Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 122 – 2006
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No refino, como em E&P?
Gil Pinheiro: o refino opta ainda pela robustez do SDCD

Na área de refino o processo requer muitos e complexos controles, diferentes da área de exploração. Segundo o engenheiro Gil Roberto Vieira Pinheiro, da gerência de tecnologia de automação, instrumentação e elétrica, da área de abastecimento da Petrobras, a instrumentação para o refino é muito mais ligada ao controle e a otimização dos processos. Uma das diferenças com as tecnologias utilizadas no setor de exploração e produção é que o refino possui muitas malhas de controle e unidades de processos mais complexas, o que limita um pouco o uso dos PLCs com supervisórios, que sem dúvida dão maior flexibilidade. “Usamos SDCDs para apurar mais o controle das unidades e operamos com muitas IHMs. De qualquer modo, temos muitas tecnologias semelhantes às utilizadas no E&P mas com visões diferentes. Os sistemas de transferência de custódia, por exemplo. O E&P faz medição fiscal para efeitos de impostos e royalties; no refino, a medição tem seu foco no faturamento aos clientes internos e externos, pois não se quer entregar menos que o comprado”. As estações de medição fiscal das refinarias basicamente usam medidores tipo turbina e provadores. Só mais recentemente o refino começou a avaliar medidores ultrassônicos.

 Então a área de refino é muito próxima à de qualquer indústria petroquímica porque possui tanques de estocagem, utilizando medidores de nível de tanques, além de outros processos, tais como tratamento de água, tratamento de efluentes... A refinaria também compra energia elétrica, gera energia elétrica, ar comprimido para uso do processo e para instrumentação.

A interface com as outras áreas da estatal, tais como finaceira, pessoal, contratação compras, etc. ficam por conta do software R3, utilizado por todo o sistema Petrobras. A troca de informações de processo acontece, mesmo, em grande volume, entre as plantas dentro de cada Unidade. Segundo Gil, existem interações offsite com clientes – via Canal Cliente, um sistema especial, parte da Intranet da estatal, utilizado para agendar a compra, o carregamento de caminhões e a transferência de produtos. “Também interagimos de forma on line nas pontas dos dutos da Transpetro, integrando os sistemas de automação”, lembra Gil.

Segundo a equipe da gerência de tecnologia de automação, instrumentação e elétrica, da área de abastecimento, os desafios das novas unidades de processo na área de instrumentação do refino estão muito ligados às melhorias da qualidade de combustíveis – visando adequar-se aos crescentes demandas na área de meio ambiente e para aumentar a competitividade do negócio. “As refinarias têm trabalhado para se resolverem em termos de meio ambiente e a automação é uma grande aliada nesse processo”. Em função das demandas do negócio, muitas vindas da sociedade, a área de refino é um celeiro de desafios para a automação e instrumentação. Ainda que não possam especificar os diversos projetos em que a gerência está envolvida, Gil adianta que a equipe está trabalhando muito no projeto da nova refinaria no nordeste e no do complexo petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj.  A gerência também está começando projetos novos em combustíveis alternativos e voltados a adaptação das unidades de refino para processamento de óleos pesados, o que demanda tecnologias específicas como uma nova tecnologia para a medição de nível de dessalgadoras, por exemplo.


Você conhece as normas?

As normas brasileiras sobre atmosferas explosivas são elaboradas pelo Subcomitê SC-31 (Atmosferas Explosivas) do Cobei - Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Telecomunicações e Iluminação, cujo coordenador é o engenheiro Roberval Bulgarelli, da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) da PETROBRAS.

A missão do Subcomitê SC-31 do Cobei — formado por cerca de 60 profissionais envolvidos em equipamentos e instalações elétricas em atmosferas explosivas, representantes de cerca de 40 empresas — é elaborar e manter as normas brasileiras referentes aos equipamentos e instalações onde exista o risco devido à possibilidade de presença de atmosferas explosivas de gases, vapores, névoas ou poeiras combustíveis. Vale lembrar que os integrantes desse comitê fazem todo o trabalho de forma voluntária! Isso mesmo, atualizam o país em normas imprescindíveis, ocupando seu tempo “livre” voluntariamente, sem receber nada. Fazem de graça o trabalho que deveria ser feito pelo Estado.

Segundo Bulgarelli, encontram-se representadas no SC-31 empresas das áreas de consultoria, projeto, instalação, fabricação, laboratórios de ensaios, Organismos de Certificação acreditados pelo Inmetro, seguradoras, órgãos de classe, indústria siderúrgica, e empresas das áreas química, petroquímica e da indústria do petróleo, usuárias de equipamentos e de instalações em atmosferas explosivas de gases, vapores, névoas ou poeiras explosivas. E estão garantidas as vistas de todos os setores interessados.

“A principal missão de uma Comissão de Estudo do SC-31 é a elaboração de Normas Brasileiras, baseadas em texto condensado pelos integrantes do grupo, no formato ABNT/NBR-IEC, equivalente à respectiva norma IEC, sem desvios. Em uma Comissão de Estudo há a necessidade da participação de membros representantes dos segmentos da sociedade: Produtores, Consumidores e Neutros”, comenta Bulgarelli..

O Subcomitê SC-31 possui atualmente uma carteira de trabalho de 35 normas, entre projetos de novas normas e de manutenção das já publicadas e atualizadas através de novas edições. Nesta série de Normas encontram-se as de procedimentos de classificação de áreas, de instalação, inspeção, manutenção, reparo e revisão de equipamentos e instalações, especificações técnicas de produtos, especificação e ensaios de graus de proteção de invólucros, definição das características técnicas dos tipos de proteção e procedimentos de ensaios e de desempenho dos produtos.

Seguindo a tendência normativa mundial dos países membros da IEC, incluindo o Brasil, as Normas que envolvem certificação de produtos e de instalações “Ex” são Normas equivalentes IEC. Esta política de normalização tem por objetivo harmonizar as Normas Nacionais de cada país com a normalização

Internacional, de forma a padronizar os procedimentos de projeto, ensaios, marcação, certificação, classificação de áreas, instalação, inspeção, manutenção, reparos e revisão de equipamentos e instalações “Ex”. Desta forma, as normas que são elaboradas pelo Subcomitê SC-31 são normas do tipo equivalente NBR IEC, ou seja, são normas harmonizadas com as respectivas normas da IEC, sem desvios.

Sempre que o Brasil tem propostas de melhorias às normas “Ex” existentes, as mesmas são enviadas para análise pelo TC-31, para incorporação nas normas internacionais da IEC, de forma que tais comentários são também incorporados pelas respectivas normas equivalentes NBR IEC.

O Subcomitê SC-31 encontra-se subdividido em 6 Comissões de Estudo (CE), organizadas por temas e por áreas de especialização técnica, de forma a otimizar a participação dos profissionais e empresas envolvidas nos trabalhos.

DESEJANDO MAIS INFORMAÇÕES: redacao@editoravalete.com.br
 


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