Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 122 – 2006
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Gerenciamento de alarmes em alta
Estellito: seguir as normas e padrões facilita gerenciamento

Um conceito básico para começar a tratar um evento típico de alarme é a identificação das regiões onde exista a possibilidade de formação de uma atmosfera explosiva. Depois disso, são adotadas diretrizes específicas para a determinação e instalação de equipamentos elétricos e eletrônicos nessas regiões, de forma a evitar que os mesmos sejam fontes de ignição e possam vir a causar explosões. A partir daí, separam-se regras de segurança, mas cuida-se dos sistemas de alarme seguindo os mesmos passos, lembrando sempre que alarmes relacionados à segurança não devem ser parte dos sistemas de controle.

Henrique Osvaldo Rodrigues e Érika Hamacek Pinto, da equipe da Gerdau Açominas de análise de sistemas industriais, trabalham com a definição de que alarmes são mensagens de aplicações usadas para notificar os operadores de condições excepcionais na planta e devem ser gerados sempre que condições pré-definidas existirem, ou seja, cada alarme tem características e propriedades diferentes em sua definição, mas pede solução para um problema.

O mais comum é o alarme estar ligado a uma única variável, de forma que variáveis de controle com valores abaixo de seu limite inferior ou acima de seu limite superior seriam eventos típicos para gerar alarme. Mas também geram alarme defeitos intrínsecos do equipamento, sejam eles mecânicos ou elétricos, e um conjunto de eventos que, ocorrendo juntos, determinam a geração de um outro único evento indicando situação de alarme.

Geralmente, um alarme digital se caracteriza por iniciar quando alguma variável atinge valor 0 ou 1, além de também poder ser definido em mudança de estado. Já os alarmes analógicos apresentam 4 faixas de valores: muito baixo, baixo, alto e muito alto. “Um bom alarme deve despertar o operador para o fato de aconteceu uma mudança, informar sua natureza e a ação que deve ser tomada”, lembra o engenheiro de aplicação da GE Fanuc, Christian Vieira.

A tecnologia possibilitou que cada vez mais se refinasse as definições para a emissão de um alarme e as plantas começaram a monitorar, gerenciar e alarmar com mais precisão. E também incontáveis vezes, transformando a geração de alarmes em um problema. Como frisa a engenheira Cláudia Jovita, da Chemtech, um sistema de alarmes que não tenha sido avaliado adequadamente pode conter muitos alarmes desnecessários, que não têm informações relevantes para o operador. Isso faz com que, muitas vezes, o operador não dê atenção para pontos importantes. “Para que os alarmes não se tornem um incômodo desnecessário, todo alarme deve ser útil e relevante para o trabalho do operador e deve requerer uma ação que possa ser tomada”. Além disso, o operador deve ter tempo suficiente para a execução da resposta sem que o alarme sono continue ativo.

Mas gerenciamento de alarmes é um conjunto de procedimentos e ferramentas. Não uma ação de curto prazo, mas uma prática contínua que visa obter melhor desempenho operacional da planta. Um programa de avaliação do sistema de alarmes envolve diversas áreas e, neste contexto, o software de gerenciamento de alarmes é uma ferramenta de análise e diagnóstico que serve como base para um programa amplo.
De um tempo para cá, foram criadas ferramentas, metodologias e procedimentos que permitem o levantamento de dados para identificar eventos existentes. Permitem a classificação e priorização destes eventos e sua associação a alarmes; o tratamento da geração on-line e histórico de alarmes; a criação de interfaces para apresentação; a produção de relatórios analíticos e sintéticos de eventos e alarmes; o suporte a uma base de dados de tempo real, on-line; a manutenção e suporte da base de dados ; a elaboração da análise de eventos e alarmes; a elaboração de diagnósticos em função dos eventos e alarmes ocorridos - em tempo real, on-line.

Como bem define Maurício Posser, da Trisolutions, “gerenciamento de alarmes é toda uma sistemática aplicada de forma a manter o sistema de alarme operando de forma segura, garantindo confiabilidade e efetividade operacional”. Para isso, é necessário o monitoramento contínuo do sistema de alarme e também ferramentas que possibilitem sua manutenção, afirma Maurício, encarregado do gerenciamento de alarmes da Braskem e da Regap.

Então, qualquer não-conformidade na planta que necessite de atenção por parte do operador, como por exemplo, variáveis fora da faixa normal ou alteração brusca no comportamento do processo, são eventos que devem receber atenção especial porque podem comprometer a segurança, o meio ambiente e especificação de produtos.

“Obedecendo-se a norma EEMUA-191 (www.eemua.co.uk/p_instrumentation.htm), um alarme obrigatoriamente deve possuir um procedimento de resposta, mesmo que esse seja mental, e esta resposta deve ser útil e  relevante para o trabalho do operador, deve ser apresentada em tempo suficiente para a adoção do procedimento de resposta considerando-se as limitações humanas e alertar, informar e conduzir o operador sobre o problema apresentado” esclarece o Professor Roberto Limão, do Núcleo de Energia, Sistemas e Comunicações da UFPA.

A priorização ajuda o operador a decidir uma ordem para as ações que devem ser efetuadas, principalmente quando vários eventos ocorrem simultaneamente. Os critérios de atuação dos alarmes devem ser estabelecidos a partir da análise dos riscos operacionais e é necessário que as pessoas envolvidas tenham experiência nos processos avaliados. O resultado da análise de risco ajuda na definição de como tratar alarmes de diferentes prioridades, levando em consideração parâmetros como comprometimento da segurança, meio-ambiente e especificação de produtos. Estes fatores dependem do estado de operação da planta e, portanto, a prioridade deve reconhecer esses estados.

Da esquerda para a direita: Professor Jorge Dantas de Melo, Professor Luiz Affonso Guedes de Oliveira, Doutorando Anderson Cleber Pifer, Professor Adrião Duarte Doria Neto – equipe do professor Limão na UFRN. Na UFRJ, o professor trabalha com o engº Kaku, do Cenpes
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