disto, favorecem as estratégias de controle e otimização, pois sem as medições on line ou in line, teríamos muitas dificuldades nas melhorias e reduções dos custos de produção.

Quando não há medições diretamente no processo, estas necessitam ser feitas em laboratórios e isto além de ser oneroso, gera um gap grande entre cada amostragem, o que dificulta os controles automatizados e aumenta a variabilidade dos processos". As fábricas mais antigas estão se modernizando e nesta renovação a instrumentação analítica é uma necessidade vital para um produto competitivo. Um fator que ainda dificulta é o preço dos instrumentos específicos o que, em muitos casos, inviabiliza sua aquisição. Há dois anos, época do levantamento dos dados, não era comum a utilização de tecnologias como monitoração on line de vibração, sistema de câmeras e sistema de detecção de defeitos, mas a busca por redução dos custos e melhores práticas de manutenção tem impulsionado o setor a aderir a várias inovações, incluindo estas.

Sistemas de gerenciamento de ativos, câmeras para monitoração de quebras, controles avançados de processos, simuladores de processos, sistemas wireless, entre outras tecnologias, a cada dia são mais comuns no setor de celulose e papel. Numa indústria na qual a quantidade de variáveis analógicas é muito maior do que as discretas, a maior parte do processo é monitorada e controlada por SDCDs, que já possuem supervisório incorporado. "Em algumas aplicações específicas dentro do setor, temos supervisórios em operação, como as linhas de picagem de madeira e também as linhas de acabamento.

É bom lembrar que as tecnologias devem permitir que sistemas de supervisão e controle se integrem aos demais níveis da corporação já que o dado de processo, que somente tinha valor para o operador no passado, agora necessita de uma maior amplitude, pois será transformado em informação para os demais setores corporativos e em alguns casos, transformado em conhecimento; este é o nível de visão que as equipes de automação precisam compartilhar", afirma Ronaldo. A Tecnologia de Automação é responsável pela geração correta do dado e sua condução até seu tratamento para virar um Indicador de Desempenho (KPI). Utilizando as técnicas adequadas a cada processo (estatística, matemática financeira, engenharias, dentre outras) os indica- dores serão definidos e configurados de forma a facilitar a gestão dos processos e a tomada de decisão, funda- mentada em informações on line, mostradas pelos KPIs.

E tudo isso só acontece se a Tecnologia de Informação trabalhar junto com a Automação, com boa sinergia. Assim os esforços serão menores, bem como custos de implantação, manutenção e erros nos projetos. Mas é importante a definição de escopo, para determinar os limites de atuação de uma e outra (TA ou TI), para nada ficar no esquecimento no dia a dia e em etapas futuras. A Cenibra também possui planos de aumento de capacidade produtiva, dividida entre aumentar a produção da fábrica existente ou construir uma nova unidade anexa a fabrica atual e já tem estudos consolidados para os dois casos, mas depende dos acionistas para esse investimento.

Já os investimentos convencionais têm saído e compõem uma fábrica moderna do ponto de vista de automação, ainda que equipamentos com tecnologias de décadas gerem grande dificuldade de redução de consumos específicos. "Temos investido em controles avançados de processos, gerenciamento de ativos, indicadores de performance operacionais através dos conceitos da MESA, otimização em alguns processos e mudanças em estratégias de controle. Os resultados positivos têm nos suportado para novos investimentos com estes focos", lembra Ronaldo. Em 2009, alguns investimentos na Cenibra foram paralisados em função da crise mundial, mas a empresa manteve aqueles de voltados para redução de custos operacionais. Assim sendo, foram priorizados investimentos como Controles Avançados de Processos, controle das caustificações, sistemas de gerenciamento de vapor e controle dos digestores, entre outros.

A carteira de investimentos em automação para este ano está mais ampla e inclui alguns estudos como o direcionado a sistemas de monitoração e sintonia de controladores PID nos processos industriais, voltado para a melhoria contínua, redução da variabilidade e foco nas malhas de controle que efetivamente necessitam de priorização nas ações de manutenção e ajustes. Este software com certeza vai ter muitas interfaces com a equipe de TI, em função da arquitetura necessária. Mas, segundo Ronaldo, TA e TI já possuem um bom relacionamento na Cenibra desde o projeto PIMS de 2003, onde as atribuições e responsabilidades foram devidamente direcionadas para cada equipe. "Hoje utilizamos um modelo em que todas as atividades de automação são compartilhadas e há padronização de hardware e software adquiridos, o que facilitas as etapas seguintes no planejamento para os próximos anos".


 
TI e TA construindo uma nova gestão

Resultado da união da Aracruz Celulose e da Votoran- tim Celulose e Papel, duas empresas brasileiras com forte presença no mercado global de produtos florestais renováveis, a Fibria investe no cultivo de florestas como fonte renovável e sustentável de vida, para produzir riqueza e cres- cimento econômico, promover desenvolvimento humano e social e garantir conservação ambiental.

Possui operação integrada (Floresta – Indústria – Porto), Florestas em 6 estados (mais de um milhão de hectares, dos quais 374 mil dedicados à conservação de ecossistemas nativos, nos estados da BA, ES, MG, MS, RS e SP), 15 mil funcionários (próprios e terceiros permanentes), cinco unidades de produção de celulose, totalizando 5.400 mil t/ano em Aracruz/ ES (2.330), Três Lagoas/MS (1.300), Jacareí/- SP (1.110), 50% da Veracel (500) e 50% da Conpacel (160); duas unidades de produ- ção de papel ( Piracicaba/SP de165 e Conpacel/SP de 195); quatro Portos (Belmonte, Caravelas, Portocel e Santos). Com presença global consolidada, a Fibria possui escritórios em São Paulo (sede), Miami (EUA), Nyon (Suíça), Csomád (Hun- gria), Pequim e Hong Kong (China); centros de distribuição no Golfo do México, Sudeste dos EUA, Nordeste dos EUA, Norte da Europa, Mediterrâneo, Costa da China e Sudeste da Ásia; e vendas na Europa (39%), América do Norte (30%), Ásia (22%) e América Latina (9%).

Em 2004 a Fibria - Unidade Aracruz (ARA) executou um projeto que interligou de forma física as redes Corporativa e Industrial (chão de fabrica), separadas logicamente por um firewall, onde interligaram-se os micros de processo da rede industrial, garantindo maior redundância, disponibilidade, gerenciamento e segurança. Qualquer atualização na comunicação no parque tecnológico da rede corporativa reflete em benefícios na rede industrial, além da utilização do mesmo spare parts. Todas as rede proprietárias do chão de fabrica foram interligadas à Rede Industrial, consequentemente, reduzindo o custo tanto em Tecnologia da Informação, quanto em Tecnologia da Auto- mação em várias atividades nos processos produtivos.

A equipe conseguiu, com essa linha de trabalho, passar de 10MB para 100MB - maior velocidade na comunicação; monitoramento on-line das principais comu- nicações e ativos da rede industrial; eliminação das várias licenças cliente de fornecedores que levavam informações das redes proprietárias para os usuários na rede corporativa (operadores, coordenadores, consultores e gerentes), reduzindo o custo anual; acesso remoto (externo) assistido pelo metaframe à rede industrial; monitoramento e suporte on-line da performance dos equipamentos pelo fornecedor; intervenção on-line assistida fornecedor x fibria, redução do custo de viagens, estadias e translado para realizar reparos menos complexos; maior rapidez na solução de problemas já que o diagnóstico fica mais fácil devido ao acesso on-line em reparos mais complexos o fornecedor já vem com a solução pronta ou mais elaborada; Nos projetos com investimento mais alto, negocia-se a garantia de performance do equipamento, podendo ser monitorada pelo fornecedor durante toda a vida útil do equipamento (parceria entre fornecedor x fibria).

Em julho de 2009 iniciou-se a consolidação da Aracruz Celulose e da Votorantim Celulose e Papel, e as unidades da Fibria estão passando por um processo de integração de gestão, de tecnologias, de sistemas, de sinergias, como exemplo, a conclusão da integração corporativa do SAP onde existem vários benefícios como redução na estocagem de equipamentos (mesmo spare parts), no custo de quími- cos, maior poder de negociação, etc. Então, a tendência de médio e longo prazo é de que as unidades da Fibria sigam a mesma diretriz no que se refere à automação e TI.

Jorge Cesar Menelli, Especialista Sistemas de Informação Industrial da Fibria, comenta que a unidade ARA tem aplicados aos processos vários tipos de analisadores efetuando funções diversas tais como: monitoração e controle da qualidade do processo (Ex.: Kappa e alvura dos branqueamentos, controle de dosagem de produtos químicos, controle de pH, etc.), monitoração e controle do meio ambiente (ex.: analisador de TRS, analisador de cor do efluente, analisador de opacidade das chaminés, etc.) e monitoração e controle da segurança do processo (ex.: analisador de teor de sólidos para queima nas caldeiras e recuperação, analisador de O2 dos fornos de cal etc.).

A Monitoração on-line de vibração já é realidade, pois, na unidade de Aracruz, existem aproximadamente 70 ativos monitorados on-line com coleta de espectros distribuídos principalmente na área das caldeiras de Re- cuperação. "Existe um projeto que está em estudo na Fi- bria-ARA de se instalar este monitoramento também nos rolos das cinco máquinas da secagem; na Veracel, estes rolos já são on-line".

É comum também na Fibria-ARA a utilização de câmeras nas áreas operacionais com diversos fins, como sistema de monitoração de quebras de folha nas cinco máquinas de secagem (vinte câmeras com sis- tema de gravação); sistema Quadtek utilizado nas caldei- ras de recuperação e fornos de cal para monitoração dos equipamentos críticos e medição de altas temperaturas da região (dez câmeras); monitoramento da alimentação de cavacos para os digestores (oito câmeras) e monitoração da alimentação de madeira nos equipamentos da área do manuseio de madeira (69 câmeras). "Possuímos uma plataforma de manutenção preditiva para otimização dos processos on-line, baseada num sistema supervisório que coleta informações diretamente do SDCD e CLPs, através de comunicação OPC, permitindo uma série de análises correlacionais (válvulas, motores, in- versores, forces, alarmes, etc.) para o controle do processo. Os mecanismos de detecção de defeitos e oportunidades de melhoria operam em fluxos que permitem que eles sejam identificados e tratados antes da falha (detecção pro ativa).

Porém, quando ocorrem as falhas, os registros da correção são feitos gerando análise, aprendizado e prevenção (detecção reativa). O esforço maior está em transformar os desvios tratados em filtros primários, com maior atuação da automação dos equipamentos e sistemas e me- nor frequência de intervenção do Operador". Na Fibria-ARA, os processos produtivos são mantidos sob controle através do monitoramento do SDCD ou por intervenção direta no processo, com base na observação dos instrumentos de medição e em análises do la- boratório. "Entre os avanços na unidade, a aquisição do software PI-System da OSISoft (PIMS), em 1994, foi um marco no início do controle da eficiência operacional e no estudo de tratamento da variabilidade dos processos.

A sua aquisição, definiu-se pelo potencial do sistema para desenvolver telas e ferramentas customizadas para as condições ímpares do processo de produção de celulose. Entre as restrições visualizadas estavam o fluxo contínuo de produção, o caráter multivariado das influências das características físico e químicas complexas da madeira, do processo de produção e também dos equipamentos sobre a qualidade da celulose", lembra Jorge. O conjunto das ferramentas de gestão passou então a se chamar Sistemas de Informação INCEL e teve o início de sua aplicação em 1996. Nessa arquitetura, foi conside- rada a necessidade de se estabelecer muito claramente as interdependências entre as diversas etapas da fabricação através do conceito de Processos Clientes e Processos Fornecedores.

Segundo Jorge Menelli, através deste conceito os operadores começaram a interagir entre si de forma direta, demandando menos supervisão imediata – tanto que o posto de trabalho do supervisor de Área foi elimi- nado a partir deste modelo da gestão. Foi necessária maior atenção na formatação para integração da gestão dos processos e também no treina- mento dos operadores ao utilizar a ferramentas de gestão, considerando os aspectos culturais próprios da mudança nos controles e acompanhamento de suas ações sobre o processo já que a responsabilidade e autoridade sobre o posto de trabalho operacional tornaram-se maiores.

Como a Tecnologia da Automação não se atualiza tão rapidamente quando a Tecnologia da Informação, só em 2005 os sistemas de informação INCEL passaram por uma modernização tecnológica de estrutura, softwares, hardwares etc. "Hoje, este conceito é parte integrante do modelo de gestão da empresa (NBR ISO 9001 e 14001), sendo a base para inúmeras ações de curto, médio e lon- go prazo, incluindo desde ações corretivas e preventivas no processo, até investimentos em projetos para solucio- nar problemas sistêmicos ou oportunidades de melhoria. A monitoração on-line dos Sistemas de Informação INCEL é suportada pela infra-estrutura de TI Industrial e integrada quando necessário com os demais sistemas corporativos", comenta Jorge.

As soluções de Business Intelligence utilizadas na Fibria-ARA estão baseadas no processo de coleta de dados, na organização, na análise e no compartilhamento das informações on-line. Exemplificando, no chão de fábri- ca os antigos boletins de operação serviram como base para o levantamento das principais variáveis de controle do produto, do processo e do Meio Ambiente com suas respectivas especificações (LIE e LSE). Estas variáveis fazem parte do Sistema de Eficiência Operacional, onde as informações são lidas automaticamente do PI-System (OSISoft) e o conhecimento gerado oferece suporte na gestão de tomada de decisão operacional. "Hoje, o Operador não decide se registra ou não a ocorrência, os desvios simples encontrados são registra- dos automaticamente no Livro de Ocorrências, e o operador relata na ocorrência a ação tomada para correção do desvio e, no final do mês o assistente técnico analisa o Índice de Performance Mensal (IPM) de cada variável de controle e os IPM's abaixo de 85% são considerados como desvios sistêmicos (complexos).

Então, registra-se a anomalia e se estabelece as devidas ações corretivas. Esses sistemas pertencem às ferramentas de gestão dos Sistemas de Informação INCEL". Com as regras estabelecidas, limites e especificações, a equipe de gestão da Fibria criou um serviço - com fre- quência de trinta minutos que analisa, identifica e registra automaticamente os principais desvios abaixo no Livro de Ocorrências, ou seja, as variáveis de controle de produto (Kappa, Alvura, Viscosidade, etc.) e processo (Temperatura, Pressão, Eficiência, etc.) fora das especificações; as variáveis ambientais que influenciam no desempenho das variáveis de controle fora das especificações; as variáveis de controle dos consumos (químicos, água, vapor, etc.) fora das especificações; as malhas fechadas (SDCD) abaixo de 94,5% em Automático; e as variáveis de controle com IPM abaixo de 85%.

Com base nes- ses registros acima na gestão do chão de fábrica chega-se aos indicadores de resultados máximo valor sustentável (MSR), estabilidade operacional (OS), consumo de químicos, gestão de IPM, malhas fechadas em automático, perdas teóricas de produção etc. E, com base nas informações corporativas geradas pelo SAP, a Fibria chega aos indicadores de resultados de custo de produção, qualidade PE, etc. "Nas unidades da Fibria Celulose possuímos um sistema de gestão on-line (GOL) que faz o desdobramento dos objetivos estratégicos para seus diversos processos in- ternos, baseados no conceito do BSC (Balanced Scored Card) garantindo uma consistência entre os diversos níveis operacional, tático e estratégico –, agregando valor ao resultado final esperado, o qual retrata a estratégia da organização.

Deste modo, o conjunto de KPIs registrados terá uma estreita relação com as estratégias definidas pela organização, estimulando sua análise crítica de forma a atender os resultados estabelecidos pelo negócio", finaliza Jorge Menelli, que já apresentou o trabalho de gestão desenvolvido por sua equipe até mesmo para a Petrobras! Quando a diretoria entregou o projeto Horizonte – que deu origem à Unidade Três Lagoas da Fibria – à equipe de Nilson Gracia de Oliveira, gerente de Engenha- ria e Projetos, foi clara: "O foco da empresa é produzir celulose. Deveriam ser escolhidas e instaladas tecnologias consolidadas.

A empresa não precisaria ser uma vitrine de tecnologia – nosso objetivo é capacidade de produzir celulose e com qualidade." E os desafios não eram pou- cos. Foi preciso vencer desafios como a padronização das tecnologias a serem utilizadas, a gestão das interfaces, a confiabilidade e a disponibilidade operacional, a seguran- ça, a preparação das equipes envolvidas – a mão de obra local precisou ser fortemente treinada. O projeto, desenvolvido com a Poÿry, fez nascer a maior fábrica em linha única do mundo, com capacidade de 1.250.000 t/ano. Hoje, a Unidade Três Lagoas já opera em ritmo de 1.300.000 t/ano. A equipe da Fibria preferiu as remotas com Hart e o 4-20mA ao Fieldbus Foundation. Nos CCMs, utilizou o Profibus.

Preço e padronização pesaram a favor do 4-20 com Hart para a instrumentação de campo. A estrutura de redes também foi conservadora: AC800 da ABB, Profibus, OPC para falar com PIMs, Modbus nos analisadores e EMS. Nilson destaca como ferramenta importante no processo de Learnign-Curve os cinco mini-systems simuladores de processo utilizados antes da entrada em operação – a Fibria ficou com um deles para dar continuidade aos treinamentos e analisar qualquer alteração no futuro.

Eles são baseados em modelos matemáticos e têm a mesma plataforma de controle que a planta real, gerando operações e comportamentos idênticos. "Podemos dizer que, ao longo do processo, aprendemos que o gerente de projeto do fornecedor, deve par- ticipar desde a fase de procurement. A construção civil da subestação primária deveria ficar com o fornecedor, que neste caso foi a ABB, para simplificar as interfaces entre a civil e a montagem dos equipamentos. Também podemos afirmar que a certificação de todas as redes de comunicação, de automação e elétrica é um procedimento a ser seguido já que comprovou-se como ação eficiente para evitar falhas de comunicação entre os equipamentos.

Antecipar os sistemas elétricos e de automação facilitam o comissionamento. Eliminar o PLC entre a CCM e o SDCD também foi uma ótima opção. E de jeito nenhum a equi- pe pode fazer 'economias baratas'", resumiu Nilson. A equipe da Fibria também fez o controle das al- terações de software no campo, adotou a filosofia de agrupamento dos CCM´s e controladores de várias áreas produtivas numa sala, certificou os aterramentos e definiu com antecedência, por meio de contratos tipo frame, os tipos e fornecedores de motores, válvulas, instrumentos, CCM, inversores, painéis auxiliares e bombas para melhor padronização destes componentes dentro do projeto.

A Unidade Três Lagoas vende ao mercado o excedente de energia que gera (essa energia verde é gerada com a queima do licor negro). Mas ela já tem destino certo: um fornecedor com alto consumo de energia e a Unidade Jacareí da Fibria, em São Paulo. Todo esse sucesso das equipes da Fibria – empre- sa que parece uma máquina muito bem azeitada, em combinação com o panorama de mercado, garantem a expansão da empresa: a Fibria se sente confiante para iniciar a operação da segunda linha de produção de Três Lagoas / MS em 2014.

A empresa anunciou que retomou os estudos para que o "Projeto Horizonte II" entre em operação dois anos antes do previsto, em 2014, com in- vestimentos de R$ 5,8 bilhões. É possível que o investimento na nova fábrica seja 60% financiado pelo BNDES e 40% proveniente de caixa próprio. O projeto industrial sai só em 2012, mas isso vai de- pender do mercado. O cronograma da nova fábrica prevê que sejam efetuados em 2010 todos os contratos de arren- damento; em 2011, o plantio nas áreas arrendadas, o início dos estudos de viabilidade do projeto industrial e a contratação da primeira equipe de estudos da nova fábrica.

 
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