Revista
Controle & Instrumentação Edição
nº 131 2007 |
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Cover Page
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Indústria automotiva:
o melhor ano
da história |
Em
16 de junho de 1956, Juscelino Kubitschek assinou o Decreto nº
39.412 criando o Geia - Grupo Executivo da Indústria Automobilística
e as bases para a produção de veículos no país.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores Anfavea — fundada em 15 de maio daquele mesmo
ano — comemorou os 50 anos da indústria automotiva
brasileira como que iniciando uma nova temporada para o setor. A
Anfavea representa, hoje, o setor, responsável por 5,3% do
Produto Interno Bruto brasileiro, 14,4% do PIB industrial, 15,7%
das exportações e 27,5% das vendas externas de manufaturados.
Segundo dados da entidade, o Brasil é o nono maior produtor
mundial de automóveis, o nono mercado interno, a frota brasileira
é a 10º do mundo – com a relação
de um carro para cada oito habitantes.
Depois de décadas amargando um mercado difícil,
as vendas estão superando os 2 milhões de veículos,
projetando 3 milhões de veículos nacionais comercializados
em 2007. Não foi fácil chegar até aqui e não
será manter fácil manter essa posição.
No início da implantação da indústria
automotiva no Brasil, para estimular a produção nacional,
o governo concedeu alguns benefícios.
Passada essa primeira fase, o setor cresceu a taxas
médias de 20% ao ano, no período de 1967 a 1974, graças
a mecanismos de crédito. As sucessivas crises econômicas
mudaram esse panorama. De 1990 a 1992, vendeu-se menos que no período
1975 a 1977. O setor automotivo apresentava baixa produção,
defasagem tecnológica, pouca competitividade e altos custos
ao longo da cadeia. Para reverter a situação, governo,
indústria, concessionários e trabalhadores firmaram
um acordo no qual foram traçadas diversas metas como reduções
da carga tributária, IPI e ICMS, e no preço ao consumidor
final, bem como a manutenção dos empregos e ampliação
do financiamento. Em 1993, surge o carro popular. Em 1995 foi aprovada
uma política industrial para o setor e, em 1997, dois milhões
de unidades foram produzidas. Várias montadoras se instalaram
no País e outras ampliaram e modernizaram suas antigas fábricas
e abriram outras novas.
Hoje, as montadoras estão a todo vapor. A
alta nas vendas de veículos — cerca de 22,6% a mais
no primeiro quadrimestre de 2007 em relação ao mesmo
período do ano passado — está deixando mais
claro que os planos de expansão das montadoras precisam sair
do papel. Algumas estão contratando pessoal para rodar em
três turnos. A Honda, que desde abril trabalha em três
turnos, finalizou a ampliação da fábrica de
Sumaré (SP), onde produz o Civic e o Fit, mas já vê
pontos na planta em que um up grade seria bem vindo.
A Honda tinha um terreno em Sumaré (SP), além
da fábrica de motos em Manaus (AM) e, em 3 de junho de 1996
deu início às obras da fábrica, inaugurada
em 6 de outubro de 1997, com capacidade anual para produzir 15 mil
unidades do modelo Civic Sedan (uma fábrica de até
50 mil veículos/ano é de pequena produção;
100 mil veículos por ano, de média e, acima disso,
uma fábrica de grande produção). Com os cerca
de US$ 100 milhões investidos no último ano, a Honda
Automóveis do Brasil, em Sumaré, deve se tornar, até
2008, uma fábrica de média produção,
com produção de 550 veículos por dia, o que
representa crescimento de 38% sobre o volume registrado no ano passado.
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Teste do Fit |
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Esse
investimento envolveu os setores de solda, pintura, estamparia,
inspeção final, usinagem, logística e linha
de montagem, e também a aquisição de novos
equipamentos para pintura, estamparia, injeção plástica
e implantação de novos processos. Mas, na fábrica,
a área de solda já é um ponto de gargalo.
Ainda que com timming perfeito para aproveitar o
aquecimento do mercado – a Honda projetou a expansão
em 2006 e entrou em operação no começo de 2007,
aproveitando aquele que já chamado de melhor ano da história
da indústria automobilística —, a demanda cresceu
tanto que não há carros no pátio, eles saem
diretamente para os caminhões-cegonha e o tempo de espera
está em um mês tanto para o Fit como para o Civic.
Horácio Tuyoshi Natsumeda, diretor da montadora, comenta
que apenas 15% da produção são exportadas para
América Latina, Caribe e México.
“Estamos com três turnos desde março
deste ano. E atualmente estamos conlcuindo as instalações
para iniciarmos a produção de peças de alumínio
dos motores”. |
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Horácio Natsumeda e o interior do Civic
Vtech |
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Um
dos motivos que impulsionaram a fabricação de peças
dos motores no Brasil foi a filosofia da empresa de nacionalizar
o máximo possível dentro dos padrões de qualidade
estipulados. Outro foi a redução do tempo de montagem
do veículo – pois esse tempo está em torno de
três meses, do momento em que se faz o pedido até a
entrega. A Honda importa peças do Japão, Estados Unidos
e Tailândia.
Antes da expansão, a fábrica possuía
alguns processos automatizados, processos onde a qualidade, a segurança
e a estabilidade são impossíveis sem automação.
Com a expansão a equipe sentiu que valeria a pena automatizar
mais para atender a produção com a qualidade exigida.
A linha de montagem tem todo um sistema de comunicação
projetado pela Siemens; na estampagem possui quatro prensas onde
o material circulava manualmente e agora, de forma automática,
com uma família de robôs. A solda do assoalho e do
chassi também foi toda automatizada; a pintura – aplicação
do primer, PVC e tinta – está automatizada desde o
ano passado.
Segundo o engenheiro Célio Fernandes, Account
Manager Siemens para a conta Honda, a empresa forneceu o chamado
final-assembly para a expansão da área de montagem.
“Fornecemos também, como decorrência natural
da padronização de partes e peças pelo projeto
em questão, a automação para as máquinas-ferramenta
para usinagem da área de motores, o chamado powertrain. Também
fomos escolhidos para fornecer a automação para os
robôs de transferência entre estações
de estampagem no chamado press-shop”.
A arquitetura utilizada foi de rede Profibus em
anel e no chão-de-fábrica – essa rede interliga
toda a instalação, com cabos de cobre. Segundo o engenheiro
da Siemens Daniel Morgante, optou-se por este protocolo porque todos
os equipamentos utilizados no projeto, como estações
remotas de I/O, inversores de freqüência, IHMs e controladores
dos transportadores aéreos já possuem interface Profibus.
“Com uma rede de processo unificada, garante-se o acesso a
qualquer participante da rede, seja para diagnóstico ou parametrização
de qualquer ponto da rede”.
A nova linha de montagem, com cerca de 600 metros
de transportadores e 77 postos de trabalho, é composta por
uma mono via aérea com 9 trolleys (EOM1- Dentsu), uma linha
em solo com 42 skillets, uma segunda linha aérea com 16 trolleys
(EOM2-SUS) e uma linha de slat em solo, cada uma interligada à
outra através de um elevador e sistemas de transferência.
Para controlar esta linha, utilizou-se o conceito TIA da Siemens
(filosofia matricial de integração da automação),
além de contar com a ajuda da CPU S7-319. Todas as informações
chegam ao nível gerencial e daí algumas seguem diretamente
para o SAP corporativo – para onde vão dados de produção
e de onde vem o schedule de produção.
A cada etapa os veículos passam por controle
de qualidade. Apenas motor e câmbio são testados por
amostragem. Todos os veículos da Honda passam por uma inspeção
final que testa o funcionamento do conjunto e das partes, bem como
verifica visualmente a pintura. A volta na pista serve para detectar
o que máquina nenhuma conseguiria: o som do carro perfeito!
Mas a Honda não pára por aí.
Vai construir sua primeira planta na Argentina, um projeto de cerca
de US$ 100 milhões, para cerca de 30 mil unidades por ano.
A entrada em operação da nova fábrica está
prevista para o segundo semestre de 2009. O modelo a ser produzido
ainda será definido e deve ser vendido na Argentina, Brasil,
México e em outros países. Com um perfil fortemente
exportador, a nova fábrica já pode contar com a experiência
de Horácio Natsumeda, que chefia o projeto. |
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