Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 128 – 2007
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Habemus Normas!!

A competição na indústria de alimentos e bebidas, hoje, significa muito mais do que simplesmente matar a sede e saciar a fome de clientes exigentes. Os players desse setor precisam suportar um grande portfolio de produtos, com qualidade controlada dentro de todo o ciclo de vida do produto e ainda ter criatividade, flexibilidade e tecnologia para suprir novas demandas. Some-se a isso o fato de que os governos de diversos países estão sempre muito atentos à segurança alimentar e, consequentemente, aos cuidados dos diversos processos envolvidos, aperfeiçoando normas e leis.

O grande desafio, no entanto, é o mesmo de outros setores: acomodar todas essas variáveis com performance controlada e custo mínimo. Aproveitar esse cenário e virá-lo a favor da empresa é tarefa em que a automação entra de cabeça e, muitas vezes, decide.

Cada vez mais o mundo consome alimentos industrializados que estão sujeitos a contaminações em qualquer parte da cadeia produtiva – sejam microorganismos nocivos agregados durante o processo e conservação ou cargas vindas na matéria-prima, como agrotóxicos por exemplo. Da mesma forma, a solução para a eliminação das contaminações está na cadeia como um todo. Contaminação gera muitas perdas – de horas de trabalho, gastos com saúde, danos à imagem de empresas e às vezes, perda de vidas. E, apesar de todos os recursos disponíveis, a incidência de doenças alimentares vem crescendo no mundo inteiro. Tanto que diversos países – entre eles o Brasil – buscaram uma norma que limitasse essas ocorrências.

Já havia mais de 20 diferentes normas sobre segurança alimentar no mundo quando a ISO – International Organization for Standardization resolveu trabalhar para que existisse apenas uma, aceita em todo o mundo – o que, além de garantir a segurança alimentar, evitaria a criação de barreiras comerciais disfarçadas de técnicas.

No Brasil, a NBR 14900, de 2002, foi, no ano passado, substituída pela ABNT NBR ISO 22000, que harmonizou os requisitos para gestão de segurança nas cadeias de suprimento alimentar e se tornou referência para as boas práticas do setor em nível mundial. E, como elementos-chave da norma estão a comunicação interativa entre os diversos agentes da cadeia, a gestão eficiente do sistema, os pré-requisitos de manutenção, operação e infra-estrutura, além da aplicação do sistema APPCC – sistema de análise dos perigos e pontos críticos de controle reconhecido internacionalmente e recomendado pela Comissão do Codex Alimentarius, criada pela Organização Mundial de Saúde e pelo Fundo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação, com o objetivo de desenvolver padrões e diretivas de segurança alimentar.

Nesse contexto de harmonização de normas, o setor passa por excelente fase, com perspectivas de crescimento. Em recente estudo da ABIA – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, constatou-se que, no último ano, as vendas reais e o crescimento da produção ficaram em 3,8%, com incremento das exportações de até 13% em alguns nichos. A Associação reconhece os desafios mas tem aproveitado as oportunidades, tanto que a ABIA constatou, já no primeiro quadrimestre deste ano, crescimento de 7% no volume da produção, 5% a mais que no mesmo período do ano passado. A expectativa é de que, em 2007, o crescimento da produção fique em torno de 4,5% e as exportações sejam 15% superiores, em alguns nichos.

Um desafio desse setor é nítido: reverter a baixa tendência de exportar alimentos industrializados – e diminuir suas importações que, se não são expressivas, vêm acumulando crescimento por três anos consecutivos.

A nova norma lançada no Brasil há um ano, melhora a comunicação, otimiza recursos, melhora a documentação e o planejamento, é de larga aplicabilidade e possibilita o gerenciamento sistemático do processo. Tudo em comum com os procedimentos bem definidos da ISA S-88 (equivalente à IEC 6151), aplicada às indústrias de alimentos, bebidas e farmacêutica.

Segundo Pedro Buzatto Costa, presidente da ABNT, a nova norma NBR ISO 22000, contém os requisitos necessários para que as organizações conquistem a certificação de seus sistemas de gestão da segurança de alimentos e a ABNT Certificadora está apta a cuidar de todo o processo, até a entrega do certificado. A norma estabelece o que deve ser feito, mas não especifica como. Cabe à própria organização elaborar e documentar todos os procedimentos necessários adotados para atender às exigências.

O Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos, que tem como pré-requisito as Boas Práticas (conjunto de regras, normas e atitudes), identifica os perigos potenciais à segurança do alimento desde a obtenção da matéria-prima até o consumo, estabelecendo em determinadas etapas (Pontos Críticos de Controle – PCC) medidas de controle e monitoramento que garantam, no final do processo, um alimento seguro. Ele é voltado para a garantia da segurança praticamente total dos alimentos sem a dependência exclusiva de amostragens e análises dos produtos finais. O sistema teve origem na indústria química dos anos 50, particularmente na Inglaterra. Nos Estados Unidos, nos anos 60, tornou-se recurso fundamental para a NASA, que precisava garantir alimentos saudáveis aos astronautas que faziam as primeiras viagens espaciais tripuladas e as Forças Armadas Brasileiras vêm manifestando preocupação semelhante.

“A ABNT NBR ISO 22000 é uma ferramenta importante para as organizações do país, maior exportador mundial de carne bovina, carne de frango, café, açúcar, suco de laranja e soja. A sua adoção é um importante passo para a inserção dos produtos brasileiros em nível mundial, garantindo maiores competitividade, produtividade e qualidade”, afirmou Buzatto.


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