Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 129 – 2007
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Darwinismo tecnológico
Liberdade de escolha e poder de integração definem os protocolos pelos quais o mercado opta. Como na biologia, capacidade de adaptação ao ambiente determina o vencedor.

Quando se pensa hoje em protocolos de comunicação, pode-se dizer que é um assunto já conhecido de todos. Mas é bem entendido? Acabaram- se as dúvidas? É só começar uma lista de possibilidades que as coisas se complicam...

Um pouco de história pode nos situar. O setor nuclear foi o primeiro a fazer algo com a crescente necessidade de se possuir uma rede para os dados dos processos, na década de 1960. Depois, vieram o Modbus, o WDPF (para processos contínuos), o Arcnet (office communication data acquisition), o Data HighWay da Allen Bradley, o TiWay da Texas Instruments... Todos sempre visando à necessidade de rede e redução de custos; a normatização não era prioritária. Os primeiros protocolos mais bem estruturados foram os da General Motors e os da Boeing, na década de 1980, quando surgiu também a arquitetura CIM, voltada à manufatura. Ainda nos anos 80 nasceram as primeiras LANs – com protocolos determinísticos e não determinísticos – os conceitos OSI e os Sistemas de Controle Distribuídos ganharam espaço, mas já com os sistemas digitais buscando seu lugar. Então, a sopa de letrinhas era enorme. Mas começava-se a entender que um bus precisava ter custo menor, precisava facilitar a inclusão de instrumentos, precisava ter informação acurada, tornar a manutenção melhor e mais fácil, precisava trabalhar remotamente e com controle avançado. Os equipamentos precisavam ter um tempo de resposta maximizado. Estava certo de que o fieldbus era o suporte principal de um sistema distribuído mas também se tornou o pomo de discórdia entre os fornecedores de tecnologia, levando ao período que chamamos de “guerra dos buses”. Essa “guerra” teve um desfecho muito brasileiro pois o comitê não decidiu por um ou dois modelos, mas por oito tipos de data link layers e 10 tipos de application layers que se baseavam na IEC 61158!

Hoje, estabilizadas as relações entre fornecedores – que em sua maioria dos casos possuem produtos para vários tipos de barramento – tem-se como certo que cada protocolo é melhor para um tipo de aplicação. Os diversos tipos, contudo, já se posicionam para incluir a Ethernet (IEC 61784-2) e a segurança.

Para tirar dúvidas, contudo, os usuários podem recorrer às associações e universidades e, nesse ponto, vale destacar a atuação da Associação Profibus – no país há alguns anos e já com um centro de tecnologia no país – e para a Fieldbus Foundation, que está se instalando no Brasil este ano. O Senai, vale lembrar, destacando a unidade de Santos (SP), mantém cursos e treinamentos desde o início da utilização da tecnologia.

Hoje, os usuários estão indo para além das pequenas economias que o fieldbus oferece e focando nos benefícios ao longo do tempo que essa tecnologia pode trazer. Guiados pela necessidade de conhecer cada vez mais o que acontece durante os processos para garantir cada vez maiores e melhores disponibilidade e produtividade, o monitoramento e as medições inteligentes possíveis na tecnologia fieldbus são muito atrativos para alcançar os níveis de performance exigidos.

Depois de uma pesquisa realizada em 2006, Fieldbus solutions in the process industries, a ARC publicou que toda indústria deve ter um protocolo de comunicação efetivo, ou vai perder competitividade e rentabilidade. E recomendou a todos que buscassem conhecimento nesse assunto, e apoio em seus fornecedores.

Interessante notar que a ARC incluiu na pesquisa um breve comparativo entre o mercado do Fieldbus Foundation (FF) e do Profibus. Realizou também pesquisa à parte para esta segunda tecnologia, afinal, são de fato as duas tecnologias que ainda “brigam” pelo mercado. No que tange ao FF, a ARC estima que o mercado dobre mundialmente nos próximos anos, passando para algo em torno de US$ 2 bilhões. Ainda pontua que o FF deve crescer 8%a.a a mais que o Profibus PA e que, hoje, o FF vende duas vezes mais que o PA para indústria de processos, com expectativa de chegar a três vezes mais por volta de 2011. O estudo da ARC também permite vislumbrar um calcanhar de Aquiles na tecnologia Profibus: ao contrário da FF — onde o mercado está bem dividido, com o principal fornecedor com 43% —, o principal fornecedor da tecnologia Profibus possui 74% do seu mercado. É quase uma tecnologia de uma empresa só, embora existam muitos fornecedores e uma Associação atuante.

Em outro levantamento da ARC, sobre os protocolos baseados na IEC 61158, constatou-se que o tamanho do mercado deve crescer 23% até 2011. Nesse total de crescimento, o FF tem expectativa de crescer 24,6%. Vale notar que os protocolos incluídos na pesquisa foram o FF (H1 e HSE), Profibus PA (não DP), ControlNet, Interbus, P-Net, WorldFip e SwiftNet. Em quais setores o crescimento acontece? Mais forte nos setores químico e petroquímico, de óleo e gás, de refino, de energia elétrica. Mas com crescimentos superiores a 20% em vários outros setores.


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