Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 123 – 2007
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Setor de máquinas e equipamentos acumula perdas

Apesar de computar aumento de 12% nas exportações, a Abimaq constatou queda de 2,9% no faturamento do setor, em 2006. E ainda queda de 1,8% no consumo aparente e de 3,1% no emprego. Os resultados corroboram as projeções feitas pela entidade, que acredita que a desaceleração deve ser mantida no próximo ano.

Os dados foram apresentados pelo presidente da Abimaq, Newton de Mello, que acredita que a tendência de compra de produtos da China foi um dos grandes responsáveis pelo agravamento da situação. “Felizmente, o Brasil tem maior elenco de máquinas que a China mas, o que ela produz está vendendo mais que nós”, comentou o executivo que acredita que, para virar a situação, são necessárias reestruturações profundas. A entidade não acredita em desvalorização cambial e aposta que as metas de inflação serão cumpridas mas isso é muito pouco e, segundo as projeções, não muda o cenário.

As estatísticas da Abimaq seguem, agora, um modelo econométrico desenvolvido por economistas e estatísticos da Websetorial, coordenado pela consultora Patrícia Marrone, e usa como variáveis a taxa de câmbio real, a taxa de juros e a produção da indústria brasileira como um todo. Segundo a economista, o método ainda é pouco utilizado entre entidades de classes brasileiras. O método segue modelos econométricos de séries de tempo: o que prevê o comportamento da produção acompanha a abordagem de Box-Jenkins e o outro, utilizado para a projeção de faturamento e emprego, a modelagem estrutural.

As primeiras projeções foram feitas para o final de 2006, primeiro e segundo semestre de 2007. O resultado é que o modelo prevê crescimento de 3,4% no final de 2007 mas as expectativas para emprego são ruins, com baixas que variam entre 2,8% e 3,3%, no setor.

Segundo o levantamento, entre janeiro e outubro do ano passado houve queda de 2,5% no faturamento em relação ao mesmo período de 2005, movimento que atingiu a maioria dos subsetores da indústria de bens de capital sem rodas, destacando-se a indústria de máquinas têxteis, que teve queda de 46,6%, seguida pelas indústrias de máquinas para madeira e artigos de plástico, que caíram respectivamente 36,9% e 15,7%.

O que piora a situação é que o consumo de máquinas e equipamentos no Brasil também teve leve queda (1,2%). “Consideramos consumo aquilo que o país consumiu de máquinas, considerando a produção e as importações, descontadas as exportações. É bom lembrar que a última queda nessa variável aconteceu em 2003, uma queda de 8%”, explicou Carlos Nogueira, diretor de economia da Abimaq.

Para o presidente Newton de Mello, a palavra para 2007 ainda é sacrifício. “O exercício da sobrevivência é comum no setor de máquinas. Veja o caso das exportações. Estamos fora do preço do mercado internacional e só continuamos a vender para fora para não perdermos as estruturas que montamos a duras penas no exterior e para manter a escala de produção”.

Para o executivo, seria necessário aumentar a tarifa de importação até que o dólar assuma valores reais, o que já foi permitido pela OMC. E a equipe da Abimaq faz um paralelo entre o desempenho do setor e do país: não deslancha porque as margens estão caindo, o que diminui a capacidade de investimento até o próximo fôlego – um gráfico disso seria como o vôo da galinha, sobe e cai, sobe e cai...

Para compensar as más notícias e reafirmar o perfil vencedor do setor, o presidente da entidade lançou o livro “História das Máquinas” que relata a trajetória da indústria de bens de capital e da Abimaq, que comemora 70 anos!

Newton Mello e Patricia Marrone


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