Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 151– 2009

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Em tempos de crise

O momento econômico que a indústria enfrenta desde outubro do ano passado oferece uma grande oportunidade – ou um grande desafio – de fazer ainda melhor o que já se fazia bem. Em se tratando de automação, é mais uma motivação para explorar os recursos dos sistemas já instalados, e desenvolver aplicativos que otimizem os custos de produção, tanto na redução dos insumos quanto na manutenção dos equipamentos.É uma tendência global a utilização de ferramentas de gerenciamento de ativos, é um processo mais do que comprovado que ajuda identificar oportunidades e gerenciar perdas aproveitando o máximo dos recursos disponíveis.

“À medida em que acompanhamos mais de perto todos os equipamentos, conseguimos dar respostas mais rápidas a essas oscilações”, afirma o coordenador da Comissão de Instrumentação e Automação do Instituto Brasileiro do Petróleo, Paulo Dias.
Mas, como lembra Fabiano Camargo, engenheiro de Controle de Sistemas da Canexus, ainda mais importante do que a implementação de um sistema de gerenciamento de ativos é a correta interpretação dos dados para a tomada de decisão para aumentar a vida útil dos ativos e a sua operacionalidade. “A correta forma de interpretar os dados, permite ‘inputs’ para tomadas de decisões que apresentam uma infinidade de benefícios”, lembra Fabiano.

A lista de benefícios é bastante extensa – e inclui desde o melhor entendimento das áreas de alto custo; a redução do tempo ocioso para manutenção preventiva, trabalhando mais a manutenção preditiva; o aumento de confiabilidade dos ativos e por consequência a confiabilidade da planta; apoio às justificativas para aumento de capacidade de produção; até o apoio às justificativas para manutenção e momento exato para intervenção, recuperação e reforma de um ativo; avaliação da integridade e risco do ativo com relação a segurança do processo e uma série de outros benefícios que o gerenciamento apresenta com a análise correta dos dados coletados por estes sistemas.

Ronaldo Ribeiro, do Departamento Técnico e Manutenção da Cenibra, ressalta que, quando se fala em manutenção dos equipamentos, está-se referindo a utilizar a inteligência dos ativos. “Na era digital, vários ativos possuem inteligência, possuem informações que na maioria das vezes não são utilizadas de forma on-line para diagnosticar possibilidades de falhas ou até mesmo entender as muitas falhas que acontecem sem explicação aparente. Os softwares de “Gerenciamento de Ativos” possuem desenvolvimentos direcionados para esta linha de pensamento, onde pode ser feito um acompanhamento dinâmico do funcionamento dos equipamentos e isto permite à equipe de manutenção antever algumas falhas e até mesmo direcionar as ações de manutenção para o momento adequado”.

Mas para um bom gerenciamento é necessário ter informações corretas e utilizá-las de forma proativa. Então, as empresas que possuem um bom nível de automação e que seus sistemas já se encontram integrados do ponto de vista das redes industriais e corporativas, podem usar destes recursos mais intensamente, e com isto, obter melhor domínio de seus processos produtivos e gerenciá-los melhor. “É bom frisar que tudo isto somente será possível se os níveis da pirâmide de automação estiverem bem estabelecidos e integrados. Mas vale a pena avaliar cada caso e calcular os retornos”, frisa Ronaldo.

Quando um sistema é implantado ainda na construção da fábrica, a turma da operação e da manutenção já têm disponível um feedback das condições operacionais.
O que se pode constatar é que os benefícios alcançados com esses sistemas são altos e os investimentos para operacionalizá-los nem sempre o são - desde que a empresa já
possua uma infraestrutura mínima de sistemas digitais em operação. Às vezes, a solução pode estar em um bloco – caso do módulo de manutenção PM, do SAP, que organiza as atividades de manutenção. “Quando há uma redução de demanda, o SAP permite o agendamento das atividades de manutenção e inspeção que forem necessárias, mas que nem sempre são possíveis em períodos de pico de demanda”, conta Alexandre de Moraes, consultor da Petrobras.

A importância da planta automatizada
Um bom exemplo da utilização do gerenciamento de ativos aconteceu numa das unidades da Petrobras, que coloca especial atenção na qualidade das soluções que aplica. Na Argentina, onde possui atividades de óleo, gás e petroquímica, sua equipe buscou uma integração tecnológica e de negócios entre seus diferentes sites. Esse cuidado pode ser visto na planta de Zárate, próxima a Buenos Aires, na Argentina, que produz poliestireno e poliestireno biorientado – plásticos utilizados para produção de material escolar, copos descartáveis, partes de refrigeradores – com tecnologia da Monsanto. A planta, de 66 mil t/a de capacidade, teve start up em 1986 e pertence à Petrobras Energia – herdada pela Petrobras na compra da Perez Companc, há sete anos.

Em 2008, a equipe de Zárate, liderada por Roberto Gorbaran, implementou uma modernização na planta que aumentou a produção em 5%, em cerca de 3% a segurança e colocou-a 99% disponível - segundo a equipe, é mais difícil buscar pequenas melhorias de grande impacto. O sistema foi atualizado, foram incluídos skids de calibração e o diagnóstico das válvulas foi mais valorizado.
Os ganhos vieram com a implementação do PlantWeb com Delta V e o gerenciamento de ativos AMS Suíte pois o desempenho da planta estava limitado pelo controle distribuído da década de 1980. E a equipe de Zarate tinha muitas expectativas sobre a modernização: das novas tecnologias esperava-se que aumentasse a segurança, que coubesse no orçamento e que sustentassem, no médio e longo prazos, as estratégias de gerenciamento e negócios.

Claro que, para implementar o novo sistema, foi preciso, primeiramente – e em estágios – investir cerca de US$1 milhão para digitalizar as válvulas e instrumentos. Já em 2005 a equipe de Zarate pôde reorganizar suas paradas que, de anuais, passaram a acontecer a cada dois anos já que as decisões tinham suporte maior de informações. E no quesito manutenção, a empresa acabou gastando de 10% a 12% menos. A planta já utilizava Foundation Fieldbus com DeltaV, instrumentos Rosemount de nível, temperatura e vazão – além de medidores Coriollis da Micro Motion e válvulas Fisher.

As novas ferramentas de controle avançado melhoraram a capacidade e a qualidade de produção, o que pôde ser sentido mais nitidamente nos reatores. Tanto que a empresa pôde cobrar mais por alguns produtos!
Quando a crise mundial acometeu o setor, gerando grandes perdas – às vezes irreparáveis-, a planta estava preparada para reagir mais rapidamente. Os diagnósticos do gerenciamento de ativos AMS Suite deram base segura e rápida para as decisões que precisaram ser tomadas.

Com a crise, os clientes pleiteavam descontos maiores já que os preços das matérias-primas utilizados pela planta da Petrobras tinham caído no mercado internacional. Mesmo pressionada externa e internamente, a equipe da Zarate pôde se adequar a cada situação e manter a produção de maneira adequada – sem sobras ou faltas. E ter um gerenciamento ajudou não apenas a montar um ajustado sequenciamento de produção mas também para reduzir em 30% os custos com manutenção em 2009, reduzindo as emergências e economizando 10% em operações.


 
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